terça-feira, 29 de maio de 2018

Meus amores

Amor que não se mede...
Família é tudo de bom!
Meus primos e afilhados.


Família Sieczko

domingo, 27 de maio de 2018

#Carlos Moreira - Faz parte do Seu show!

texto de CARLOS MOREIRA


O “espírito” do hebreu é um “espírito” errante, desalojado, sem solidez, desarraigado, livre. Ele não permite que se cavem estacas profundas ou que se construam armações de concreto. O hebreu é viajante, é caminhante da terra, é ser sem destino, homem de tendas, construtor de altares. Tal como a brisa que passa, ou a pegada que se apaga na areia enquanto se caminha, assim é o hebreu, um caminhante da existência.

Eu não sou filho de Abraão, não pertenço a nenhuma das 12 Tribos, não possuo o “DNA” dos israelitas, não estou incluído nas Promessas, contudo, fui enxertado na “Videira” e convidado ao “banquete”, pois me tornei filho e herdeiro de todas as coisas mediante a fé em Jesus de Nazaré. Desta forma, passei a fazer parte da Família, recebi do mesmo Espírito, bebi do mesmo “cálice”, fui crucificado na mesma cruz e batizado na mesma morte, ressuscitei mediante o mesmo Poder e, tendo nascido de novo, recebi o desafio de andar como caído redimido.

Quando eu achava que tudo já havia se acomodado dentro em mim, que as “pedras” do caminho, todas elas, já haviam sido recolhidas ao abrigo, chegou à hora de levantar novamente a minha tenda e me lançar ao sabor do vento. Depois de tantos anos, pensei que havia encontrado um porto seguro. Mas aquele que veio morar dentro de mim me chamou a novas paragens e a novos desafios.

Foram 8 anos desde a última “mudança”. Tempo de crescimento, tempo de dores. Aliás, sem dores não se cresce, não se amadurece, não se expande nem a mente nem o coração. Foi um tempo de conhecimento, de preparação, talvez, para algo maior. Sou grato por estes anos, por tudo o que eles produziram em mim, cicatrizes de amor, marcas de esperança, tatuagens de sonhos acalentados.

Decepções? Tive muitas... A maior de todas, comigo mesmo. Conheço-me melhor agora, bem mais do que me conhecia antes, sei do que sou capaz, percebo minhas inconcretudes, ansiedades e contradições. O tempo me fez mais fraco, mais manso, mais quebrantado. Um dia destes pensava ser de aço. Hoje, sei que sou apenas de osso. Do pó vim e ao pó voltarei.

Meu amigo André Pessoa me ensinou que crente é feito gato, apega-se a lugares, não a pessoas. De fato, sempre que parti e deixei algo para trás, jamais consegui manter o que dantes havia construído. As amizades se esvaem, os projetos se desfazem, os sonhos se esfarelam como estátuas feitas com areia do mar. Tudo passa, se perde, se esquece, se apaga...

Fiz um balanço dos últimos anos... Para minha tranqüilidade, errei muito mais do que acertei, perdi muito mais do que ganhei, encontrei-me em contradição muito mais do que calcado em certezas. É bem provável que tenha produzido mais lágrimas do que sorrisos, ferido amigos, frustrado ouvintes, decepcionado até os que jamais me conheceram. Servi menos do que deveria, ouvi menos do que poderia, amei menos do que pretendia. Não raro meu discurso produziu apenas eco, pois as palavras não se materializaram no chão da vida. Ergui castelos e vi-os cair diante de meus olhos.

Mas não é a vida assim?! O que esperava eu? A perfeição? O aplauso? O elogio? O reconhecimento? A unanimidade? Ora, quem sou eu a não ser homem feito de barro, suor e sangue. Quem sou eu a não ser alguém que caminha para dentro em busca de si mesmo. Quem sou eu a não ser um miserável resgatado pela graça, um perdido encontrado pela misericórdia, um desviado perseguido pelo amor, um errante salvo pela fé?

Sou tudo e não sou nada, sou ser por fazer-se, o agora e o ainda não, parte de mim é divina, outra parte é humana, pois, mesmo tendo sido resgatado, ainda existo como condenado, estou preso ao meu próprio corpo, aos seus desejos e paixões, apenas sou livre em minha consciência. No fundo, sou andarilho em busca da eternidade, existente caído almejando encontrar a perfeição, humanidade partida, dividida, viajante em busca de reencontrar a árvore da vida.

