domingo, 2 de fevereiro de 2020

O Blog faz 11 anos


O texto abaixo foi do ano passado... fora os 10 anos do Blog - que eu pensei que fizesse esse ano de 2020 e na verdade, hoje já faz mais 1 ano = 11 anos. Vou repetir o que escrevi no ano passado: Meu Deus, quanta coisa mudou nestes últimos 11 anos, eu não lembro mais de como eu era antes, eu não sou mais quem já fui há 10 anos atrás... o blog mudou, a vida mudou, eu mudei... minha vida era TOTALMENTE diferente do que eu vivo agora. Nunca pensei que uma pessoas pudesse mudar tanto... nem tanto "a pessoa", mas a vida da "pessoa". É claro que a essência está escondida em algum lugar dentro de mim, mas a realidade da vida nos mostra o quanto a vida dá rasteira na gente. Hoje eu contabilizo muitas dores, muitas decepções... minhas alegrias estão esquecidas num passado tão longínquo quanto inacessível... só me restam as lembranças de quem eu já fui e das coisas que eu vivi. Estou tão cansada, mas tão cansada, que eu não sei se esse cansaço é normal ou se é outra coisa. Minhas esperanças em dias melhores, são ínfimas, parece que não tenho mais "torque" pra sair em busca do que acho importante, pois minhas prioridades mudaram e o que era tão importante "ontem", já não faz mais sentido hoje. Levantar-se após uma queda, era tão normal... e no presente faz-se tão dificultoso... Não sei se é a idade, se é o peso das tristezas, das decepções, perdas... ai, que saudade de quem eu era... tão forte, tão impetuosa, onde foi parar aquela força que eu esbanjava tanto? Como minhas prioridades mudaram, a sobrepujança da juventude, tudo, tudo era tão diferente. Minha mãe diz que isso tudo vai passar e que eu vou ficar melhor... não sei se ela diz isso para me animar, porque eu a vejo tão cansada também... talvez queira me dar força, me fazer acreditar que a tristeza um dia vai passar. Mas eu duvido muito disso, só não posso contar isso a ela... Façamos de conta que estamos bem, que a vida segue seu rumo normal... como aquela música, versão do Fabio Jr.:

Sorri
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos,
vazios
Sorri,
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri,
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados,
doridos

Sorri,
Vai mentindo a tua dor
Que ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Assim, vou seguindo mais um ano, deixando aqui nesse cantinho, minhas experiências sobre minha história, eu preciso escrever para não enlouquecer. Eu preciso escrever para nunca esquecer e agora, mais do que nunca, registrar a minha vida com o Waltinho, meu querido irmão, meu primeiro e mais amado amigo, minha maior herança e a melhor parte de mim; porque  depois que meu irmãozinho se foi, um pedaço grande da minha existência foi embora com ele. Nada nesse mundo tem mais importância do que as lembranças que eu tenho com o Waltinho. Nada, absolutamente nada é mais importante pra mim, do que a história que vivemos e compartimos. Existe uma Andreia antes do falecimento do Walter, e outra Andreia após a tragédia que foi a passagem dele. Eu nunca vou entender porque tanta crueldade, tanto egoísmo... eu não pude me despedir do meu irmão canceroso, por causa de uma alma sebosa e egoísta. Ele ia morrer, fato! Mas ele podia ter morrido segurando a minha mão, sendo abraçado e acariciado pela nossa mãe. Nosso sangue, nossa família base, nosso início, ali com ele, rezando, se despedindo, entregando ele nos braços de Nossa Senhora... mas infelizmente a história não terminou assim. Nem soubemos da morte do Waltinho, nem pude comparecer em seu enterro, meu irmão foi enterrado numa cova rasa, ridícula, indigna, para quem tem uma jazigo perpétuo da família Sieczko. Os restos mortais do Waltinho, foram comidos por ratos, indigno, cova rasa e ralé... Isso é fato, e contra fato, não resta sequer um argumento. Tudo isso por crueldade e egoísmo de uma pessoa seca e asquerosa, que tirou de mim, a irmã de sangue e da nossa mãe, um direito natural  (se é que enterrar um familiar mais jovem é natural). Isso nunca terá perdão. Meu irmão não era um pedaço de carne pra ser tratado como propriedade, ele tem família. A morte do Waltinho não foi apenas a morte do Waltinho... Isso é uma novela mexicana sem fim, que traumatizou toda uma família e que deixou cicatrizes latentes, todo dia, sangra... Eu não pude dar adeus, eu não pude ver meu irmão pela última vez, meu irmão poderia ter falecido de câncer no pâncreas, com metástase no fígado, baço, peritôneo... mas ele foi sacrificado antes do tempo, como um cachorro, por pessoas vis, a quem entrego nas mãos de Deus para que recebam um julgamento justo. Eu confio na Justiça de Deus, porque eu creio em Deus e se Deus me deu o Waltinho como irmão é porque teve um propósito, mas o livre arbítrio de seres desumanos sobrepujou os direitos de uma família inteira, e eu creio que isso terá um preço. Eu não consigo mais ser quem eu era antes, eu não consigo conviver com a falta do adeus que era meu direito dar. Gente ruim o mundo tá cheio, mas não deveriam ter mexido com meu irmãozinho. Eu rezo a Deus todos os dia por justiça. Eu creio. Nada do que possam falar, justifica esse ato horroroso, falta de empatia, falta de respeito, nem todos os anos de vida que me restam em terapia, poderá me fazer entender esse desatino. Há 11 anos atrás, eu tinha meu irmão, eu tinha uma vida mais intensa, mais alegre, hoje, infelizmente, não tenho mais o que comemorar. Meu Blog hoje é um arquivo das minhas memórias, uma forma de manter o Waltinho vivo, em cada palavra minha... E se algum dia, se eu chegar a ficar velhinha, que eu tenha olhos para ler e relembrar tudo que vivemos juntos. Meu irmão, WALTER SIECZKO DOS SANTOS, meu bebê, meu Manequinho de verdade, meu primeiro amigo, minha maior herança, definitivamente a melhor parte de mim. Quanta saudade, meu irmão, quanta saudade... 





