terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um dia, um encontro.



Minhas pernas estão cansadas, e meus joelhos não dobram mais perante a saudade que toma conta do meu corpo... Se me ajoelho, não poderei mais levantar... e se não levanto, perco em mim a capacidade de lhe encontrar. Me arrasto como posso, em meios sentidos... rastejando e dando passos ocos em direção à escuridão que tu te encontras. Sem saber o que encontrar, vou caminhando... tateando seus passos com as pontas dos meus dedos, sentindo neles, o peso que tu deixastes com teu fardo. Tenho sede, tenho sono... mas parar significa afastar-me um minuto mais. Por um instante, me encolho na chuva, abraço-me em meus braços e bebo a água que cai do céu, lavando minha alma. Um dia eu te encontro, um dia eu te encontro...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Prisioneiro da Alma


Eis que tu, covarde e insano ser... deliberas tua felicidade a uma vala profunda e cheia de dor. Renega a alegria de despertar com quem amas, em nome do fracasso que carregas há anos... Quantos anos mais, vais rechaçar a liberdade de escolher a canção que engasgas em tua garganta, que roçando em teu peito, te mantém prisioneiro de tua própria alma? Não vês que seus olhos enxergam apenas o que outros querem que tu vejas? Liberta-te do teu cativeiro... Amanhã ainda há de brilhar seu sol enegrecido... Enquanto respiras, ainda há vida dentro de ti. Corra de encontro ao teu céu... e encontre-se com tua lua. O amargo do vinho será o teu remédio e a inexatidão da vida, o teu futuro... Mas na sua língua, sentirás o gosto da tua independência... seu jugo está dentro de você... conquiste sua própria consciência, livre-se do fardo, enfrente seus medos... caminhe.

domingo, 28 de novembro de 2010

Condensados


Um dia eles se conheceram, a paixão atingiu ambos... a vontade de consumir-se era tão grande, que pouco falaram... a linguagem do amor era suficiente. Abeberavam-se de si mesmos, o suor dos corpos os mantinham vivos, o amor era suficiente para dar-lhes o ar necessário a subsistência daqueles corpos ardentes, viciados em beijos com gosto de pele. A paixão era tamanha, que os dois consumiram-se em juras de amor... eternas e infinitas juras de amor. Seus corpos se condensaram e eles se misturaram ao ar. Hoje, se prestar bem atenção, é possível sentir o cheiro daquele amor em uma esquina... aos mais sensitivos, é possível ver a leve bruma do contorno de seus corpos entrelaçados... Eles acabaram, acabaram-se no auge do amor.

A guerra no Rio

Victor chegou da missão. E eu agradeço a Deus por tê-lo protegido nessas horas de tensão. Apesar do medo, preciso confessar o orgulho que eu tenho do meu caçula. Meu irmãozinho querido... rezei o tempo todo por você. Meu herói!


Foram mais de 24 horas vigilantes, pondo em prática tudo que a Brigada Paraquedista ensinou nesses 7 anos de trabalho no GAC. Amanhã ele volta ao quartel. Que Deus proteja todos esses homens que trabalham à serviço da comunidade, da sociedade, da nação... trazendo a todos, o estado democrático de direito.

Victor, meu irmão, muito cuidado nas incursões, olhos de águia... Que Maria, Mãe de Jesus, lhe proteja, hoje e sempre.

Te amo.

Sua irmã,

Andréia

sábado, 27 de novembro de 2010

Oração do Paraquedista


Dai-me Senhor meu Deus, o que vos resta ;

Aquilo que ninguem vos pede

Não vos peço o repouso nem a tranquilidade,

Nem da alma nem do corpo.

Não vos peço a riqueza nem o êxito nem a saúde;

Tanto vos pede isso, meu Deus,

que já não vos deve sobrar para dar .

Dai-me Senhor o que vos resta

Dai-me aquilo que todos recusam.

Quero a insegurança e a inquietação

Quero a luta e a tormenta

Dai-me isso, meu Deus , definitivamente

Dai-me a certeza que essa será a minha parte para sempre

Porque nem sempre terei a coragem de vo-la pedir

Dai-me, Senhor, o que vos resta,

Dai-me aquilo que os outros não querem,

Mas dai-me, também , a coragem, a força e a fé.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Missão Paraquedista no Rio de Janeiro


- Moço, meu marido é PQD, ainda não chegou em casa... estou preocupada, minha tia viu a televisão e me ligou... tem um paraquedista baleado...

- Não podemos dar maiores informações, mas todo o efetivo foi para a missão... qual é o nome do seu marido...?
Então minha cunhada me ligou pra dizer que Graças a Deus, meu irmão caçula não é o PQD ferido. Minha tontura acabou na hora, a dor de cabeça, foi para o espaço. Meu irmão caçula, ainda está na missão, mas o PQD ferido não é o Victor. Eu me levanto e me ponho a rezar e pedir que Deus proteja meu menino; e que ele volte o mais rápido possível para a sua família. Embora eu saiba que meu irmão tem cursos de guerrilha, de sobrevivência, curso de tudo que possa lhe proteger e proteger os cidadãos de bem, tem a parte emocional da coisa. Eu apóio a entrada das forças armadas nas favelas, eu acredito que os militares e a população em geral está de acordo com todo o esquema, mas meu coração fica assim, Ó, pequenininho. Chega uma hora, que temos que encarar a realidade... isso tudo é a consequência de anos e anos de descaso na super população das favelas, desordem social, falta de políticas públicas e blá, blá blá... Só que agora, não dá mais. Não podemos fechar os olhos para a realidade que nos assombra... Eu quero que meu irmão me encha de orgulho, que faça o melhor que sabe fazer. Eu sei o tipo de instrução que a Brigada Paraquedista passa aos seus efetivos. Eu sei, eu sei... eu tenho certeza que agora temos uma boa chance de acabar com a bandidagem no Rio. Assim como o Victor, o Walter também esteve nas ruas, na época da ECO 92... Lembram? a cidade ficou um sossego! Deus, proteja o trabalho do Victor e dos seus companheiros. PQD's e Fuzileiros, boas energias! Bom trabalho! Amém.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Anomia e Caos no Rio de Janeiro