Mas agora virá um novo tempo... Parte de mim vai, outra parte fica. São tantas as partes nas quais me decompus que não tenho mais como juntá-las novamente. Hoje sou metade, estou ao meio, sou fragmento de mim mesmo, fui dissolvido como o sal, dissipei-me, misturei-me ao todo, tornei-me parte da vida, cidadão do mundo, luz que brilha nas trevas, clarão que rasga a escuridão para atormentar o tormento.

Agora deixe-me partir... Chegou a minha hora. Não me diga adeus, não soe clarins, não me mande recados, não me escreva, nem telefone... Não deixe que a banda toque canções de despedida, não solte fogos, não bata palmas, não acene... Deixe-me ir incólume, despercebido, deixe-me ir da mesma forma como cheguei, sem ser notado, percebido, destacado.

É assim que sou e, provavelmente, é assim que serei. As mudanças, creia-me, produzem-se lentamente, levam toda uma vida. Há tanto em mim que precisa mudar que seriam necessárias dezenas de vidas para que fosse eu alguém melhor do que sou. Mas, como só tenho esta vida para viver, aquilo que sou está se projetando para o dia em que as minhas incertezas e medos serão confrontados com o “Totalmente Outro”. Aí, então, verei não mais por espelhos, com os olhos embaçados, mas conhecerei como sou conhecido, pois o verei face a face, Ele será o meu Deus, eu serei o Seu filho.

Desculpe por tudo e por nada. Aceite-me como sou, errante, as vezes perto, as vezes distante, semeador de sonhos, adorador do sagrado, construtor de altares, profeta do cotidiano. Sim, aceite-me assim, pois tudo isto “faz parte do meu “show””, é a forma que tenho de te mostrar que sou humano, que sou o que sou.


texto de CARLOS MOREIRA

#diquinha: Extremis - Netflix para aqueles que precisam entender (e Respeitar) a dor da morte.


Tudo o que o meu irmão Waltinho não teve: o respeito na hora de sua morte.

PCR não é câncer...

EUTANÁSIA É CRIME

CADA DIA QUE PASSA, VEJO MAIS CLARAMENTE O EGOÍSMO E A CRUELDADE QUE FIZERAM COM VOCÊ, MEU IRMÃO.

Você nunca recebeu cuidados paliativos, meu irmãozinho!

TORTURA É CRIME

#EUTANASIAECRIME


Maudie Lewis

Bom filminho para assistir...

#valeadica


#diquinha: filme "Fuga para a liberdade"


Comédia bacana, leve e com um toque todo especial...
#valeapenaassistir



Super Kefir de leite com leite de verdade

quinta-feira, 24 de maio de 2018

#desdecriancinha



Sempre gostei de caminhão... Waltinho e eu. Às vezes quando brincávamos de "o que ser quando crescer", a gente brigava, porque ele dizia que queria ser bombeiro - e eu também (mas naquela época, menina não podia ser bombeiro - e dizia que queria ser caminhoneiro - e eu também (mas naquela época uma menina dirigir um caminhão seria uma atipicidade enorme para o conceito de sociedade). Sei dirigir caminhão... caminhãozinho (toco) e talvez de alguns eixos, kkkkkkk.  Enfim, vale a postagem apenas para dizer aos queridos irmãos caminhoneiros, a minha sincera solidariedade!!!

#naoparemagreve
#somostodoscaminhoneiros

terça-feira, 22 de maio de 2018

Porque ninguém mais que eu, viveu a tua meninice...

Era assim, meu irmão... o tempo todo assim...
A gente falava tanta besteira e brincávamos como se ainda fôssemos crianças. Somos crianças ainda, Waltinho – perante Deus, perante nossa mãe e perante nós mesmos. Não havia tempo ruim... até as brigas eram engraçadas. Quantas piadas recontadas com gargalhadas novas... as caretas que nós fazíamos um para o outro, e coisas que só nós dois entendíamos – e mais ninguém.

