segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

No automático


Minhas mãos estão vazias; em meu peito, sobram ecos... e nas madrugadas, me faltam sonhos. Meus dias estão com nuances de cinza. Vários cinzas... cinzentos como céu em dia de chuva. Não consigo sorrir mais que uma vez... uma vez somente já é o suficiente para me lembrar que eu não tenho motivos pra sorrir. E tampouco choro mais... chorar só me lembra que eu choro por uma razão inconsistente. Eu apenas me calo... apenas observo os ponteiros do relógio passeando entre as horas. Eu tento sentir a normalidade de todas coisas, quando pra mim, nada está no seu modo normal. Eu apenas respiro, então... e me ligo no botão automático... o tempo vai se encarregar de mim... eu não consigo mais.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Eu não vim aqui de passeio...

Eu vim aqui pra provar as muitas sensações da dor. Eu vim aqui pra sentir as consequências das dores sentidas... E aqui estou, vivenciando cada momento dela. Eu sou ferro, sou desejo, sou medo, sou honra, sou meu inferno. Sou a projeção da prospecção que me ilumina, sou minha mina, meu ouro, meu tesouro. Perspectivas inversas no meio do nada. Sou o centro da minha cabeça... o interior do meu vertente. Sou a força do alimento, a causa inconstante do corpo... sentindo nos caminhos, o gosto amadeirado da vida. Sou o fundo do poço, sou a água nascente, sou a infelicidade escondida nos olhos dos hipócritas... sou o veneno que consome o mundo. E de tanto saber, entendo que ainda não sei, ainda não aprendi os mistérios que me inundam... É essa, minha jornada pra alcançar um dia, um pouco de glória. Em quantos leitos perdidos eu encontrei o porque da vida?

sábado, 26 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Deixe pra mim...




Deixe comigo as lembranças,


de toda saudade retida...


guardarei-as em meu peito,


com o sangue correndo.


Deixe comigo as canções...


as todas, que cantastes pra mim


pra mim são as emoções,


que nunca terão fim.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Texto de Martha Medeiros





(Texto na Revista do Jornal O Globo)









'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação! E, entre uma coisa e outra, leio livros.
Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero. Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho. Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo. Tempo para fazer nada. Tempo para fazer tudo. Tempo para dançar sozinha na sala. Tempo para bisbilhotar uma loja de discos. Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias.. Cinco dias! Tempo para uma massagem... Tempo para ver a novela. Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza. Tempo para fazer um trabalho voluntário. Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto. Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado. Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir. Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.




Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.


Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir.


Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela. Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'


Martha Medeiros - Jornalista e escritora e Mulher!!!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Insônias


Deito meu coração na cama, oprimido com o peso de minhas cicatrizes... marcas profundas de uma vida feita de contos. Passagens nem sempre tão boas, nunca com o final feliz dos livros de história. Mas afinal, não nasci para ser personagem de livro infantil... minha vida é de verdade... e as verdades são dolorosos vales de auto conhecimento. Minha vida é a realidade estampada nos poros abertos em minha pele, que dali, respiram para continuar a viver. Eu ainda não descobri o que a vida quer de mim... e talvez, nunca descubra esse mistério, que como ondas, às vezes trazem surpresas boas e algum contentamento... mas que na maioria das vezes, me presenteia com falsas intenções de felicidade... insônias à meia madrugada, reviravoltas inconclusivas no próprio leito. Eu rezo, pedindo que de mim se afastem os maus pensamentos, e tentando antever meu próprio filme de vida, retrocedo várias vezes, pra descobrir onde foi que eu errei. Suplicando a uma força maior; misericórdia para esta minha caminhada. Minhas lágrimas são secas... choro por dentro, que por fora, já não me adianta mais chorar. Me encontro só... mais uma vez só... estou sozinha. Mas em meio às minhas lamentações, uma voz me diz que humanamente, eu sempre havia sido só... nunca fui um par. O que antes vivi, foi apenas a sensação de estar acompanhada... Mas que na fé, sempre fui amparada... que pelo lado transparente da vida, sempre tenho comigo a força que me impulsiona pra frente... e como um divino presente, sonho minhas conquistas... revejo cada passo que eu deixei pra trás. E isso me serve pra saber que minhas decisões são as mais acertadas... eu preciso seguir... eu preciso continuar seguindo...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