Vergonha!
Esse é o sentimento da semana. Vergonha e medo! A cidade está um caos. Anomia total, desordem, mortes de inocentes, crianças, policiais em serviço... Ao meio de um dos cartões postais mais belos do mundo: Cidade Maravilhosa... cheia de encantos mil... cidade, maravilhosa, coração do meu Brasil! Ora, ora! Eu tenho vergonha da projeção internacional, diante da prerrogativa de saber que seremos o país sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Chegamos num ponto que não dá mais pra fazer vista grossa... Todo esse espetáculo criminal está repercutindo no planeta Terra. Brasil, país da mulata gostosa, do calçadão da princesinha do mar... país dos melhores jogadores de futebol, reino do melhor e mais badalado carnaval do mundo... e berço de milhares de organizações não governamentais de direitos humanos. Sim, um país com tanta bandidagem, precisa ter órgãos que protejam os bandidos, é claro! Direitos humanos, deveriam ser para humanos, cidadãos trabalhadores, que mantém com seus empregos e com pagamentos de taxas e impostos, o dinheiro circulante no país. Nunca vi nenhuma ong dando apoio as famílias (que eu conheço) vítimas da violência no Rio. Eu nunca vi! Mas matem a escória, pra vocês verem o que vai acontecer. Parece que o certo vira errado. Eu sinto vergonha!

O homem é o Lobo do Homem


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Jura Secreta - Zélia Duncan


Só uma coisa me entristece, o beijo de amor que não roubei, a jura secreta que não fiz... a briga de amor, que não causei. Nada do que posso, me alucina; tanto quanto, que não fiz... Nada do que quero me suprime, de que por não saber, ainda não quis... Só uma palavra me devora... aquela que meu coração não diz. Só o que me cega, o que me faz infeliz, é o brilho do olhar que não sofri!
Compositores: Sueli Costa e Abel Silva

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ninguém faz melhor...


Definitivamente...

Ninguém faz uma ambrosia melhor que a mãe da Fabiana!

Obrigada, Noemia... hummm!!!
A receita, só perguntando o segredinho pra ela... o leite, eu sei de onde vem: Trajano de Moraes, interior do Rio de Janeiro, uns 250km. Bom demais!!!!!!!!!

domingo, 21 de novembro de 2010

Som e dor


Sempre que ele liga o som... som bem alto, ele chora. Cada vez que as músicas invadem minha casa e incomoda meus ouvidos, eu sei que ele está sofrendo. Sofra, meu amigo! Sofra, mas ponha pra fora a saudade que aperta em seu coração. Eu sei que a música alta, para ti, não é felicidade. Eu sei que no meio dos acordes, você grita e seu peito chora de dor... Eu sei e não me importo de dividir a angústia contigo. Quando o som aumenta, eu também lembro do que você lembra e eu sei o que estás sentindo... Mas também saiba, que tudo não acaba por aqui. E que você o encontra em sonhos, enquanto seu corpo cansado se prepara para mais um dia de porquês. Coloque a música, meu amigo, coloque a música que você quiser, que eu respeito sua dor. Eu também tenho as minhas lembranças, eu sei o que significa. Estou aqui, pode entrar se quiser conversar. Mas nunca se esqueça que Deus sabe o que faz.

sábado, 20 de novembro de 2010

Escorre em mim


Escorre em mim, seu desejo... e mesmo com a boca seca e trêmula, não te deixo pronunciar meu nome. Não fale, não fale meu nome, senão você vai acordar... Te beijo dentro de sua boca, invado suas paredes, me envolvo nesse sonho, que logo vai acabar. Passo a mão em seus cabelos e me perco em pelos suados do amor que te dei. Me olho nos seus olhos e te sinto dentro de mim. Suavemente respiro o pouco do ar que ainda me sobra... vou ter que ir embora, a lua quer se deitar.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Corsa Classic Spirit