Porque ninguém mais que eu, viveu a tua meninice... e ninguém mais que você, viveu comigo a minha infância e mocidade. Isso ninguém tira de mim, ninguém tira de nós, nem mesmo o tempo pode apagar o que vivemos, pois vivenciamos empiricamente, juntos, a melhor fase da vida de qualquer ser humano. Isso  faz de nós, irmãos;  isso nos faz únicos, a cumplicidade nos tornou parceiros da vida, e esse amor, esse contato, esse laço afetivo, a gente carrega até no pós morte. Se perpetua na vida após vida. É por causa desse sentimento ( da falta da continuidade desse sentimento ) que eu sinto tanto sua falta, meu irmão. Não é que eu não queira aceitar sua partida... eu sei que você se foi... eu sei que o que te matou, quem te matou, eu tenho consciência da tua morte. Mas eu não consigo acreditar que meu pequenininho, meu irmãozinho, meu manequinho foi embora antes de mim... Meu irmão lindo, menino com um coração enorme, que sempre tentava se fazer de durão, mas que sempre foi bonzinho, que fazia bolo de limão com a mamãe enquanto eu botava fogo no mundo... Que tinha como único vício, a paixão pela Televisão; que se bastava com um 1 litro de Mineirinho e biscoito Mabel... ou então um joelho de queijo e presunto... que adorava o pão com manteiga picadinho misturado num copo de café com leite... Que já rapaz, gostava de brincar de forte apache, que era escoteiro no 11º Grupo na Central do Brasil... menino preguiçoso que não gostava de estudar, mas que nem isso o fazia menos inteligente. Meu irmãozinho sempre foi um menino bom, nunca se meteu em loucuras, era calmo e o mais lindo de tudo isso, foi saber depois de sua morte, que sempre foi um rapaz respeitador com suas namoradas. Muitas namoradas dele, compareceram à missa de 7º dia, e nas missas subsequentes. Minhas eternas cunhadas, pessoas que fizeram parte da nossa vida e que ainda hoje, nos abraçam em meio a nossa dor. Waltinho era cuidadoso com as namoradas, nunca as deixava voltar sozinhas pra casa, e sempre foi muito querido pelas sogras. As tratavam com muito pudor, e se manteve amigos de todas as namoradinhas de sua infância até o dia de sua partida. Saber delas como meu irmão se comportava como “namorado”, me encheu de orgulho desse menino. Além de lindo, sempre foi educado com as adolescentes da época. A saudade que sinto, é por não tê-lo ao alcance do meu abraço, é pela incapacidade que eu tenho de ligar para o céu e ter meia hora de prosa com ele. Saber como vai a vida após a vida, queria saber se no céu tem chocolate, se tem televisão, se ele encontrou nossa família espiritual e nossos amigos que já partiram, queria ouvir alguma piada, sua gargalhada, se encontrou nossos cachorros, se descobriu qual era sua missão, e que me sacaneasse dizendo que estaria esperando por todos nós (risos). Queria sentir o cheirinho de sabonete Phebo na sua cabeça, dizer mais uma vez o quanto eu te amo e ver a sua cara de quem não está ligando para o que está ouvindo (enquanto eu falo que te amo), mas sempre com aquele sorrisinho de lado, que sabe que a  irmã o ama mais que tudo nessa vida. 

Andreia

Houve um tempo em que eu “vivi a ilusão de que ser homem bastaria”.

texto retirado da internet.

"Ele fez tudo apropriado há seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez”. 
Ec. 3:11


Depois de certa idade você começa a entender que tudo na vida é passageiro, fugaz, demasiadamente breve. Hoje, existe; amanhã, quem sabe? Esta é uma das grandes chatices da vida, nada é pra sempre; pra sempre, como poetizou Renato Russo, sempre acaba...

Eu já vivi a ilusão de que algumas coisas na existência eram pra sempre. Ah, como isso me fazia bem... Mas não era real... Hoje penso que, às vezes, é melhor acreditar numa boa ilusão do que ter de encarar uma dura realidade. Pena que meu pragmatismo não me permita viver com tal regalia.

Houve um dia em que eu pensei que seria jovem para sempre, mesmo que meu corpo viesse a sofrer os desgastes próprios do tempo. Hoje, na meia idade, percebi que o envelhecimento não tem nada a ver com a degeneração do físico, mas com a perda da inocência, da irreverência, da anarquia, da capacidade de sonhar sonhos impossíveis.

Houve um tempo em que eu pensei que os amigos seriam amigos para sempre. Ao depois, entretanto, percebi que as amizades acabam por tornarem-se circunstanciais, algumas, inclusive, são meramente calcadas em interesses, outras, desfazem-se quando mudamos de endereço, de telefone, de empresa, de igreja... Constatei que minhas amizades, quais pedras de barro, foram se esfarelando até tornarem-se apenas poeira que cobre os meus pés exaustos de tanto chão.