22/02/2011

composição: Ana Carolina

Hoje eu tô sozinha,
E não aceito conselhos
Vou pintar minhas unhas, e meu cabelo de vermelho
Hoje eu tô sozinha,
E não sei se me levo, ou se me acompanho
Mas é que se eu perder, eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar, aí é só eu que ganho.
Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém
Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
De fazer o café fraco
Parei de pegar o carro correndo
De ligar só pra você
De entender sua família e te compreender
Hoje eu tô sozinha, e tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha, que é pra não ficar pior.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Interior... by Quintana


"Que esta minha paz e este meu amado silêncio não iludam a ninguém. Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta; nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios... Acho-me relativamente feliz porque nada de exterior me acontece... mas, em mim, na minha alma, pressinto que vou ter um terremoto."


Mario Quintana


Eu também, Mario... eu também pressinto isso dentro de mim!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Voou, voou


O vento soprava leve em sua janela... Havia já algum tempo que ela estava parada, olhando pro nada, sentada nas próprias pernas, pensando na vida... Passavam as horas, e a menina não conseguia entender os porquês de sua vida. Pensou tanto que cansou-se... não era possível viver com tantas interrogações num corpo tão pequeno... Ela então se levantou rapidamente... correu pra janela e se jogou em direção ao vento... voou, voou, subiu ao alto, sentiu o cheiro das nuvens, imaginou ser um anjo... esqueceu suas interrogações... ali ela se sentiu feliz. Ali ela encontrou a paz.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

17/02/2011


Eis-me aqui outra vez... andando entre miasmas da imundice humana... Eu continuo aqui, sobrevivendo por conta da minha covardia e medo; sem saber se ainda me restam esperanças concretas de libertação. O que me prende? O que me faz continuar nesse moinho sem vento? Ainda não sei... ainda não encontrei as respostas para as perguntas que queimam em minha mente. Talvez um dia, as respostas cheguem como uma suave brisa, emoldurando a maturidade adquirida através do tempo... experiências vividas em meios dias inteiros... momentos eternizados que sempre trarei na memória... chamados à existência divina de um ser que procura melhorar... crescer a cada dia. Eu ainda estou aqui. Caminhando a lentos passos... num dia, caminho três passos e noutro, retrocedo o dobro da minha vitória. Talvez eu não esteja tão preparada, talvez minha sina seja a espera, a perda, a servidão... o penar!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Consciouness


Minha consciência, é o berço das minhas lembranças, nascente do meu discernimento... Minha consciência, é quem faz quem eu sou, será o que ficará, por toda eternidade. Ela seguirá através do tempo; ela sabe quem fui, quem sou e quem serei um dia. Ela é o meu pensar, o que eu realizo; meus sonhos... e minhas inspirações provém desse fruto, que alimenta meu corpo, que sacia minha alma quando desejo bons pensamentos. No dia que eu acabar, minha consciência seguirá, voará a um outro plano, e lá será mostrada através das minhas ações. Aí então eu renascerei... tão bela quanto os sentimentos indulgentes que porventura foram semeados por meus passos nesta vida, ou tão feia quanto meus egoísmos praticados no dia-a-dia... Tudo vai depender do meio... do recheio que eu fomento hoje... do que eu semeio em época de entressafra.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Sobrevivendo pela Fé


