sábado, 28 de abril de 2018

Viagem MG: São João Del Rey 28/04/18

 Depois de um dia de viagem, parando em algumas cidadezinhas de Minas, chegamos em São João de Rey - cidade que não visitava há muitos anos. Continua linda, fresca e hospitaleira.

 A gastronomia continua sendo o ponto forte da cidade, assim como as belíssimas igrejas no estilo barroco. Igrejas do início da colonização, ornadas com muito ouro extraído das Minas Gerais.
Muito bom viajar com meus amigos!!!!
Estava precisando de um respiro...

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Visita MIC & MRP


Que bom é poder recebê-los

Que bom é poder contar com essa amizade!!!

Sejam bem vindos, Inês e Marcelo:



Un gusto poder tenerlos en mis cuidados!!!!
Sean bienvenidos siempre, aqui también teneis una casa!!!! Sepas que estaré siempre aqui y que mamá los quiere mucho!!!

O que será de 2016 e 2017? Histórias minhas, histórias nossas... Waltinho e Andreia Sieczko


Até hoje eu não sabia o que escrever a respeito de 2016 e o ano de 2017. Mas hoje, com certeza, afirmo que em 46 anos;  foram os anos mais difíceis da minha vida. Foram meses de aprendizado, de luta, de dor, de tristeza, desespero, fé, oração, grandes batalhas... lágrimas e saudade. Em maio de 2016, meu irmão, meu primeiro amigo, minha base, minha referência, minha maior herança, meu caçula, meu bebê, meu Manequinho, o meu irmão Waltinho descobriu um câncer em estágio IV. Até então eu não tinha a mínima idéia do que isso pudesse significar: um grau altíssimo de malignidade, uma metástase primária no pâncreas, e já afetando parte do fígado. Não... não é, não pode, não é possível... nunca nem ninguém em minha família, nem por parte de pai, nem por parte de mãe, nunca, ninguém jamais teve contato com essa doença, não pode ser, impossível. Então o que era impossível aconteceu, e começamos a estudar para conhecer do que se tratava essa doença, o que esperar, como lutar, quais as chances de cura ou então sobrevida. O desespero veio depois da negação - porque eu não conseguia acreditar que meu irmão estava com câncer. Esta palavra ainda hoje me causa enjoo... vai me causar, sempre... volta tudo, num piscar de olhos, todo o sentimento cai em mim, como uma tonelada de pedra maciça... Meu irmão já tinha tido 2 pancreatites nos 2 anos anteriores, era diabético, mas jamais, em hipótese alguma eu pensei que o pior pudesse acontecer ao meu irmão caçula. Graças a Deus, por intermédio da Graça e Misericórdia de Jesus e Nossa Mãe Maria, eu estava pagando o plano de saúde do meu irmão... um plano regional, não era o mais caro,  mas que podia oferecer o conforto de um atendimento particular. Naquele momento inicial, eu acreditava com muita fé que nunca, jamais eu perderia meu irmãozinho. Waltinho começou o tratamento de quimioterapia, e Jesus, como era triste saber que meu irmão estava passando por aquele tratamento tão cruel, meu neném se sentia mal, tão enjoado, cada vez mais magrinho, que dó, meu Deus. Que vontade de botar meu irmão no meu colo, e protegê-lo dessa doença, tomar pra mim o seu lugar, porque ver meu irmão caçula, tão lindo definhando, foi como ver eu mesma, ou um, filho (aquele que eu não tive), um pedaço de mim perdendo o viço da vida. Não tenho filhos, mas tenho um amor enooooorme pelo Waltinho. Ele saiu da barriga da mamãe para mim. Meu irmãozinho era meu desde o momento que nossa mãe chegou com ele da maternidade e o deu pra mim. Era meu. Meu irmão, meu Manequinho, meu bebê. Nunca senti ciúmes de filha mais velha, porque nunca houve motivos que pudesse justificar ter ciúme do que é seu. E minha mãe o deu para mim. Ponto!
Waltinho sempre foi meu boneco preferido, ele destruía minhas outras bonecas, e eu dava cascudos nele. Mas nunca deixei que ninguém mais desse cascudos nele. Na escola, ele chamava a irmã mais velha dele (" Eu ") pra bater nos coleguinhas que mexiam com ele, ou que pegavam os brinquedos dele e não devolviam. Eu me sentia tão bem, tão valente protegendo meu irmão, que eu cresci assim... Eu era forte e valente, o protegia de qualquer menino da idade dele - ou da minha... não tinha conversa. Ele era meu irmão caçula e minha missão era cuidar dele. Quando nossos pais se separaram, nossa mãe virou nosso pai, e eu meio que virei a nossa mãe. Minha mãe estudava e trabalhava, e Waltinho e eu íamos pra escola juntos, e de tarde eu tomava conta dele e de mim. Fazia a comida, pra minha mamãe levar na marmita e para nós, eu tinha 9, 10 anos e passamos por momentos difíceis naquela época. Meu pai nunca ajudou, nunca pagou pensão alimentícia para mim e para o Waltinho. Minha mãe o executou algumas vezes na justiça - Vara de Família -  mas ele preferia ir preso que pagar comida para os 2 filhos que eram dele. Isso fez de nós, trabalhadores precoces (Graças a Deus). Minha mãe foi uma grande guerreira, e nos ensinou que as lutas, nos fazem fortes. Depois que começamos a trabalhar, fomos à justiça e "liberamos" nosso pai da árdua obrigação de alimentar os filhos menores (ainda).