Houve um tempo em que eu pensei que a paixão seria para sempre. Mas paixão é “bicho” indolente, foi feita pra voar, não para viver presa, por isso não é possível aprisioná-la na “gaiola” do coração humano. A paixão é como foguete de São João, quando despertada, rasga o céu com exuberância e desenvoltura, depois, todavia, desvanece, silencia, some na escuridão da noite do ser.

Houve um tempo em que eu “vivi a ilusão de que ser homem bastaria”. Mas aí eu cresci, senti a necessidade de ser gente, quis ser reconhecido, singular, irrepetitível. Ser gente é mais do que simplesmente ser homem, pois homens não duram pra sempre. Aos poucos, entretanto, percebi que meus sentimentos se complexificaram, que minha alma tornara-se “sofisticada”, que minha consciência, momentaneamente iludida, imaginara ter evoluído a tal ponto de prescindir do meu coração. Sendo gente, pensei, jamais serei esquecido, ignorei o fato de que tudo na existência ruma para o irremediável, sucumbe em silêncio e solidão.

Houve um tempo em que eu sentia estas coisas... Tudo isto invadia minha alma como raios de sol que rasgam as frestas da velha janela, até que atentei para o fato de que o único absoluto da vida é Deus, tudo o mais, sendo relativo, é passageiro e finito. Deus colocou a eternidade como pulsação interior no coração do homem, mas este, não compreendendo as dimensões e implicações deste estado pós-matéria, tenta tornar eterno aquilo que é apenas temporal.

De fato, pra sempre, sempre acaba, pois, no final desta estrada na qual todos nós estamos caminhando, existe uma grande placa onde estão presentes os seguintes dizeres: “Fim da Linha! Bem vindo à eternidade!”. Nesta nova dimensão pós-existencial, pra sempre é pra sempre mesmo, pois Deus assim o diz, e Sua Palavra, para mim, é mais do que suficiente para me fazer crer. E para você?...






segunda-feira, 21 de maio de 2018

Amor maior: meus caçulas

Walter Sieczko dos Santos
Victor Hugo Araújo dos Santos
Andreia Sieczko dos Santos

Família: laço indissolúvel

De tudo que eu sinto...


De tudo que eu sinto...
A maior dor, a maior saudade, a melhor lembrança, você sempre está no centro delas.
Quanta falta, meu irmão.
Quanta saudade.
Esse sentimento nunca vai acabar...

Waltinho, eu amo muito você, meu irmão... cada dia mais!

Tudo é reflexão...

Acho curioso que o homem gaste toda a vida tentando acumular coisas, pois, nu veio ao mundo, e nu sairá dele. Levará consigo tudo aquilo que é e deixará para trás tudo aquilo que possui.

Neste sentindo, a existência é mesmo implacável. Talvez por isso o sábio tenha se desiludido: “percebi ainda outra coisa debaixo do sol: os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos”. Ec. 9:11.

De fato, a vida parece, às vezes, um jogo de sorte ou azar, uma roleta russa ou uma mesa de pôquer. Viver é blefar! Não sei você, mas eu já me senti muitas vezes como marionete do destino, como joguete das circunstâncias, como coadjuvante da história, como passageiro num trem desgovernado apenas esperando o momento do descarrilamento.

Alguém já me disse que eu deveria viver cada dia como se fosse o último. Horácio, o grande poeta latino, cunhou a famosa expressão Carpe Diem – aproveite o momento – e isso pelo fato de que ele jamais voltará novamente. É o mesmo que fala o salmista no salmo 90. Ele nos ensina a contar os nossos dias de tal forma a alcançarmos corações sábios. Quem conta dias aprende a guardar suas lembranças, pois cada acontecimento deixa de ser banal ou corriqueiro; passa a ser único, singular.

Sim... Lembranças... Eu as tenho... Haverá um tempo que elas serão tudo o que me restará na vida. Creio que em alguns anos eu estarei sentado numa cadeira de balanço, ouvindo a orquestra de pássaros a cantar no final da tarde enquanto o sol se põe lentamente no horizonte. Quando este momento chegar, espero que minhas lembranças sejam como uma tapeçaria, um crochê que desvele uma vida boa, permeada de graça e misericórdia. Ainda assim, eu sei que a esta altura eu terei experimentado mais tristezas que alegrias, mais o não do que o sim, mais a lágrima que o sorriso, mais a perda que o ganho.