Esse presente, dom, gift de ver sempre o lado oculto das coisas... Sei lá se gosto... Qual seria o motivo desse dom? Saber, estudar meu comportamento? Ver minha reação diante da empáfia, da falácia dos sanguessugas que me rodeiam? Ou serve pra eu saber que estou sendo ironizada por uma corja de prostituídos, com fim de se alimentar da minha carne? Realmente, estou em busca de respostas... palavras que decifrem as incógnitas interrogações que permeiam minha mente, neste plano, nesta vida. Em vários momentos do dia, me pergunto se não era mais fácil, mais feliz, mais divertido, viver na ignorância dos "desclarecidos"... Ok, ok, é melhor ouvir isso que ser surda... O que é que eu tenho que fazer? Ninguém me diz o que tenho de fazer... Resultados... só esperam resultados... tanto positivos, quanto negativos... o importante é a estatística! Às vezes me sinto o objeto de uma tese sideral, apresentada por deuses, a um colegiado de deuses superiores. Situações que exprimem o ridículo, e eu ali, fazendo cara de paisagem. Tudo bem, tenho a consciência plena que "estou" e não "sou" personagem desse teatrinho que estou fazendo parte. Tendo eu, a sapiência de entender o real sentido de cada ação, de cada cena, devo dar linha na pipa? Ou continuar, ora personagem ora telespectadora deste imbróglio chamado vida? Será que algum dia, chegará o dia, que num "feeling" eu saberei o que fazer? ... Não sei... Oras, eu também não tenho de saber tudo... Esqueceu que sou também uma caminhante? Só sei que eu sinto ser este, um tempo de espera... talvez cozinhando minha paciência, testando meus limites, me levando num desafio intrínseco, de auto conhecimento. Eu prefiro pensar assim. Não gostaria de pensar diferente disso, senão eu surtaria. Prefiro levar a coisa pra esse lado... é mais cômodo. Ter a consciência de estar sendo sumariamente sacaneada, me incomoda. Afinal, eu só sei que nada sei. Mesmo vendo no sorriso das pessoas, hipocrisia e nos olhares a certeza impune de quem está gozando da minha cara. E eu lá... sabendo de tudo que está se passando, devolvendo a eles o sorriso idiota que recebo. Será que a vida é só isso? Ou eu me perdi no meio da caminhada? Só Deus pra dizer. Tem horas que realmente eu não sei o que ELE quer de mim. Sobrevivo pela fé. E luto... pra que em mim, ela não feneça.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Compassos

Teu peito bate em compasso com o meu, e quando isso acontece, uma sinfonia de estrelas compõem a música que abala meu dia. O mundo pára... o tempo, se desfragmenta... o passado e o presente precisam se reorganizar. O futuro, é uma incógnita pulsante, que pode trazer possibilidades controversas... dualidades paralelas, do que pode ser minha vida. Eu respiro, tranco as dores, e aproveito um pouco da figura que habita meus sonhos...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Parcelas


Uma fatia de vida, uma célula de espera, uma fonte de amor... um jorro de esperança, um cálice de alegria, uma gota de nostalgia, um pingo de ardor. Um olhar pro horizonte, um passo ao infinito, uma queda no vazio... Um sorriso espelhado, um canto agonizado, uma noite de amor. Um orvalho amanhecido, um sonho esquecido, um pôr do sol aplaudido. Um amor, um amor, um sublime e eterno amor... é o que lhe dou.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Gira Roda Gira


Iniciando, festas infantis, parquinhos, hi-fi, festinhas americanas, festas de debutantes... salada mista... beijos na escada ou no play, barzinhos. Baladas urbanas, happy hour no fim de tarde, noitadas com nascer do sol na praia... beijos quentes no show de rock'n roll, micaretas... despedidas de solteiro, valsas de casamento, reuniões em casa de amigos, casa de praia, casa de campo... churrascadas. Almoços prá cá, jantares com jogos de baralho pra lá. Comemoração de primeiras bodas... papel, algodão... restaurantes, xixi do neném, chá de panelas, chá de bebês, aniversários, primeiros anos, crianças, festinhas na escola, festas infantis, brigadeiro, pipoca, parquinho, hi-fi, festa americana, príncipes de debutantes, espera no carro, saída de baile, noites sem dormir, preocupações... e nisso, renova-se um novo ciclo, um mesmo ciclo, e a roda vai girando, e o tempo vai passando... até que o início, para alguns, se torna fim... mas nem por isso, a vida pára, nem por isso a roda deixa de girar...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sem internet.