A partir de hoje tem outra loura no comando do Black Bird... Apesar de sofrer com a falta do "Blackão", é por uma boa causa... uma ótima e bem pensada causa. Então, se você ver por aí, meu ex carrinho passeando com outro alguém no volante... não sou eu. Mas ok, a nova dona é minha colega de trabalho, fica ali do ladinho... e o carrinho vai continuar no mesmo estacionamento para eu dar um "oizinho" pra ele todos os dias. Obrigada, Black Bird! Obrigada pelo tempo que você passou comigo. Obrigada pelo dia a dia... as idas e voltas do trabalho, por me levar e trazer da pós... Obrigada pelas aventuras, pelas chuvas no RJ, pelas viagens, pelas idas ao mercado... Obrigada por ter sido meu refúgio, meu lugar santo onde eu rezei, chorei, pensei... escrevi... Todos os carros que passaram em minha vida, tiveram nome, história e personalidade. Tirando apenas 1, (KA trina) foram todos automóveis maravilhosos, companheiros que me protegeram, que me levaram onde meu coração me pedia pra ir. Sempre tive sorte com meus carrinhos e levo comigo todas as lembranças. Black Bird, meu feinho, mas tão bonzinho carro. Ainda lembro os riscos horríveis que machucaram sua lateral por eu te deixar sozinho, dormindo na rua... Mas na semana seguinte, eu te pintei, lembra? Te agradeço por nunca ter furado o pneu, por sempre ter sido tão econômico e por ter sido àgil nos momentos que eu precisei de torque. Eu te agradeço, e te desejo uma nova boa dona! Continue bonzinho e abençoado pelas àguas bentas do padre Raul... Bons caminhos pra você, Black Bird!!! Vou te fazer um carinho no estacionamento, ok? Vou te namorar com os olhos!!! Boas quilometragens pra você! Mais uma vez, obrigada!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

É preciso!


Tem uma hora na vida, que a gente tem que soltar a mão e deixar rolar... deixar solto tudo que a gente de certa forma prendia com as mãos. É preciso abrir os dedos, deixar fluir... deixar que a energia se renove, que a vida haja em nossa vida. É preciso acreditar em nosso destino, aceitar que na vida, só acontece o que tem de acontecer. Precisamos de movimento. Movimento é energia circulando e não há coisa pior na vida que energia estagnada, acumulada... inércia, pasmaceira, ócio. Por mais que eu não queira, por mais que doa, é preciso vivenciar o desapego... Às vezes, precisamos dar uns passos pra trás, pra depois poder seguir em frente. Outras vezes, perder é ganhar, outras vezes, precisamos sair de fininho, abandonar o show, dar uma de boba e fazer cara de paisagem pra tudo aquilo que tanto sonhamos, mas que sabemos que devemos abrir mão... e ver tudo se esvaindo, escorrendo, indo embora. Eu não sei pra que tudo isso acontece, não sei qual motivo... mas lá no fundinho do peito, a gente encontra uma calma, um atenuante para a angústia que assola nossos sentimentos. Tem coisas que não entendo, apenas vou racionalizando, procurando entender... e aí, entendo. O que não podemos ter, é medo. Medo de perder, medo de ganhar, medo de tentar, medo do medo. Se eu ganho ou perco, não interessa. O importante é como me comportei diante do novo, do inesperado, do desconhecido... Durante todo o tempo de prova, minhas atitudes contam pontos, negativos ou positivos... de acordo com minha capacidade de enxergar o problema. Tudo bem, eu choro, esperneio, me desestabilizo, sou normal, ué... mas logo depois eu raciono meus pensamentos: penso, penso, penso. Me coração pára de compuslar meus medos, meus anseios e estabiliza... meu oceano se acalma. Fico bem. Aí então encontro meu eixo, as idéias se conectam, e a paz se instala.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sonho de doido


Ela vê um bichinho no chão.... procura o nome, não sabe... vem a outra e diz: é um cachorro ou é um gato? E a outra responde: nem um cachorro, nem um gato. Não vês que é um macaco? Que macaco o quê???? É uma Minnie!!!! É uma Minnie... Ora bolas, não entende que a Minnie é um rato? Eu disse, é um macaco!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Mais uma sobre o amor


O amor que eu trago dentro de mim, é inabalável, inacabável, inevitável... E ainda que o amor, já tenha existido em outro tempo; e nesse tempo atual, não encontre meios para acontecer; ele existe.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ele


Ele me acorda toda manhã e me diz que há muito, vela meu sono. Ele é o Senhor das Horas, Mentor do Tempo... Ele me ensina os caminhos que devo tomar pra chegar em casa; é meu guia, um GPS pessoal que me conduz nas periferias da vida. Ele é meu respirar, meu sol e minha lua nas noites que preciso pensar. Está perto, sempre muito perto, está sempre a me escutar. Ele é a minha razão de ser... meu parceiro, meu amor, meu verdadeiro amigo. Ele conhece todas as faces do meu rosto e num olhar scannea minha alma. Me abraça com seu manto e com ele transforma minhas lágrimas em alegria. E a Ele estou entregue, me jogo em seus braços em dias de desespero... e seu abraço, me faz calmaria. Ele está em mim, porque eu vim Dele; sem a sua vontade, eu não existiria. A cada dia que passa, me torno mais íntima, dia e noite, noite e dia. Minha vida se transforma, como um milagre, um enigma... E eu continuo a agradecer, por Tê-lo em minha vida.