Flávio Venturini, em sua poesia, afirma que sonhos não envelhecem. É verdade. Sonhar talvez seja uma das melhores coisas da vida. Você pode sonhar toda uma existência com algo e ainda assim o seu sonho continuar novo. Albert Schweitzer nos ensina: “a tragédia do homem é o que morre dentro dele enquanto ele ainda está vivo”. Por isso eu lhe suplico, não morra com os seus sonhos. Se for possível, torne-os realidade!

Certa vez um homem de Deus me disse que o lugar mais rico da terra era o cemitério. Ele afirmou que lá estavam enterrados os sonhos dos homens, e sonhos são o grande tesouro da vida. De fato, no cemitério estão enterrados livros que nunca foram escritos, canções que nunca foram compostas, poesias que nunca foram proferidas, amores que nunca foram vividos, desejos que nunca foram satisfeitos.

Por isso, sonhe meu amigo, enquanto ainda há tempo! Sonhe “antes que se rompa o cordão de prata, ou se quebre a taça de ouro; antes que o cântaro se despedace junto à fonte, e a roda se quebre junto ao poço”. Ec. 12:6

Espero ao final da vida apenas duas coisas: que minhas lembranças reflitam a saga de um homem que andou com Deus no chão da Terra, com erros e acertos, virtudes e fracassos; e que, apesar da falta de forças, da pouca visão, das rugas na face e dos cabelos embranquecidos, marcas que o tempo se encarregará de esculpir no meu corpo, meus sonhos continuem pulsando dentro em mim, pois jamais quero perder o desejo de encontrar com o meu Senhor, de receber aquele abraço que só os filhos ganham quando retornam para casa.

Carlos Moreira



A maior viagem que fiz foi mesmo para dentro de mim



Virei mundos atrás de um fôlego de vida, mas a maior viagem que fiz foi mesmo para dentro de mim. Andando por ruas desertas encontrei imagens que o tempo apagou, todas estampadas em letreiros desbotados, sucatas da alma, fantasmas moribundos, já não assombram mais, morreram de tristeza e desgosto.

Eu já fui um e já fui muitos. Fui pedaço, partido, perdido, fui inteiro, certeiro e conciso. Andei em voltas, fiz revoltas, espalhei pedras e grafei palavras. Se soubesse pintar e tivesse um pincel de pintor, eu faria quadros e retratos, deixaria marcas em paredes lisas e pálidas. Mas como se diz: meu ofício é outro.

A sabedoria do silêncio não compensa a angústia da solidão, pois quem observa estrelas jamais construirá calçadas. Na régua da vida, uma noite não é nada: nem um traço, nem um paço, apenas espaço. E foi por muita insônia que descobri que há homens que nascem prontos, já outros, precisam fazer-se, camada a camada, sobreposições cuidadosamente esculpidas no tecido dos dias.

A rima do poeta é mimética, suave, mas o texto do cronista é angústia. Nada é pior do que falar e não dizer, juntar palavras, mas não expressar. Flexionar o verbo é fácil, usa-se a regra como álibi. Difícil é imprimir-lhe significados, resgatar os sentidos que rasgaram a carne no êxtase do instante.

O drama do tempo é ter memória, pois recordar é sofrer duas vezes o mesmo mal. Se não me faço entender é porque, ou você andou pouco, ou dormiu demais. No fundo, o que me aflige, são os modelos prontos, pois percebi que o cemitério da mente está nas prateleiras das lojas. Pegue, pague, peque, tudo é rotina, tudo é rapina, devaneio e desprazer.

Se eu pudesse, ao invés de andar para frente, andaria para trás. No futuro, posso fazer ainda mais tolices do que fiz até agora. Voltando ao passado, todavia, talvez fosse capaz de concertar erros que ficaram gravados na imensa lousa de bronze. Mas o relógio, como se sabe, é obtuso em seu trabalho, nunca se cansa, nem reclama, segue devorando tudo, até mesmo o tempo.

Se eu juntasse as peças, talvez, a figura do esboço ficasse mais clara. Mas há pedaços em todos os cantos, até embaixo do sofá! Por isso é melhor ir no improviso, tateando entre ruas desertas e becos sem saída. No final, se não for como desejava, não devo ficar chateado. Como imaginava, quem foi que disse que havia alguma garantia? 