Não há como fazer milagres... Meu PC está na manutenção... e o PC da Fabi está doente... cheio de vírus! Assim que tiver meu BB de volta, eu posto os dias anteriores... tá tudo escrito, no caderno da pós graduação.

Por enquanto, fui...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Então tá, então...


Não sou nula de pleno Direito; uma vez que permeio seus sonhos e trago luz à sua vida... e isso pode ser provado por todos os meios admissíveis em Direito.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Só peço


Vida...

Não me torture com lembranças;

Não me machuque com sonhos;

Não me mate com a realidade.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Stephen Kanitz

http://www.kanitz.com.br/impublicaveis/como_escrever_um_artigo.asp



Escrever um bom artigo é bem mais fácil do que a maioria das pessoas pensa. No meu caso, português foi sempre a minha pior matéria. Meu professor de português, o velho Sales, deve estar se revirando na cova. Ele que dizia que eu jamais seria lido por alguém. Portanto, se você sente que nunca poderá escrever, não desanime, eu sentia a mesma coisa na sua idade.Escrever bem pode ser um dom para poetas e literatos, mas a maioria de nós está apta para escrever um simples artigo, um resumo, uma redação tosca das próprias idéias, sem mexer com literatura nem com grandes emoções humanas. O segredo de um bom artigo não é talento, mas dedicação, persistência e manter-se ligado a algumas regras simples.
Cada colunista tem os seus padrões. Eu vou detalhar alguns dos meus e espero que sejam úteis para você também.
1. Eu sempre escrevo tendo uma nítida imagem da pessoa para quem eu estou escrevendo. Na maioria dos meus artigos para a Veja, por exemplo, eu normalmente imagino alguém com 16 anos de idade ou um pai de família. Alguns escritores e jornalistas escrevem pensando nos seus chefes, outros escrevem pensando num outro colunista que querem superar, alguns escrevem sem pensar em alguém especificamente. A maioria escreve pensando em todo mundo, querendo explicar tudo a todos ao mesmo tempo, algo na minha opinião meio impossível. Ter uma imagem do leitor ajuda a lembrar que não dá para escrever para todos no mesmo artigo. Você vai ter que escolher o seu público alvo de cada vez, e escrever quantos artigos forem necessários para convencer todos os grupos.

O mundo está emburrecendo porque a TV em massa e os grandes jornais não conseguem mais explicar quase nada, justamente porque escrevem para todo mundo ao mesmo tempo. E aí, nenhum das centenas de grupos que compõem a sociedade brasileira entende direito o que está acontecendo no país, ou o que está sendo proposto pelo articulista. Os poucos que entendem não saem plenamente ou suficientemente convencidos para mudar alguma coisa.