domingo, 14 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

Caminhada


Eu não sei o caminho que devo tomar, sussurrou a moça baixinho, suplicando a Deus que lhe tomasse em seus braços e que a ajudasse com o peso que trazia em suas costas. Eu não sei, eu não consigo e subitamente caiu no chão, sem forças para se levantar. Ficou horas ali deitada, na mesma posição, até que uma mão tocou-lhe os cabelos... Levante-se, minha menina... levanta que já passou da hora de se levantar. E a mão sustentou-lhe o peso, até que a moça pôs-se de pé. A mão pegou as sacolas pesadas da moça e falou: tome aqui seu destino... por mais pesado que seja, pertence à você e cabe a ti mesma, cumprir a jornada até o ponto final. Mas onde? Onde fica o ponto final? Não pode ao menos me dizer pra que lado devo seguir? Não, minha menina... porque todos os lados podem te levar ao ponto final. O importante não é a direção que deves seguir, mas sim o rumo que deves tomar diante de cada bifurcação. Desistir, não é uma opção... Mas estou tão cansada, disse a moça, não consigo me imaginar dando voltas sem saber se estou no caminho certo. Então a mão disse: siga a direção do vento, então... ou então o nascer do sol, ou o lindo poente que se cala no final de cada dia... ou ainda, siga ao encontro daquele arco-íris... ou se você admira os raios que cortam os céus, siga-os... encontre você mesma o seu caminho. Ache um passeio que lhe faça bem. Busque nessa árdua caminhada, pelo menos uma paisagem que agrade sua alma. Faça isso por você. Esqueça um pouco a direção, os porquês, os sinais... Aproveite o belo que você pode disfrutar no meio dessa estrada. Eu te asseguro que num final de dia, você vai dar de cara com o ponto final... sem mais nem menos, você vai chegar no ponto certo... Assim, com o peso de volta nas costas, a moça pôs-se a caminhar... passo, após passo, lentamente, foi se afastando daquela mão que serviu-lhe de afago, serviu-lhe de carinho, de alimento para sua alma tão carente de certezas... A moça voltou a caminhar...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ela

Ela brinca com suas palavras, silenciosamente capciosas e escancaradamente sutis ao ver que pode ser revelada... esconde-se atrás de suas verdades... loucas e deliciosas verdades com gosto de suspiro... Joga seus cabelos ao vento e deixa o pensamento fluir junto... voando nas mais incógnitas paisagens. Indefinível, ambígua... tem os pés fincados no chão, e a mente morando nas nuvens... é como um passarinho que voa, voa, voa... mas quando sente vontade, volta pra sua gaiola. Sua dourada e amada gaiola... onde encontra seu pão, sua vida e porque não dizer, também seus sonhos...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Voando nos céus!

Visão de Deus
Rampa de salto
Babando um sonho realizado
Pulando e gritando de pura emoção... corri a praia toda, pulei igual a pipoca em panela quente... Não parei em nenhum momento... fiquei umas 24 horas em êxtase! Eu queria tanto sentir essa emoção! O melhor de tudo, foi ver minha prima Marise feliz com o sonho dela, também realizado, aos 55 anos. Foi uma sensação indescritível... Quero mais... depois que a gente prova uma felicidade dessas, é impossível se contentar com o pouco que tivemos até então. Sabe o melhor de tudo? Não foi premeditado... foi em cima da hora, simplesmente aconteceu e isso foi melhor ainda, deu um sabor mais especial! Agora, eu conheço o céu, atravessei as nuvens, vi a linha do horizonte, sentindo o vento no rosto. Isso é viver! Agora, em dezembro, quero saltar de parapente... e logo, logo, vou fazer o curso da AVBIP e saltar de paraquedas, de verdade e sem instrutor! Estou ansiosa por tudo isso! E vou continuar sonhando meus sonhos, e realizando-os a medida do possível. Se Deus quiser!

Eu voei







Eu voei como um pássaro,
mas não deixei de ser seu passarinho!

Nas nuvens...

Vivendo...
Aproveitando
Gargalhando
Feliz, feliz...

Apesar de todos os problemas!



Voando sobre as nuvens...

Aqui eu estava literalmente no meio da nuvem... sentindo o cheiro até então desconhecido, mas muito sonhado...


Andréia Dittmann Sieczko Sentindo Cheiro de Nuvem

No momento, as palavras não são necessárias...

Depois eu escreverei as sensações...

MA-RA-VI-LHO-SO

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Família Dittmann Sieczko






Nossa prima Marise levou do Rio de Janeiro,
pedras e sonhos...
E nos deixou raízes e saudades.
Te espero novamente aqui!
Volte logo!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Marise Dittmann


Minha família Dittmann ficou no Paraná quando o restante dos Sieczko vieram para o Rio. E por aqui, os laços foram se esmiuçando, até o contato entre as duas partes dessa mesma família perder no dia-a-dia a chance da convivência. Meu avô Wlozmiers Sieczko e seu irmão Alexandre Sacha Sieczko, dois irmãos poloneses, fugindo a guerra na Russia... e no Brasil, 2 irmãs, filhas de imigrantes alemãs, Maria Dittmann, minha avó e sua irmã mais nova, Nastascia Dittmann casaram-se com esses dois irmãos... A história da minha família materna, começa aí... Então, eu encontrei a prima de minha mãe no orkut... aliás, ela me encontrou... eu havia encontrado outra sobrinha dela, também prima... Aí começou um reencontro, uma amizade e um amor com laços consanguíneos... Vez ou outra a gente se falava no orkut ou telefone, até que a prima Marise marcou de passar uns dias aqui no Rio de Janeiro, cidade que ela não via há 45 anos, quando sua mãe tentou se fixar aqui, mas acabou voltando para Curitiba. Minha prima chegou ao Rio dia 04/11 e foi embora hoje, dia 08/11/2010, deixando muita saudade. Foram 5 dias maravilhosos, tivemos a chance de nos conhecermos, ela rever minha mãe e meus tios, eu saber mais da vida dela e das histórias de vida da minha avó Maria, que eu não conheci, pois foi chamada aos céus precocemente, quando minha mãe contava 12 anos. Eu adorei conhecer minha prima Marise, uma mulher guerreira, como todas de nossa família. Uma pessoa alegre, a frente de seu tempo, que nos ensinou muita coisa... inclusive, a saltar de asa delta!