Texto de Carlos Moreira


domingo, 20 de maio de 2018

Pentecostes 2018

 Atos dos Apóstolos 2: “Depois que Cristo subiu aos céus, os discípulos, reunidos, receberam o Espírito Santo”. 
Naquele momento, os primeiros cristãos receberam a força que encheu seus corações e fez com que criassem coragem e pregassem a mensagem de Jesus. 
 Igreja de São Camilo de Lelis
RJ

Com certeza... só quem passa, sabe o que é...


Deus é Mais


sábado, 19 de maio de 2018

Quem foi que disse que o traço perfeito tem de ser reto? #texto retirado da internet

Quem foi que disse que o traço perfeito tem de ser reto? Há muito mais beleza nas curvas, no “torto”! Cartilhas do viver, convenções, estereotipagens, tudo bobagem. Quem é andarilho da vida sabe que há planos que se fazem enquanto se caminha, o destino nem foi alcançado e já há mudança de rotas.

Talvez isso seja nossa herança cartesiana, tudo sensato demais, lógico demais... Num mundo dominado por máquinas, os sentimentos viraram software, esboço automatizado do que um dia existiu como desrazão no coração. Em nosso tempo, até amar é mecânico, previsível e chato.

Odeio a ditadura, sobretudo aquela que tenta serializar o pensamento. Neste sentido, ninguém consegue ser mais fabril do que a religião. A fé deixou de ser uma expressão da relação pessoal com o sagrado para se tornar um conjunto de normas e fluxos aceitos pela convenção do sindicato do clero. Quem crer diferente, está fora! Basta ser normal para não caber na “caixa”...

Os anos, creia-me, passam depressa depois dos quarenta. Um dia hoje vale muito mais do que valia há dez ou quinze anos atrás. Eu olho com interesse redobrado o caminho que trilhei. Quando se é jovem, não há motivação para se guardar nada. Ao depois, todavia, surge certa sensação de perda, dá vontade de colher os pedaços de nós que vão ficando pelo caminho para depois colar e vê no que dá.

E foi olhando para dentro de mim, para os muitos “eus” que compõem o mosaico de quem sou, que percebi essa enorme desarrumação! Sim, eu já fui Quixote um dia, amante dos impulsos, poeta pessimista, lutando contra moinhos... Mas também fui apolíneo, um Hércules invencível, aquartelado em fortalezas miméticas, prisioneiro do saber e da razão.

Há uma glória, contudo, que não me pode ser negada: a de que eu fui muitos e único, nunca existi para fora, fugi o mais que pude dos recursos estéticos que plastificam a vida. Na minha incoerência, sempre houve coerência, eu expus no letreiro toda a anarquia interior que, na fábrica do coração, um dia, se fez amor e paixão.

Portanto, não me amole, não me esfole, nem me moleste com seu senso de perfeição. Não me diga que não dá para ser desse jeito, que é preciso recondicionar minha alma para que o apetite pelo démodé se torne prato do dia. Fique com seus códigos, no meu sistema, o caos é o padrão, não há rotas, a nau se entrega as correntes e vai...

Hoje eu sou, mas, amanhã, quem sabe? Hoje é assim, contudo, tudo pode mudar! Hoje acredito, mas posso vir a duvidar... Já tens quase tudo de mim, não me tire essa loucura derradeira. Há tantas câmeras me filmando, quase me tornei controlável, dá-me, então, um pouco de espaço para ser o que você tem medo até de pensar.

É que “pau que nasce torno” não vira mobília em museu, só serve para ser vara de boiadeiro rasgando o chão duro da Terra, comendo barro e poeira, descobrindo o sabor das manhãs... 

#texto retirado da internet




Pense e Reflita...


sexta-feira, 18 de maio de 2018

Francisco Chico Xikito - estudando com a mamãe





O que me dói...


O que me dói?

