sábado, 14 de abril de 2018

O Sádico, a gota e a Formiguinha


Talvez algum dia deixe de doer... talvez essa dor veio para amenizar a anterior. Talvez seja tudo um jogo, um plano, uma maneira de brincar comigo, me tirar do ar, lançar um novo enigma, ou rir da minha cara. Eu não pedi isso, eu não procurei, não busquei, repito, nunca foi premeditado. Talvez o ostracismo fosse a minha melhor defesa... e eu me defendi. Mas não foi o suficiente para que eu não fosse atingida. Fui ferida, bem onde eu já estava totalmente destroçada. O que querem? Qual é a charada? O que ainda querem de mim? Às vezes me sinto uma cobaia em experiências terrenas... Assim como eu faço com as formiguinhas, que fogem do tsunami de gotas d´água que atiro contra elas, em cima da pia,  enquanto tranquilamente escovo os meus dentes. Ali para elas, o mundo acabou... sadicamente, tento imaginar qual será a próxima estratégia da formiguinha para superar o infindo obstáculo, que para mim, não passa de uma ínfima gota de água, uns respingos. E depois, seco a boca, passo batom e saio pra viver, enquanto a formiga tenta sair da bolha de água... não sei o que acontece com ela... nunca parei para pensar na vida da formiguinha, pois pra mim, ela é insignificante. Assim hoje me sinto. Fico perdida, sem saber o que fiz de errado para ter que viver e/ou superar mais essa experiência... Por quê? Pra quê? Quem é o sádico que hoje toma o meu lugar, enquanto eu me transformo em formiguinha, tentando entender, sobreviver, ser mais rápida que a gota d'água que fecha os meus caminhos? Até onde o Sádico tem a paciência de me testar, de ver como me viro diante das adversidades que cruelmente e sem nenhum nexo, ele oferece pra mim; apenas para ver como eu me saio em situações adversas... Neste momento, tento transpassar as moléculas dessa gota d'água, preciso suplantar e demonstrar mais uma vez o quão forte sou. Mas me sinto afogar, não tenho ar, não tenho forças, não tenho vontade de sobreviver, mas não tenho coragem de me deixar. Algo que vem de dentro, me impulsiona, me joga pra frente e não tenho outra alternativa que não seja lutar. O dia urge, o sádico esquece minha presença, renovo as forças, continuo a peleja para me livrar da gota. Por fim, enfim me sinto salva, longe das vicissitudes - por hoje acredito que seja o bastante.
Amanhã, quando eu deixar de ser formiguinha, vou me lembrar do sufoco que elas passam, quando eu brinco com a vida delas, enquanto escovo os dentes...



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