domingo, 7 de novembro de 2010

Você me fez envelhecer... um pouco a cada dia

Zero/Finis Africae - Armadilha

Porque andando entre cacos, me sinto em pedaços... e até hoje não sei dizer, se está tudo acabado. Mas não troquei minha boca fechada, pelas suas palavras vazias... Você me fez, envelhecer, um pouco a cada dia.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Entrega ao vazio


Naquele espelho quebrado ela pôde ver o que sobrara de seu rosto... sua avó sempre lhe dizia que o rosto era a porta de entrada para a alma. Por isso, ao se olhar, ela sabia que sua alma estava tão alquebrantada como o espelho a sua frente, que refletia o mínimo para mostrar as pessoas que ainda era um ser vivo. Ela estava infeliz... profunda e terrivelmente infeliz com seu próprio sentimento. Ela não tinha mais um amor para amar... Simplesmente exauriu-se da fonte da vida, despejou seus motivos de alegria, riscou de sua existência, o amor. Ficou tão seca, que não se aguentava em pé. Viver para ela era apenas o pulsar de um coração batendo a árduas marretadas... Respirar, doía-lhe na carne... Toda a dor, era resultado de um amor imperfeito, ou melhor dizendo, mais que imperfeito; era a conclusão de um estado onde o vácuo e o silêncio ocupavam o espaço que antes era fecundo de prazer e emoção. Era a impossibilidade de ser vivido. Ela entregou-se ao vazio... vazio da alma. Se não podia amar a quem escolhera, não queria amar a mais ninguém. Nada lhe satisfazia e aos poucos seu corpo encurvava encarquilhado, num imenso desejo de entrar pra dentro de si mesmo... a cabeça baixa, olhando sempre em direção ao seu umbigo. Cada dia que passava, diminuía a possibilidade de posicionar-se ereta em direção do horizonte. No fim dos seus dias, ela nada mais era, que uma pequena semente ambulante, perambulando nas esquinas da vida.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ele a deixou partir...


Quando ele a deixou naquela estação de trem, seu peito sofria, apertava, doía... não, ele não tinha certeza se queria deixar que ela partisse. Ele sabia que uma vez que ela fosse embora, ela não iria voltar... novos caminhos se abririam para aquela moça com sorriso de menina, jeito de moleque, mas com coragem suficiente de encarar o desconhecido. Ela queria ficar, ai Deus... como ela queria ficar e pediu pra ficar, mas ele achou melhor que ela partisse. A vida já estava confusa demais para ele e talvez fosse melhor retroceder, voltar a trás, deixar que a monotonia cuidasse novamente de seus dias. Ela inventou um paraíso, ofereceu-lhe sua vida, seu amor, seus sonhos... Por ela, ela ficaria com ele até que seus olhos não mais se abrissem para ver uma nova manhã surgindo. Ela prometeu cuidar das rosas de seu jardim, ela velou, ajoelhou-se e rezou noites inteiras sem dormir, passando a mão nos cabelos dele, pelas costas, enquanto ele dormia um sono cortado pelas dúvidas e incertezas que brotavam de si mesmo. O quarto cheirava a óleo de jasmim... vez ou outra aromas de lavanda bailavam nas paredes silenciosas, que ansiavam para escutá-los cantar... Aquela vida era um sonho. E por mais que ela pensasse, não entendia porque a alma dele era tão nostálgica e simplesmente foi deixando de cantar... cada dia menos, cada noite um pouco menos... ele era bombardeado por um cansaço sem tamanho, não havia mais prosa, mais poesia, mais música em suas vidas... ela procurava entender, ajudar, se doar o máximo que fosse e se preciso fosse, ela doaria sua alma, ela entregaria seu amor, para não vê-lo definhar... eles não falavam o mesmo idioma e nem com os olhos podiam mais se encontrar. E nesse dia, ele a deixou na estação... e enquanto o trem não vinha, ela aflita pedia, para ele não a deixar. Mas os ponteiros do relógio, em pleno meio-dia lhe tirou seu lar. A menina seguiu, em seus olhos as lágrimas da beleza, caíam no chão com frieza, e os cabelos soltos no ar. Titubeante, ele seguiu o trem, queria que ela voltasse, mas o trem partiu. Ele voltou ao seu castelo, tão escuro quanto a noite sem luar, trancou-se em seu recanto e pôs-se a chorar...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ensaio sobre a morte - 02/11/10