O que me dói é: me preparar para o mundo e o “mundo cagar pra mim”. O que me dói é perder tanto tempo pensando no mundo, em quanto o mundo não pensa em mim. É conjecturar planos, perder eficiência imaginando ciências e no fim, saber que a suposta prognose nada mais foi que um surto entre mim e eu mesma. Voei para o mundo com tantos planos, e quando olhei para o lado, estava sozinha. Fiz augúrios contando com o par, e no fim, fui meu próprio fantasma, minha própria companhia. Por que então, depois de tanta proficiência, me encontro outra vez no mesmo contexto ímprobo? São tantas provas assim mesmo? Por que será que ainda não aprendi? O que mais devo esperar? Ver até aonde pressupõe-se que estou pronta para mudar de fase? Fases? Faces? A cada dia que passa me sinto mais ímpar, lugente, atormentada com questionamentos sem fim. Afinal, por que estou aqui? Não faço mais parte da esquadra que domina o mundo... mundo? Que mundo? Para quê o mundo? O mesmo mundo que desdenha meus sentimentos? Que continua cagando e andando para meu fastio... Quero ir, quero partir, porque não faço mais parte desse todo. Quero encontrar as respostas que eu procuro e encontrar a parte que verdadeiramente me falta. Coisas hão de acontecer porque no mundo tudo é dinâmico... o mesmo movimento que me expurgou do contexto, um dia há de me envolver em novas esferas.  Só que este tempo de entressafra está corroendo o que ainda resta de mim. Não estou nem lá, nem cá... suspensão... estou em suspensão e isso me aflige. Não sou nem viva, nem morta, nem jovem, nem velha, nem louca, nem sã. Por que me dói estar assim com o mundo?  Enquanto eu choro, o mundo urge, vive, realiza, germina a cada segundo, e eu aqui, na inércia da espera, achando que tudo isso parte apenas de um teste de paciência. E então eu pergunto de novo: pra quê, por quê? O tempo que passa é o mesmo que extravasa o nada. Tudo depende, tudo é talvez e não consigo lidar com essas regras.  Preciso parar de pensar no mundo, preciso olhar pra mim mesma até encontrar o que está perdido dentro de mim. O mundo não quer saber de mim, sou apenas mais uma caminhante angustiada, entre tantos outros... os que ainda não chegaram a este ponto, um dia haverão de chegar, se antes não morrerem, enlouquecerem ou deixar-se levar... o mundo não tem compaixão, o mundo é mundo por si só, e é por isso que ele é mundo. O tempo passa, o tempo sempre passará, e quem eu já fui, não existe mais, e quem agora sou, estou procurando conhecer.


                                                      Quem um dia eu já fui.

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Quando vier conversar comigo #texto retirado da internet


Quando vier conversar comigo, não me cite versículos, cite-me os poetas. Quando quiser algo da bíblia, vou diretamente a ela, de você, quero saber sobre a vida.



“...Que se assente ele, sozinho, e fique calado...”. Lm. 3:28 - Carlos Moreira

“...Que se assente ele, sozinho, e fique calado...”. Lm. 3:28

Quando a tragédia nos abate nós queremos respostas, queremos que investiguem, que uma explicação plausível possa ser apresentada. Por que comigo? No dia da angústia queremos saber de todas as razões, queremos que Deus fale conosco, nos apresente seus motivos. Mas Deus não é o Google! Ele não tem que lhe responder nada, não está obrigado a prestar qualquer tipo de informação ou esclarecimento. A Escritura ensina que o melhor a fazer em meio a calamidade é calar. Foi isso que fez Jeremias, autor da frase acima, em meio aos destroços de uma Jerusalém destruída, mortos em todos os lugares, mães que, em desespero, comeram seus próprios filhos. E o profeta vê aquilo, lembra da bondade de Deus, acha tudo inexplicável, sem sentido, sem razão, e fica calado. O silêncio produz reverência pela dor, quem se cala se rende, admite que não é “por força nem por violência, mas pelo meu Espírito”. Sim, calar e contemplar o que sucede é o melhor a fazer, a estupefação do vitimado, diante da tela na qual está expressa a tragédia da vida, é de uma beleza ímpar, mas nem todos podem ver... De certo, murmurar não resolve, se lastimar é coisa de quem não entendeu que a existência é feita de estações, em algum momento, o sofrimento vai nos encontrar, como bem disse o poeta “Vida que vai na sela dessas dores”. O silêncio é bom companheiro nas horas difíceis, ao depois, produzirá frutos de esperança. Jó fez de seu desastre pessoal um palco para declamar as suas inquietações, dias depois, todavia, afirmou “Falei do que não conhecia, coisas maravilhosas para mim”. O Salmista afirma “Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez essas grandes e temíveis coisas, que os teus olhos têm visto”. Se você crê, então espere o livramento, a misericórdia há de brotar como o sol de cada manhã, aquele que conspira a seu favor fará com que o fel da maldade se converta em mel e doçura para o coração, nunca vi ninguém que ama a Deus não tragar da calamidade gotas de orvalho para o chão onde a alma se assenta, o unguento do socorro chegará, mais dias, menos dias. Para, portanto, com tua verborragia, fique em silêncio, como bem diz Jeremias, no verso 29 do capítulo citado, “Talvez ainda haja esperança”. Decerto, eu creio, sua bondade ainda há de nos alcançar.