2. Há muitos escritores que escrevem para afagar os seus próprios egos e mostrar para o público quão inteligentes são. Se você for jovem, você é presa fácil para este estilo, porque todo jovem quer se incluir na sociedade. Mas não o faça pela erudição, que é sempre conhecimento de segunda mão. Escreva as suas experiências únicas, as suas pesquisas bem sucedidas, ou os erros que já cometeu.Querer se mostrar é sempre uma tentação, nem eu consigo resistir de vez em quando de citar um Rousseau ou Karl Marx. Mas, tendo uma nítida imagem para quem você está escrevendo, ajuda a manter o bom senso e a humildade. Querer se exibir nem fica bem. Resumindo, não caia nessa tentação, leitores odeiam ser chamados de burros. Leitores querem sair da leitura mais inteligentes do que antes, querem entender o que você quis dizer. Seu objetivo será deixar o seu leitor, no final da leitura, tão informado quanto você, pelo menos na questão apresentada.Portanto, o objetivo de um artigo é convencer alguém de uma nova idéia, não convencer alguém da sua inteligência. Isto, o leitor irá decidir por si, dependendo de quão convincente você for.
3. Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seria a frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino uma frase, processo que leva praticamente um mês. Ninguém tem coragem de cortar tudo o que tem de ser cortado numa única passada. Parece tudo tão perfeito, tudo tão essencial. Por isto, os cortes são feitos aos poucos. Depois tem a leitura para cuidar das vírgulas, do estilo, da concordância, das palavras repetidas e assim por diante. Para nós, pobres mortais, não dá para fazer tudo de uma vez só, como os literatos. Melhor partir para a especialização, fazendo uma tarefa BEM FEITA por vez. Pensando bem, meus artigos são mais esculpidos do que escritos. Quarenta vezes talvez seja desnecessário para quem for escrever numa revista menos abrangente. Vinte das minhas releituras são devido a Veja, com seu público heterogêneo onde não posso ofender ninguém. Por exemplo, escrevi um artigo "Em terra de cego quem tem um olho é rei". É uma análise sociológica do Brasil e tive de me preocupar com quem poderia se sentir ofendido com cada frase. O Presidente Lula, apesar do artigo não ter nada a ver com ele, poderia achar que é uma crítica pessoal? Ou um leitor achar que é uma indireta contra este governo? Devo então mudar o título ou quem lê o artigo inteiro percebe que o recado é totalmente outro? Este é o tipo de problema que eu tenho, e espero que um dia você tenha também.O meu primeiro rascunho é escrito quando tenho uma inspiração, que ocorre a qualquer momento lendo uma idéia num livro, uma frase boba no jornal ou uma declaração infeliz de um ministro. Às vezes, eu tenho um bom título e nada mais para começar. Inspiração significa que você tem um bom início, o meio e dois bons argumentos. O fechamento vem depois. Uma vez escrito o rascunho, ele fica de molho por algum tempo, uma semana, até um mês. O artigo tem de ficar de molho por algum tempo. Isso é muito importante. Escrever de véspera é escrever lixo na certa. Por isto, nossa imprensa vem piorando cada vez mais, e com a internet nem de véspera se escreve mais. Internet de conteúdo é uma ficção. A não ser que tenha sido escrito pelo próprio protagonista da notícia, não um intermediário.A segunda leitura só vem uma semana ou um mês depois e é sempre uma surpresa. Tem frases que nem você mais entende, tem parágrafos ridículos, mas que pelo jeito foi você mesmo que escreveu. Tem frases ditas com ódio, que soam exageradas e infantis, coisa de adolescente frustrado com o mundo. A única solução é sair apagando.O artigo vai melhorando aos poucos com cada releitura, com o acréscimo de novas idéias, ou melhores maneiras de descrever uma idéia já escrita.Estas soluções e melhorias vão aparecendo no carro, no cinema ou na casa de um amigo. Por isto, os artigos andam comigo no meu Palm Top, para estarem sempre à disposição.Normalmente, nas primeiras releituras tiro excessos de emoção. Para que taxar alguém de neoliberal, só para denegri-lo? Por que dar uma alfinetada extra? É abuso do seu poder, embora muitos colunistas fazem destas alfinetadas a sua razão de escrever.Vão existir neoliberais moderados entre os seus leitores e por que torná-los inimigos à toa? Vá com calma com suas afirmações preconceituosas, seu espaço não é uma tribuna de difamação.
