quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Apenas os amantes da boa mesa podem entender...

Eu realmente gosto de cozinhar. Também é verdade que eu a-do-ro comer!!!! Mas o que mais me fascina na arte culinária é a magia que todo o ritual em volta da comida tem. E não falo em utensílios e ingredientes, não... falo de algo muito mais sutil e importante. Eu gosto "no ato de cozinhar" todas as sensações que nosso corpo e nossa alma sente. Eu gosto do amor depositado na minha obra, uma fusão, uma alquimia, na sinergia dos temperos, amo as lembranças quem vem com a comida. As lembranças de um tempo que já passou, mas que se reproduz imediatamente quando sentimos o cheiro da refeição... nossa memória nos remete instantaneamente ao momento vivido outrora. E o paladar? sentimos o gosto da comida e saudade, de alimento e alegrias.  Quase que totalmente, eu afirmo que as pessoas tem apenas boas e felizes memórias envolvendo comida. Pouquíssimas pessoas guardam na memória capítulos ruins envolvendo comida. A grande maioria, possui lembranças positivas e felizes destes momentos.  Quem não tem saudades dos cafés da tarde na casa da nossa avó?  Do lanche que as mães serviam quando as colegas da escola iam fazer trabalhinhos na época do primário, dos "miojos" na volta da praia, as comidas típicas do Natal, da Páscoa... Quem nunca se encantou com a massa de pão, crescendo debaixo do pano de prato, e depois ardendo de desejo com o cheiro de pão, saindo do forno, para a mesa? Hummm, minha mãe fazia manteiga... ela batia as natas, à mão (devia cansar muito, né?) até que chegasse à textura de manteiga, amarelinha! Os doces, para alegrar nossos dias, bolinhos de chuva, para quando tivessem tempestades... molho de macarrão caseiro, hoooooras cozinhando no fogo baixo. Arroz e feijão, servidos como se fossem almas gêmeas... e batatas. Minha mãe faz batatas russas deliciosas... Dos salgadinhos que fazíamos 1 mês antes das festinhas e ficavam contados, congelados e separados em saquinhos... esse ritual era gostoso; juntavam as mulheres da família e ficavam lá... fazendo a massa e depois formando as bolinhas, as coxinhas... Cheiro de sopa, me remete à cheiro de nuvem. Pelo menos eu acho que nuvem tem cheiro de sopa!!! Pizza caseira, com massa gordinha, fofinha que minha tia faz... a de sardinha é uma gostosura no dia seguinte, mesmo fria. Biscoito de polvilho é outra delícia, só de relembrar, me enche a boca d'àgua... e as lembranças dos sacolés de fruta, que eu não tinha paciência para esperar congelar, e acabava bebendo o suco,  que tentava - em vão - virar picolé de saquinho... sagú de vinho, sagú de leite, canjica, omelete detudoquetemnageladeira!!! "Roupa velha" aquela comida que fazemos em uma frigideira, na madruga, para matar a fome de quem veio (jovem) da balada. Hambúrguer não dava certo... o cheiro acordava nossa mãe, e a bronca vinha junto... ah, bons tempos... Meu "menu" favorito quando eu ficava doentinha e minha mãe fazia a comidinha que adoooro: purê de batatas, bife à milanesa e salada de alface e tomate. Almoços de domingo... lanche de fim de tarde, mingau depois do Fantástico, pra dormir com a pança quentinha... Jantares românticos, inesquecíveis; brindes, celebração, felicidades... momentos para serem lembrados por toda uma eternidade. Satisfação, alegrias, recordações, bem-estar... um bem estar bem enorme, que não caberia em palavras, aqui neste post. Pra mim, a refeição é sagrada, é linda! A Santa Ceia foi linda... Independente do "chique" e sofisticado que pode ser um prato... um PF bem feito, bem temperado, preparado com amor e carinho tem muito, muito, muuuito mais valor que um prato servido com pompa e circunstância... se não tiver sido feito com amor, pode levar à congestão. Eu gosto tanto de cozinhar, que se eu estiver triste, com raiva ou chateada, eu evito entrar na cozinha. Já fiz algumas tentativas e comigo, é comprovado: minha mão fica ruim... eu salgo demais a comida, ou passa do ponto, não fica legal... vai tudo pro lixo... o que pra mim, é um sacrilégio. A cozinha é um lugar sagrado, um laboratório de amor, onde criamos as obras mais deliciosas da nossa vida, nosso alimento, que nos mantém vivos, que nos dá energia e recheia nossa alma de boas lembranças. Eu sou uma apaixonada pela boa mesa e por toda emoção que ela me proporciona. Hummm, deu fome, vou ali e já volto...