terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Dia 09 de Janeiro, dia triste, de lembranças tristes (2017-2018) - Oliver Biliguinha

Hoje, 09 de janeiro de 2018, fez 1 ano que meu amado irmão entrou em um hospital para a morte. Este dia tem agora mais um motivo para ser triste, lembrado com imensa saudade para o que me resta de vida. Mas também, hoje é dia para refletirmos, sobre a vida e a morte. Sobre humanos e animais. Sobre caridade e crueldade. Sobre fatos que acontecem e que podem ser encarados de uma forma mais humanizada, mais amorosa, mais tocante no sentindo real do que deve ser um sentimento - ou não.


Oliver hoje, escolheu esse dia para me deixar... mas me deixou com um aprendizado, fechou com chave de ouro seu ciclo, e eu serei pra sempre grata por ter percebido o quão grande é esse conhecimento. Oliver Biliguinha, meu primeiro gatinho... que chegou a mim, sem que eu tivesse me programado, sem que nem ao menos soubesse que os gatos fazem xixi e cocô numa caixinha com areia especial... eu não sabia nada, nada de nada, apenas me vi levando um gato que ficaria na rua se eu não o trouxesse pra casa. Oliver e eu tivemos momentos tensos: um querendo provar ao outro quem era o chefe da matilha. Gato não se submete, humanos também não (em geral). Passamos uma fase difícil de adaptação, e aos poucos, fomos aprendendo a conviver, dividir espaço, a respeitar um ao outro.  Sei que está difícil escrever algo agora sobre o Oliver. Eu só tenho a agradecer pelos 13 anos juntos - mas eu agradeci. Como eu agradeci!  Oliver já era um gato idoso, e algum tempo já vinha com alguns problemas renais (doença que atinge 75% dos gatos depois da vida adulta). Oliver teve boa comida, bom veterinário, boa caminha, bom amiguinho Francisco que veio para perturbar-lhe os bigodes, mas também uma fonte de rejuvenescimento e companhia. Oliver teve amor. Oliver morreu com amor, muito cuidado, muito respeito e muito conforto para seguir sua próspera jornada. Mas, em uma de nossas últimas conversas, eu fui dormir na cama dele (sim, Oliver tinha uma cama de gente, que de herdou da vovó Joanna e de vez em quando dividia com alguns convidados hóspedes), eu fui dormir com meu gatinho, que quase já não conseguia pular na cama, passos vagarosos de um senhor de 90 anos e então pude conversar com ele, pedir desculpas pelas pessoas que eu tive que fazê-lo conviver por causa de minhas escolhas erradas, gente que nunca deveria ter entrado em nossas vidas. Agradeci pelo companheirismo... meu gato, meu lindo amigo de 4 patas a quem eu sempre fui importante pra ele (nem que fosse para servir uma "mimida molhada"), amigo fiel que nunca contou meus segredos pra ninguém, sempre ouviu meus lamentos, minhas perdas e vitórias, que me arranhava de vez em quando, mas adorava me ouvir cantar, que se acercava e ficava me olhando chorar, que era um ótimo ouvinte e um fofoqueiro de mão cheia!
Nós então deitamos lado a lado, e rezamos juntos, agradecendo pela vida em comum que tivemos. E eu falei pra ele, que só seria menos mal essa separação, se ele me prometesse que iria para o céu, morar com o Waltinho. Eu chorei, mas ele só me olhava... placidamente com aqueles olhos azuis que já estavam perdendo seu brilho. Olhar baixo, cansado, mas que rapidamente mirava ao ouvir seu nome, pedindo que ele fosse morar com meu irmãozinho. Quando Waltinho esteve aqui em novembro de 2016, o Oliver emprestou sua cama para ele, e Waltinho foi cuidado e teve seu sono velado pelo meu guerreirinho Oliver. Eu chorei, acariciava a cabecinha deste bichinho e ele apenas me olhava, retribuindo o olhar que vinha da alma. Eu sabia que seu fim estava próximo. Me agoniava ver que o guloso Oliver, não se aguentava em pé, fraco, sem apetite... Mas a vovó Nina vinha todos os dias, e batia no liquidificador uma mimida especial, que dávamos a ele pelo canto da boca, através de uma seringa que Waltinho tinha deixado aqui. O que me surpreende, é que mesmo sozinho com minha mãe, ele sabia que eu estava trabalhando, e que a vovó Nina precisa dar-lhe de comer, dar-lhe de beber... e ele bebia o pouquinho que podia, e nunca, em nenhum destes momentos, mordeu ou nos arranhou minha mãe ou ao papai ou a mim. Quando ele não aguentava mais, ele dava aquela  ronronada de gato para avisar que já tinha chegado ao seu limite alimentar. Então, limpávamos o gato, e o descíamos do tanque, no colo para o chão e ele ia para sua caminha. Muitas vezes eu me senti impotente, assim como há 1 ano atrás... mas em nenhum momento, pensamos em sacrificá-lo, porque qualquer dia a mais com ele, era um presente de Deus. Ele teve nossa companhia, minha mãe saiu de sua casa e veio pra minha, eu, Luiz, o gato Francisco...  Ele teve dignidade que meu irmão, infelizmente, não teve. Ele só precisava de carinho, não sentia dor, perguntamos tantas vezes ao veterinário... Ele jamais teria gostado de sair de sua casa, seu espaço para ficar internado, sozinho na clínica VET. Raríssimas vezes foi ao VET, nunca gostou do cheiro dos outros animais que lhe eram estranhos. Ás vezes em que foi, foram para deixar em minha pele, o registro de sua passagem nesta terra: inúmeros arranhões que levarei tatuados ao resto da minha vida. Todos agora são olhados com carinho e saudade, como sendo a  marca de um gato que sempre soube o que queria. Eu, de novo, agradeço! Vou agradecer sempre e todos os dias pela oportunidade de convívio e aprendizado, por todo o amor que ele me ensinou a ter. E também a partir de hoje, também agradeço por ele estar fazendo companhia ao Waltinho. Oliver me prometeu, com o olhar profundo de sua alma, que estaria sim, sendo o guardião do meu irmão, sendo seu companheirinho fiel, assim como foi pra mim em tantos anos. Ele me prometeu levar todos os beijos e cafunés que  fiz nele nesses últimos dias. E sei que ele chegou ao céu jovem e brincalhão, com os olhos azuis mais brilhantes que um gato poderia ter, para o irmão mais lindo e amado que é o meu Waltinho. Um dia, eu me juntarei a vocês!

Muito amor, Oliver
Meu gato lindo!
Gratidão!


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