4. Isto leva à regra mais importante de todas: você normalmente quer convencer alguém que tem uma convicção contrária à sua. Se você quer mudar o mundo você terá que começar convencendo os conservadores a mudar.Dezenas de jornalistas e colunistas desperdiçam as suas vidas e a de milhares de árvores, ao serem tão sectários e ideológicos que acabam sendo lidos somente pelos já convertidos. Não vão acabar nem mudando o bairro, somente semeando ódio e cizânia.Quando detecto a ideologia de um jornalista eu deixo de ler a sua coluna de imediato. Afinal, quero alguém imparcial noticiando os fatos, não o militante de um partido. Se for para ler ideologia, prefiro ir direto na fonte, seja Karl Marx ou Milton Friedman. Pelo menos, eles sabiam o que estavam escrevendo.É muito mais fácil escrever para a sua galera cativa, sabendo que você vai receber aplausos a cada "Fora Governo" e "Fora FMI". Mas resista à tentação, o mercado já está lotado deste tipo de escritor e jornalista. Economizaríamos milhares de árvores e tempo se graças a um artigo seu, o Governo ou o FMI mudassem de idéia.
5. Cada idéia tem de ser repetida duas ou mais vezes. Na primeira vez você explica de um jeito, na segunda você explica de outro. Muitas vezes, eu tento encaixar ainda uma terceira versão.Nem todo mundo entende na primeira investida, a maioria fica confusa. A segunda explicação é uma nova tentativa e serve de reforço e validação para quem já entendeu da primeira vez.Informação é redundância. Você tem que dar mais informação do que o estritamente necessário. Eu odeio aqueles mapas de sítio de amigo que se você errar uma indicação você estará perdido para sempre. Imagine uma instrução tipo: "se você passar o posto de gasolina, volte, porque você ultrapassou o nosso sítio". Ou seja, repeti acima uma idéia mais ou menos quatro vezes, e mesmo assim muita gente ainda não vai saber o que quer dizer "redundância" e muitos nunca vão seguir este conselho.Neste mesmo exemplo acima também misturei teoria e dois exemplos práticos. Teoria é que informação para ser transmitida precisa de alguma redundância, o posto de gasolina foi um exemplo. Não sei porque tanto intelectual teórico não consegue dar a nós, pobres mortais, um único exemplo do que ele está expondo. Eu me recuso a ler intelectual que só fica na teoria, suspeito sempre que ele vive numa redoma de vidro.
6. Se você quer convencer alguém de alguma coisa, o melhor é deixá-lo chegar à conclusão sozinho, em vez de você impor a sua. Se ele chegar à mesma conclusão, você terá um aliado. Se você apresentar a sua conclusão, terá um desconfiado.Então, o segredo é colocar os dados, formular a pergunta que o leitor deve responder, dar alguns argumentos importantes, e parar por aí. Se o leitor for esperto, ele fará o passo seguinte, chegará à terrível conclusão por si só, e se sentirá um gênio.Se você fizer todo o trabalho sozinho, o gênio será você, mas você não mudará o mundo, e perderá os aliados que quer ter.Num artigo sobre erros graves de um famoso Ministro, fiquei na dúvida se deveria sugerir que ele fosse preso e nos pagar pelo prejuízo de 20 bilhões que causou, uma acusação que poderia até gerar um processo na justiça por difamação. Por isto, deixei a última frase de fora. Mostrei o artigo a um amigo economista antes de publicá-lo, e qual não foi a minha surpresa quando ele disse indignado: "um ministro desses deveria ser preso". A última frase nem foi necessária.Portanto, não menospreze o seu leitor. Você não estará escrevendo para perfeitos idiotas e seus leitores vão achar seus artigos estimulantes. Vão achar que você os fez pensar.
7. O sétimo truque não é meu, aprendi num curso de redação. O professor exigia que escrevêssemos um texto de quatro páginas. Feita a tarefa, pedia que tudo fosse reescrito em duas páginas sem perder conteúdo. Parecia impossível, mas normalmente conseguíamos. Têm frases mais curtas, têm formas mais econômicas, tem muita lingüiça para retirar.Em dois meses aprendemos a ser mais concisos, diretos, e achar soluções mais curtas. Depois, éramos obrigados a reescrever tudo aquilo novamente em uma única página, agora sim perdendo parte do conteúdo. Protesto geral, toda frase era preciosa, não dava para tirar absolutamente nada. Mas isto nos obrigava a determinar o que de fato era essencial ao argumento, e o que não era.Graças a esse treino, a maioria das pessoas me acha extremamente inteligente, o que lamentavelmente não sou, fui um aluno médio a vida inteira.
O que o pessoal se impressiona é com a quantidade de informação relevante que consigo colocar numa única página de artigo, e isto minha gente não é inteligência, é treino. Portanto, mãos à obra. Boa sorte e mudem o mundo com suas pesquisas e observações fundamentadas, não com seus preconceitos.
Stephen Kanitz