Há 10 anos atrás eu ainda era uma menina. Há 10 anos atrás eu ainda era uma pessoa feliz, sem nenhuma perda significativa. Eu era ímpar, altiva, cheia de si... Eu era alguém que hoje, já ficou pra traz. Eu não me lembro quando eu era antes, do que sou agora. Meu Blog mudou, a vida mudou, eu mudei. Estranho ler o início do Blog em 2009... minha vida era totalmente diferente do que é agora, meus pensamentos, completamente diferentes, meus desejos, o sentido que eu tinha da vida, minha vida familiar, profissional, pessoal... o meu eu de hoje não cabe em quem fui ontem, e vice e versa. E posso comparar facilmente com todas as palavras escritas aqui nesse meu cantinho, que nem sei porque comecei, e nem sei como consegui extrair tanto de mim. E continuar exprimindo como um espelho de minha alma. Esse Blog fala tanto de mim, que chego a pensar se é seguro manter tantos sentimentos expostos em palavras. Algumas vezes, eu pensava se esse cantinho se perpetuaria, se eu conseguiria tempo e paciência em exportar sentimentos, mágoas, dores, desejos, sentimentos, esperança e algumas alegrias. E eu coloquei muito mais que isso... eu consegui escrever por 1 década! Meu Deus, quanta coisa tem aqui. Um manual de instruções para minha pessoa, de mim para mim, de mim, para o mundo, de mim para os amigos e eventuais leitores que por um descuido passaram por aqui. Quantas experiências, quantos causos, quantas e quantas lembranças... Ahhhh, minhas lembranças! Todas tão minhas, embora livremente escritas para qualquer um ler... mas quantas histórias escritas entrelinhas... Tudo o que está escrito aqui, foi vivido por mim, cada linha, eu senti, eu vivenciei... e embora alguns possam achar que não tenham início-meio-fim, tudo tem um porquê, tudo tem um motivo, uma história, uma razão de estar aqui nesse meu cantinho, meu Blog, meu lugar no ciberespaço. Talvez não tenha importância para a maioria das pessoas, talvez, julguem excesso de exposição.. mas e daí? Te garanto que tem muitas outras histórias, contadas subliminarmente em cada post... e um desavisado, nunca vai saber interpretar o manual da minha história... E também, estou pouco me ligando para o julgamento de quem lê. O Blog é meu e ele nunca reclamou de mim... Cada vez que eu entro aqui, e clico em uma nova postagem, eu sei que meu Blog se alegra com esse pequeno gesto. Mesmo quando eu venho extremamente triste, com tanta água nos olhos, que as letrinhas ficam turvas... e nada eu consigo ler. Minhas palavras sentem o peso da cada lágrima que rola rosto abaixo... cada ruga e cada marca de expressão que ganhei nos últimos 10 anos, o Blog não reclama de mim, meu Blog não me julga, não se importa com o teor das postagens, ele vai guardando minhas memórias, não importam se boas ou más... apenas guarda minhas lembranças e sentimentos. Tá tudo guardadinho aqui! E eu somente agradeço por este espaço, por todos os anos que chego aqui para guardar um bocadinho de mim. Meu Blog tá crescendo, ficando rapaz... e minhas histórias começam a pesar... estou ficando velha, cada dia que passa, a saudade vai tomando conta da minha vida, a dor da perda do meu irmão, vai apertando o meu peito, e em nada pareço com a mulher impetuosa que escrevia contos de amor. Meus desejos hoje se tornaram interiores, olhar cada vez mais para dentro de mim, não sei como será ano que vem, nem sei quem serei daqui há 10 anos pra frente... nem sei se estarei caminhando por aqui. Mas isso também não me assusta. Já vivi o bastante para aprender o que a vida tem pra nos ensinar. Fica desde já, o meu agradecimento: meu eterno agradecimento ao meu cantinho, que guarda todos os momentos importantes da minha vida, sejam estes, bons ou ruins... afinal de contas, não sou eu a dona da minha vida. Aprendi que não sou dona de nada, muito menos do meu viver. Quem me comanda é a força Suprema que vem de Deus. Basta um sopro, um suspiro e eu posso estar aqui, ou não. Cabe a mim, experimentar todos os sentimentos cabíveis ao ser humano. Já fui criança, jovem, mulher, já fui feliz, já me senti a dona do mundo, e já me senti a pior das pessoas, já ganhei e já perdi o maior tesouro da minha vida. Hoje, apenas, ainda sou eu, sou o que sobrou de tudo que já me foi tirado, depois de tudo que já ganhei, somando e diminuindo, dividindo e multiplicando, sou o que ficou, e tenho ainda algo mais a viver, até o dia que for chamada para partir. Não depende de mim. Hoje sou uma senhorinha, quase chegando aos 50 anos de idade, com muitas vivências, as quais não me arrependo de nada, mas que talvez se eu pudesse (voltar no tempo), não tornaria a fazer. Se fiz, foi porque quis, então não há porque se culpar. Se não foi bom, paguei o preço. Não devo absolutamente nada à vida. Paguei cada centavo de todas as minhas escolhas. Então é isso. 10 anos de Blog. Pretendo continuar nesse espaço, embora não tenha muita novidade, muito menos muita alegria... mas vamos vivendo. Sou uma sobrevivente, e não vou desistir nunca de viver tudo o que a vida me mandar.


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