Hoje faz 1 mês que ele se foi... Ainda, com o corpo quente e inerte sobre a alcova, sua cena final, sua verdadeira e veredita alcova dos leões, senti que iria necessitar descrever aqueles momentos. O que será descrito aqui, não será uma história de amor, não terá um final feliz, portanto, se a morte lhe chocar, opino que mude de post, porque vou precisar expurgar pensamentos, fatos, sentimentos e ressentimentos... de maneira nua e crua, da mesma forma que encaro minha vida, mas vou precisar escrever. Eu, aos 38 anos, ainda não havia perdido ninguém da família... e por mais que eu soubesse que momentos assim chegariam (e ainda chegarão), ainda que eu soubesse exatamente todos os passos administrativos que deveria seguir, ainda sabendo todos os detalhes do corpo, jazendo sem vida, o tanto que estudei sobre a cronotanatognose forense à època da minha faculdade... ainda que estudiosa da continuação da vida após a morte... ciente e crente que a mesma não acaba neste plano, mesmo sabendo que o espírito é imortal... eu me deparei com ele sem vida: o forte, o inatingível, o grande, o audaz, o esperto, o malandro... morto. Dia 03/10, logo após setembro acabar... a vida já estava tão difícil... era dia de eleição, tinha combinado de levar meu tio querido para votar... acabara de ter um AVC e eu ainda temerosa de perder meu porto seguro, havia marcado de levar meus tios ao Centro da cidade, e depois, quem sabe dar um pequeno passeio, visitar parentes... ia ficar o dia com eles. A chuva fina denunciava que o dia inevitávelmente não teria sol e as ruas já borbulhavam com bocas de urna a cada esquina. Eu estava me arrumando, sozinha em casa e o telefone tocou... De um número desconhecido, uma voz me deu a notícia: ...seu pai está morto, morreu dormindo... vou pra aí... desliguei o telefone; minha visão escureceu-se por segundos intermináveis... calma, tenha calma, disse para mim mesma mentalmente... meu corpo tremeu, onde está minha camisa? O que eu havia separado minutos antes para vestir? Calma, calma, não é hora de desespero, não posso... Acabei vestindo a calça jeans e a blusa que havia usado no dia anterior, mas tive o insight de calçar algo bem confortável... o dia vai ser duro, pensei... parecia que mais alguém (dentro de mim) me ajudava naquele momento... tantas coisas passando pela cabeça... será que ele está morto mesmo? Será que não está vivo ainda? Perdi dentro de casa o celular que havia acabado de tocar, fiquei dando voltas em torno de meu próprio eixo, aérea, mas sem chorar... onde estão as chaves? Minha bolsa? Casaco? E saí de casa, ainda sem ligar pra ninguém, o dia frio, uma onda branca e colorida no verso, de papéis quadradinhos ao chão, as colas eleitorais, centenas de pessoas a minha frente, e eu não enxergava ninguém... abri o carro, mãos frias e o coração a mil por hora... calma, não atropele ninguém, tenha calma, não adianta correr, a voz falava comigo em pensamento... o trânsito, um caos! Ainda aqueles motoristas de domingo... pra piorar, perdidos como peru de véspera, sem saber de que lado da rua ficar. Pra quem vou ligar? Para meus tios, preciso desmarcar o encontro. Falei com minha tia, ex cunhada de meu pai, que de tão sensibilizada pelo AVC do marido, chorou instantâneamente ao ouvir o que eu tinha a dizer... Tia, não fale com ninguém ainda, deixe que eu ligo para minha mãe e irmãos... A tia, só chorava... chorava também porque já estava há dias guardando seu choro... eu também estava por causa de meu tio, mas aquele ainda não era o momento. Liguei para Recife... ninguém atendia, celular desligado... liguei para o celular do meu pequeno sobrinho e o telefone mais inusitado foi atendido... reclamei, pôxa, estou tentando ligar... e a voz do meu irmão me fez lembrar a de meu pai. Waltinho, seu pai morreu. A gente já esperava, a gente sempre acha que espera... mas a realidade quando bate à nossa porta é outra. Meu pai havia passado 1 mês em Recife com ele, acho que pra dizer adeus... Andréia, estou indo para o Rio, vou comprar a passagem, está indo pra onde? Eu indo pra lá, não consigo acreditar até que eu o veja... a chuva engrossou e fazia barulho no teto do carro. Liguei para minha tia Renata, irmã de meu pai, ela estava com minha avó. Preciso abastecer, estou sem gasolina... moço, enche o tanque, por favor. Até então, havia se passado 10 minutos... Ali eu parei, ali eu pensei, ali eu lembrei a tão pouca importância que tive na vida de meu pai. Fiquei furtivamente absorta em pensamentos, olhando na rua os carros passarem, carreatas, gente passando... o frentista abaixou a cabeça na porta do carro. Era um senhor moreno, calvo, parecia meu pai. Estendeu a mão para entregar a chave e num impulso eu agarrei sua mão, olhei para o crachá pendurado no uniforme e com os olhos marejados disse: meu pai morreu... olhei novamente o crachá e disse seu nome, José Rosa, meu nome é Andreia... meu pai morreu e ele não foi um bom pai. Mas eu estou indo lá, eu preciso ir lá, cuidar de tudo... e lá, eu não vou poder chorar, preciso cuidar dos meus irmãos, preciso tomar a conta da situação... estou dividindo com você esse momento. Me desculpa por pegar em sua mão. Mas eu precisava falar. Eu temo, pois meu pai não foi um bom pai e estou temerosa por ele, pelo filme que deve estar passando frente aos seus olhos espirituais neste momento... mas me sinto no dever de estar com ele agora. O senhor perguntou se eu estava