sexta-feira, 2 de abril de 2010

02/04/2010


Meu sangue desce em sua garganta como vinho tinto; sorvendo para si minha vida que já é tão sua. E meu coração se dissolve feito pão molhado. Estou a mercê dos seus caprichos, aguardando a eterna punição de não ser digna de estar ao seu lado (...). Estilhaços no peito, feito medalhas que angariei pra mim mesma; vão silenciosamente cortando minha carne e expondo a tristeza correndo em minhas veias. Te trago no escuro. Sigo as pegadas ocas perdidas nessa falta de luz infinita, que nunca acaba... E não te encontro, não tenho as chaves da sua segurança. Te espero ao relento. Te vejo na rua, mas tenho a lua pra me acalmar; durmo no art deco quadrado, encaixado, lógico. Mas nessa história, não há lógica... apenas falência da fé, e no sentimento que originou essa caminhada.

Apenas falência de fé.

Apenas isso.

Tudo o mais segue vivo; irrestrito aos sonhos, borbulhando com as gotículas de nuvens que pairam sobre nós. Ali, nada é errado. Ninguém é errante, somos amantes da vida que escolhemos. Vou lambendo minhas próprias chagas, tentando curar as próprias feridas, cicatrizes profundas de toda uma vida. Chorando pétalas de rosas, já desfolhadas, murchas e imperdoadas num mal-me-quer-bem-me-quer-mal-me-quer agonizante. Sua ausência é tão cortante, que se torna minha melhor companheira... meus espaços lúgubres são como a garoa fina da madrugada e assim vamos seguindo, paralelamente os mesmos caminhos em direção ao vácuo antes do pôr-do-sol. Seu amor é rarefeito, feito as nuvens convergentes, tipo stratus ou nimbostratus, que servem de sombra temporária para a mangueira que não dará mais frutos. E agora essas lágrimas são duas gotas de cristal que você eternizou num presente, a cada lado da face, e que vai perdurar com sua lembrança para sempre, como o pior dos dias... E o medo que tens de outro ser pensante, tão insignificante, o direciona ao abismo da infelicidade. Seus dogmas não contribuem para o caminho que deverias seguir... afinal, o fato de um cogumelo ter a cabeça grande, não faz dele um ser pensante. Peço que o dia de amanhã não seja apenas mais um dia. Que para você, cada dia seja diferente, portanto, aproveite ainda o dia enquanto há sol e prepare-se para um novo sol a brilhar, ainda que o dia acorde chuva. E faça de sua vida uma existência proveitosa. Faça de sua escolha um motivo para se orgulhar a cada vez que se olhar no espelho. Deleite-se em cada simples momento, como caminhar no seu bairro de mãos dadas, ir à praia à pé ou comprar uma tábua de passar na lojinha da esquina... Volte com o sorriso largo, que rezarei para que tenhas no retorno um sorriso de praia azul com areia branca, ainda que não tenha ou não seja eu o seu farol.

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