Texto de Carlos Moreira


Carlos Moreira - Pense nisso...

Estamos vivendo um momento de aridez intelectual. Assombra-me a incapacidade dos que lideram a igreja em debater questões prementes de nosso tempo, ou por total falta de conhecimento, ou por total falta de comprometimento. Precisamos de uma teologia que salve não só a alma, mas também a mente das pessoas. Se a consciência não muda, estamos formando robôs e não discípulos! Como bem citou Anselmo de Cantuária "Não estudamos para crer; estudamos porque cremos". 

Pense nisso...

#texto retirado da internet

Carlos Moreira 





Texto de Carlos Moreira

Quem me vê sorrindo, não conhece os meus dramas; quem me vê sonhando, não discerne as minhas limitações; quem me vê chorando, não entende os meus motivos; quem me vê sofrendo, não compreende as minhas razões.

Hoje estou me sentindo como Sansão, vencido pelos dilemas, soterrado por contradições. Estou girando em torno da roda de moinho da existência. Já dei várias voltas ao redor do mundo sem sequer sair do lugar. Sim, eu sei que há dias nublados, cinzentos, há dias de dor e solidão, “tempo de chorar e tempo de sorrir”...

Descobri, já faz algum tempo, que eu sou de osso, não de aço. Não faço parte desta geração que não sente dor, que não sente medo, que não fica doente, que não peca, que não se contradiz. Fui formado em uma “forma” diferente, sou o mais comum dos comuns, ainda permaneço como substância informe, meu interior é coberto de sombras e silêncios, sou ser por fazer-se, incompleto, inconstante, imperfeito.

Estou com fome de vida, preciso de um gole de esperança. Sinto dores por fora, calafrios por dentro. Talvez você não entenda o que é isso, pois provavelmente você foi feito numa outra “linha de produção”. Você é mais maduro, mais moderno. Eu não. Eu sou ser da terra, feito do barro, criado do pó. O Espírito Eterno soprou em minhas narinas e eu ganhei um pequeno fôlego de vida, coisa passageira, tênue. Logo, logo, eu sei, ele se extinguirá.

Já andei pelos lugares altos, e sei também o que é se arrastar com a cara no chão. Aprendi a viver mais com o não do que com o sim. De tanto apanhar da vida, acabei aprendendo a dar significados as minhas derrotas. Eu vivo de restos; aquilo que outros desprezam eu colho como frutos de misericórdia. Tenho semeado com lágrimas, por isso ainda espero um dia colher algo com um pouco de alegria...

Há momentos em que eu me sinto como alguém que caminha pelo deserto, um beduíno, um andarilho sem destino. Eu não sei qual foi a porta que eu abri mas, quando dei por mim, já estava aqui. Curioso, também, é que eu não sei como sair; as portas daqui só possuem maçanetas pelo lado de fora! Aqui é todo canto e lugar nenhum...

Deus é a minha esperança, e isso é tudo o que a minha alma sabe. Enquanto o pó da existência se acumula nos meus pés cansados de tanto caminho, lembro-me das palavras do “pequeno príncipe” – não o de Exupery – e faço a minha prece: “prepares para mim uma mesa na presença dos meus adversários, uma mesa no deserto, e então derrame óleo sobre a minha cabeça para que o meu cálice transborde”.

Ensina-me, eu te peço, a viver com retidão, a não desprezar a correção, a meditar em tua palavra e a guardar puro o meu coração. Eu sei que se isso eu fizer, certamente “bondade e misericórdia me acompanharão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”.

Quem puder entender, então que entenda... Quem não puder, apenas leia... Quem não ler, melhor fará...


texto de Carlos Moreira 

Eu concordo


Obra 100%

                                             Todos trabalhadores com EPI




 Obra sinalizada!!!!!



Amo demais