Desde muito cedo aprendemos que devemos trabalhar para sermos pessoas íntegras e independentes. Apesar de todo o desprezo do nosso pai, amávamos ele... mas em nada na minha vida eu me sinto devedora de gratidão à ele. O pouco que conquistei, devo a Deus e a minha mãe, Nina, que sempre me ensinou a ser uma mulher livre e independente de qualquer pessoa, mesmo que fosse meu próprio pai. Uma vez eu lembro que estávamos voltando da praia (Waltinho, nosso pai e eu) discuti com meu pai no carro, pois ele se recusava a ajudar pagar meu curso de inglês. Eu fui respondona (como sempre, Graças a Deus) e ele parou o veículo e me expulsou do carro. Eu tinha 11 anos. Puxei o Waltinho pra fora do carro também (o irmão é MEU)... e tivemos que andar bastante pra chegar até a casa da tia Armida. Depois daquele dia, minha mãe nunca mais deixou que eu saísse com nosso pai, pelo menos sem as moedinhas para pagar 1 passagem de ônibus (passaríamos juntos na roleta, Waltinho e eu) e uma ficha telefônica da Telerj... caso o dinheiro da passagem não fosse o suficiente pra gente voltar em segurança. Sabe o que eu sei ? Eu sei que quem pagou o meu curso de inglês foi minha mãe... com muito esforço. Ela era estagiária num escritório de arquitetura, e aos sábados, íamos com ela para o escritório... ficávamos sentadinhos num banquinho lendo revistinha, e minha mãe fazia limpeza no escritório onde durante a semana era desenhista estagiária. Passava o aspirador de pó, limpava os banheiros e o investimento desse dinheirinho, me trouxe profissionalmente onde eu estou agora. Ao meu pai, meu muito obrigada, pois o desamor dele me fez forte, o desdém dele fez de mim um "soldado". Mas minha mãe, fez de mim uma guerreira que jamais foge à luta. Nesse meio todo, tinha o Waltinho, um menino doce, que não nasceu com a minha petulância. Isso fez com que eu o protegesse... era meu irmãozinho... e eu era a irmã mais velha.
Assim fomos, seguindo adiante, aos trancos e barrancos. Se meu irmão não estudou, foi apenas porque ele não quis... pois nossa mãe pagava os cursos que podia, mesmo com pouquíssima condição financeira. Mas mesmo o fato do Waltinho nunca ter gostado de estudar, não fez dele uma pessoa inferior. Waltinho era um menino que conversava sobre tudo, e assim, como eu, começou a trabalhar muito cedo (graças a Deus). Nunca fomos encostados... até porque a vida nunca nos proporcionou essa opção. Os anos foram passando, logo nos tornamos adultos e fomos para o mundo. Minha mãe venceu no quesito nos alimentar, nos criar, e nos preparar para as vicissitudes da vida. Nunca disse que o mundo seria cor de rosa, e que numa esquina qualquer, eu encontraria um príncipe encantado. Minha mãe me direcionou para ser resistente, resiliente, um ser capaz de enfrentar os obstáculos e crescer sempre... ficar parada no meio do caminho, nunca poderia ser uma opção.
E durante toda minha vida, até hoje, 27/04/2018, eu continuo lutando pelo meu espaço, pela minha vida, pelo meu trabalho, pelo o que eu acredito, pela justiça que hoje eu busco pela vida/morte do meu irmão. E fui o apoio do Waltinho. Ele sempre soube que tinha em mim, um porto seguro, e que eu sempre estaria de braços abertos para amá-lo, acarinhá-lo, para protegê-lo. Meu irmão foi meu bebê, meu primeiro amigo; e ele me via sempre como a irmã mais velha que o resguardava. Era só ele me chamar. Era só ele me ligar. Meu irmão escolheu morar longe, mas essa distância nunca nos separou.  Apesar da saudade cortante, latente e infinita, eu agradeço todos os dias pela oportunidade ter vindo a este mundo como sua irmã. Eu lamento muito, mas muito mesmo, a maneira que meu irmãozinho foi embora deste mundo. Ele não foi respeitado. Ele não foi ouvido, foi tratado como um cachorro eutanasiado. Meu irmão queria viver, queria lutar... Waltinho é um guerreiro... e guerreiros jamais fogem à luta. O que restou,  são as lembranças de uma vida dura, mas uma vida que fizemos ser maravilhosas lembranças das nossas brincadeiras, da nossa infância e da nossa juventude. Isso, ninguém pode tirar de mim. Os abraços, as mãos dadas em oração no hospital onde praticaram a eutanásia dele, vão ficar pra sempre no meu coração. A luta não vai acabar enquanto minha mãe, eu e a última pessoa da nossa família respirar. Ninguém é Deus, e ninguém tem o direito de decidir a hora que outra pessoa deve partir - ainda mais sem dar a chance de escolha ao doente. Waltinho sempre foi um menino bom, mas foi tolo ao deixar-se enganar... acreditou na pessoa errada. Mas para esse gesto, eu conto com a justiça Divina. Deus sabe de todas as coisas, e escolhe a recompensa dos ímpios.