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Eu tanto quero


Eu quero o vício dos dias, eu quero o sonho que invade tuas noites. Eu quero o ar que entra em teus pulmões; eu quero tua negação ao dizer que não me quer; eu quero ser o pão que entra em tua boca e ser o alimento que te mantém de pé. Eu quero ser o fim da tua jornada, quero ser quem você encontra no teu último dia. Eu quero ser a tua dor e a tua delícia; eu quero estar na imensidão dos teus desejos e enlouquecer as tuas vontades. Eu quero ser a menina que brinca contigo e a mulher que faz tua cama. Eu quero teus invernos, quero as tuas indagações; eu quero o teu silêncio; quero ter a tua risada explodindo de felicidade em mim. Eu quero a ardência do sol em tua pele; eu quero apagar a luz pra te fazer dormir.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tu


Tu, que teus olhos fogem ao me ver passar e que tentas em vão varrer-me de seu mundo, eu ainda estou aqui. Tu, que destilas seu veneno contra mim, não vês, que eres tu a definhar? Não compreendes que a engrenagem que me move, vem da fé inabalável que eu trago em mim? Não adianta teus pedidos, não adianta tua intenção. É a Mão que vem do alto que determinará o dia em que meus olhos não mais se abrirão, na manhã de um dia. E nesse exato momento, estarei junto d'Ele a te observar. A tua insídia dura o tempo do teu mau pensamento, e teu pensamento te levará a um abismo sem fim... A perversidade é como água que volta à nascente, como chuva que brota do chão. A maldade sempre volta ao seu dono. Então, eu só posso lamentar por você. Aproveite enquanto tua colheita não vem... o troco, sempre retorna.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Saindo de mim

você foi saindo de mim

letra: Ivan Lins / Vitor Martins



Você foi saindo de mim

Com palavras tão leves

De uma forma tão branda

De quem partiu alegre

Você foi saindo de mim

Com sorriso impune

Como se toda faca

Não tivesse dois gumes

Você foi saindo de mim

Devagar e pra sempre

De uma forma sincera

Definitivamente

Você foi saindo de mim

Por todos os meus poros

E ainda está saindo

Nas vezes em que choro

Nas vezes em que choro

Você foi saindo de mim...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Rainha das águas

Água, mãe água, mãe vida, mãe natureza,
mãe Yemanjá!
Rainha das Águas, mãe do nosso litoral...
Salve Yemanjá!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Blog faz 2 anos!

O Blog faz 2 anos!
São 2 anos de alegrias, tristezas, sentimentos dos mais variados prismas.
São 2 anos de pensamentos, desejos, reflexões e cada dia que passa, um passo, um degrau, um modo diferente de encarar a vida... O Blog faz 2 anos... e eu nem consigo acreditar nisso. Meu bebezinho está ficando rapaz. Meu desejo a este tão querido blog é que esses anos se multipliquem por muitos mais. E que aqui, continue sendo a minha casa, meu castelo, meu cantinho, meu esconderijo... um lugar bonito e seguro, um lugar onde eu possa encontrar paz, amor, prazer, saudades e sonhos... muitos sonhos, os que eu um dia já sonhei, os que sonho continuamente e os que eu ainda ei de sonhar. Mas esse espaço aqui, também é seu... também pertence àqueles que se enxergam em meus sonhos, aqueles que fazem ou fizeram parte da minha vida, aqueles que já se foram... aqueles que me ajudaram a construir cada frase, cada sentimento. Cada um sabe onde é o seu lugar. Tem gente que nem conheço, que se sente ''em casa" aqui. Eu agradeço quem acompanha o blog, quem gosta do que lê... Quem se encontra em minhas palavras... Nosso melhor presente, é saber que esse espaço aqui, encontrou um lugarzinho no coração de cada um de vocês.

Parabéns, Blog!

Andreia Dittmann Sieczko