bem, acho que ficou preocupado, queria que eu descesse do carro, mas eu estava bem. Só precisava daquele momento ali, sequei meus olhos e fui... chorei duas lágrimas com um desconhecido que me estendeu a mão. No caminho, consegui falar com minha mãe, afinal eles foram casados. Poderiam ter feito 40 anos de casados em julho último, mas minha mãe só aguentou 11 anos... O que você vai fazer lá? É a última chance de você dar as costas à ele, já que ele nunca fez nada por vocês... Mãe, você tem toda a razão, mas eu preciso ir. É algo mais forte que eu. Eu preciso ir... Notei que minha mãe ficou decepcionada... mas eu precisava ir, eu tinha de estar lá. O trânsito estava um horror, mas eu estava amortecida... estacionei o carro na calçada e perguntei ao porteiro qual era o bloco, por onde eu entrava; não tinha o costume de ir à casa dele. Subi 4 andares de escada, passei pelo pessoal do corpo de bombeiros e SAMU; a porta estava aberta e passei direto pela sala, em direção ao quarto. Ali, eu senti meus ouvidos surdos, senti um silêncio devastador, não sabia se aquela visão era real ou não. Ele jazia sobre a cama, coberto com um lençol fino. Não havia mais ninguém no quarto, somente eu e o corpo de meu pai. Então ali eu pensei: morreu-me o pai! Morreu-me o pai. Eu não tinha a menor idéia do que era ver um pai morto. Nunca tinha visto o meu em tal situação... Será que vou chorar? O que será que vou fazer? Tudo e todas as perguntas rodeavam minha cabeça. Retirei o lençol por inteiro, da cabeça aos pés... olhei seu rosto, peguei em seu braço, em sua mão... estava quentinho! Chamei imediatamente por Deus, pedi que Deus enviasse seus anjos, nossos amigos espirituais. Rezei. Eram 10:22h. Sentei-me na cama e me pus a conversar com o Cancão... assim eu o chamava. Quase nunca o chamava de pai. Pai de quem? Pai pra quê? Pai, por quê? Meu irmão Walter pegaria o vôo das 12:00h, Victor Hugo, nosso irmão caçula, é irmão por parte de pai. Eu e Waltinho somos filhos do casamento dos então, tão jovens Nina e Valter. Casaram-se com 17 e 19 anos, respectivamente... Victor estava vindo do quartel, já estava a caminho e contei isso ao meu pai. Cancão, você fez a passagem... você não faz mais parte do "mundo dos vivos", mas você não morreu. Só está do outro lado da vida... Mas acima de tudo, você não está sozinho... eu estou aqui, Victor está chegando, e Waltinho está vindo de Recife. Eu estou aqui do seu lado, estou aqui com você. Não tenha medo, eu estou aqui. E aí desse lado, você tem amigos espirituais para lhe ajudar nesta nova etapa de vida... e chamei por meus bisavós, meu avô Milton e pela minha querida e amada Iracema. A vizinha que viu meu pai menino e que me viu nascer. O espírito mais evoluído que tenho ao meu lado, com certeza. A primeira vez que ouvi sobre reencarnação e sobre a lei da causa e efeito, foi pela pessoa dela, eu era criança e não entendia o que ela falava, mas hoje, consigo lembrar de cada palavra, e pela bondade da Cema, sei que ela nos orienta desde o mundo espiritual. Eram 12:00h e meu irmão Victor chegou... ficamos no quarto, os 3... calados. As pessoas ligavam eu ligava para os parentes e amigos de meu pai para avisar sobre a morte. Alguém da casa já havia acionado a PM para a perícia criminal, procedimento de praxe em caso de morte súbita... tudo o que eu tinha estudado em minha monografia sobre medicina legal... Claro que eu liguei para minha mestra e amiga Zuleika. Ela me deu apoio na morte de meu pai, no IML. O dia de eleição conturbou demais o processo de retirada do corpo do Cancão em casa, pois todo o efetivo policial estava de sobreaviso eleitoral. A PM não vinha, estava demorando muito e ao olhar o relógio às 12:30h, tinha já comigo a certeza que o enterro não seria no mesmo dia... Ok, eu pude pensar em várias coisas ao mesmo tempo e nesse pensar, cheguei à conclusão íntima, que seria melhor que meu pai ficasse deitado naquela cama, velado por nós, enquanto seu corpo não iniciasse os passos da putrefação. Os livores cadavéricos ainda não haviam se manifestado visualmente aos leigos, mas seu corpo começara a ficar frio... a rigidez era a próxima manifestação do corpo. Mas pensei no Waltinho... por pior que fosse ver o pai morto, era melhor vê-lo e despedir-se com ele ainda "fresco" e fora dum caixão... então, não fiz muito alarde. Eu conversei com meu pai todo o tempo, rezava e conversava com ele... eu sabia que ele poderia estar ali... e realmente creio que estava, pois do nada a campainha da casa tocou e a porta foi imediatamente aberta, mas não havia ninguém no corredor... e o meu irmão Victor, um católico firme, que estava com o corpo no quarto, depois me contou que o meu pai fez um ruído, como um leve suspiro. Pra mim, aquilo foi o Cancão tentando fazer um sinal... E eu brinquei: Cancão, já está querendo brincar de assustar a gente! Quem estava na casa se assustou, quem me via conversando com ele, achava que eu estava louca... mas eu estava bem. Eu conversava, rezava e sentia que não estava só. Eu sabia que algo mais estava acontecendo em outra dimensão... Minha cunhada vinha com um copo de água com açucar... mas eu não estou nervosa, cunhada! Eu estou bem... mas já estava cansada e depois de um tempo, eu me deitei na cama, ao lado do corpo do homem que nesta vida foi meu pai. Fiquei deitada de lado, com a cabeça apoiada em meu cotovelo e braço, conversando com ele, descansando minhas pernas; já