Eu sei que eu sempre vou te amar... sua mãe, sempre vai te amar, tia Armida, tia Lamia, nossa família sempre vai te amar. Nossos amigos de infância, sempre vão te amar... Só que enquanto isso, Waltinho, a saudade vai machucar todos os dias, não tem jeito... dói em mim, na nossa mãe, na nossa família, no silêncio que cala o desespero por NÃO ter tido o direito de me despedir de você. Você tem família, meu irmão... alguém cuidou de você, te amamentou, te ninou, te ensinou a andar e a falar. Eu brinquei com você, vivi os melhores anos da vida de qualquer ser humano ao seu lado. Eu desprezo veementemente a crueldade das pessoas que o afastaram de mim. À essas pessoas, meu mais profundo sentimento de nada, de vazio, vácuo, zero... Que Deus tenha piedade das maldades que fizeram. Eu só tenho as melhores lembranças, os melhores abraços, seu cheirinho de sabonete phebo e o quentinho das suas costas magrinhas, enquanto eu te aninhava em meu peito, e rezava contigo. Meu querido irmão, recebe pra sempre e a todo momento, meu amor infinito, todo meu carinho e cuidado. 

Nunca eu vou deixar de ser sua irmã mais velha, eu nunca vou deixar de te amar e sempre que você precisar, sabe que é só me chamar.

Quanta saudade, Waltinho. 
Meu Senhor, dái-nos forças!