era hora de ir buscar o Waltinho no aeroporto, então falei baixinho: Cancão, vou no aeroporto com o Vini, buscar o Waltinho, o Victor está aqui com você, já volto, não demoro, não saia daí e sorri pra ele. Acho que o pessoal pensou que a loucura estava a minha volta, mas o Cancão sempre foi fanfarrão e divertido e sempre disse que não queria choro no enterro dele. Aliás, ele sempre dizia que queria morrer num fim de semana de sol, pra estragar a praia de todo mundo, que queria ser enterrado no São João Batista pra ficar mais próximo à praia, de sunga, claro, e que não queria ser levado no carrinho... queria ficar lá no alto do cemitério e ficaria rindo da gente, levando o caixão na mão e derretendo com o calor, e dividindo o peso do corpo dele, que sempre foi fortinho! Ele queria em seu enterro, riso e piada! Ri de novo e saí. No aeroporto, abracei meu irmão que não via há tempos, mas que converso sempre ao telefone... E ao chegarmos à casa de meu pai, ficamos com ele, os 3 filhos, no quarto. Após meu irmão ver seu pai, voltei minha energia para a PM... era hora de dar seguimento aos trâmites... Um colega de trabalho, que é PM e trabalha na segurança dos diretores da empresa, ligou para o batalhão e solicitou em seu nome ajuda para mim, acelerando o processo de retirada do corpo, que já estava em rigidez cadavérica e assim, um pouco antes do rabecão chegar, já de noite, quase 21:00h, fechei a porta do quarto... meu pai morto e seus 3 filhos... as únicas 3 coisas certas que ele fez de bom e pras 3 pessoas que ele deveria ter sido, e nunca foi bom... aos pés da cama, em pé, Waltinho, Victor e Andréia, se abraçaram e rezaram em voz alta. Eu disse: Valter, aqui estão seus 3 filhos... estamos aqui nesse momento de passagem, com você; que Deus tenha misericórdia de sua alma, que a cada um seja dado, segundo as suas obras... Que você encontre paz, agora daqui, não podemor mais ir com você. E perante os pés do pai, os 3 filhos se abraçaram. Foram preciso 8 pessoas para levar o Cancão... 2 bombeiros, 2 vizinhos, Victor, Walter, Vini e eu. Ajudamos a ensacar o corpo pesado e rígido... eu já sabia que no dia seguinte não daria para fazer velório, eu sabia... mas o velório foi ali, com os 3 filhos dele. Em pleno século XXI, houve um velório em casa, no Rio de Janeiro. Descemos as escadas com o corpo e ainda hoje, um mês depois, ainda sinto 1/8 do peso do corpo dele em minhas costas... Foi árduo, foi chocante, mas foi necessário. Assim como é necessário pra mim escrever tudo isso aqui... talvez, agora eu esqueça os detalhes daquele dia. Ao depositar o corpo na gaveta do rabecão, eu ainda lhe disse em pensamento: a partir daqui, você vai sozinho, Cancão. Vá com Deus. Subimos, pegamos minha bolsa, casaco, capacete e viemos para minha casa... Passamos no Extra, compramos whisky pra bebermos o defunto, eu não bebo, mas meus irmãos precisavam... a noite ainda seria longa... Muita conversa, muito abraço, algumas risadas e histórias contadas, divididas entre irmãos... cada um contava um pouquinho do que viveu com ele. Eu nunca havia estado com meus 2 irmãos ao mesmo tempo... e o mais raro ainda, tê-los sob minha proteção, dormindo abaixo do mesmo teto, os 3. Não tinha sono, mas meu corpo doía... a manhã seguinte ainda seria brabeira... marquei com Zuleika de chegar cedo ao IML. Mas os meninos não queriam dormir, mas fiz valer a autoridade de irmã mais velha... é preciso descansar, todos! E entre o sono e o despertamento vi meu pai no corredor, em frente a porta do meu quarto e eu disse: o que está fazendo aqui, Cancão? Ele respondeu: estou aqui porque meus filhos estão aqui... Mas você não pode estar aqui... tá bom, eu sei, mas deixa eu olhar mais uma vez... e pude vê-lo, olhando pra mim, dormindo, logo, no quarto de TV ele olhou o Victor e no terceiro quarto, ele olhou o Waltinho e foi andando devagarzinho, e desapareceu no ar. Ele nunca fez menção de unir os 3 filhos, foi ausente como pai, teve uma existência vazia nos 59 anos de vida. E ainda assim, os filhos choraram a morte dele. O abacaxi foi exaurido pelo tempo, Cancão. Ele foi nosso pai, mas não foi nosso amigo, foi nosso bandido... Mas a Dudedéia do Papou vai continuar orando por você, Cancão. Receba minhas orações, boas energias... eu não sei porque foi assim, mas Deus me mostrará um dia. Eu tenho certeza disso. Eu fiquei ao seu lado, não por obrigação, mas porque algo me impulsionou a isso. Seu enterro foi cantado pelos seus filhos. O Hino da Brigada Paraquedista, uma das poucas coisas boas que você nos ensinou... foi da maneira que você pediu... só não pude lhe dar o dia de sol, pois isso, eu não tinha como fazer. Procure a luz, vá de encontro a ela, busque a paz que você precisa para encontrar a clareza de espírito e as verdades necessárias para seguir na sua caminhada. Um dia, todos nós nos encontraremos. Eu não chorei naquele dia, não chorei no dia do enterro... fui chorar uma semana depois... sozinha. Meu coração doeu ao ver o Waltinho retornando à Recife e acabou de se quebrar quando o Victor retornou suas atividades no quartel e foi pra casa. Enquanto meus caçulas estiveram comigo, fui fortaleza. Eu queria guardá-los comigo! Mas há 1 mês estamos mais próximos; falo diariamente com Waltinho, com Victor e minha mãe. A dor aproxima as pessoas, mas a vida segue, a vida nunca deixa de seguir seu curso... e seguiremos até onde Deus assim o desejar. Fiquem em Paz!