sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

08 de dezembro de 2017 - Nossa Senhora da Conceição, Walter Sieczko e meu sonho!

Então... essa semana foi complicada, meu irmão... uma avalanche de coisas que apareceram para resolver e eu tenho tanto pra te contar.

Contar, contar, contar, não, né, porque de tudo você já sabe - anda comigo, sempre no meu coração, é claro que você sabe... Mas talvez eu precise repetir, para mim mesma, colocar as coisas em ordem, enumerar os fatos. Como o tempo não para, Waltinho, mas o meu amor e a minha saudade frente sua ausência não cessa... Não tem como cessar.

Queria contar sobre a viagem de férias, sobre tentar esquecer sem conseguir, sorrir, sem demonstrar saudade, falar sobre a tonelada de comida que passou na minha frente,  eu comi... Mas nada disso tem importância sobre o que vou contar do sonho que tive essa noite com você:

Estávamos todos nós, na casa da tia Armida, conversando, TV ligada, aquele burburinho familiar que sempre orquestra as minhas memórias; o papagaio de vez em quando cantando ilariê, ou assoviando o hino do flamengo, som de bola batendo no chão, cheiro de comida gostosa vindo da cozinha, tio Guzzo comendo o salaminho italiano preferido dele e as tias tomando cerveja, nossa mãe brincando de desenhar com as crianças... e eu pensando em você.

Daí, do nada aparece uma senhora velhinha, que eu não consigo lembrar quem era, talvez seja nossa avó, não consigo ater-me em mais detalhes, porque logo após avistar essa senhorinha, eu vejo você. E você vem andando, ainda um pouco magro, mas bem disposto, com aquela cara de moleque arteiro que queimou o próprio rosto brincando quando pequeno de pinga-pinga na fogueira de São João. Toda família continua fazendo o que estava fazendo, parecia que só eu te via, mas estava tão nítido, tão perto, que sentia o cheirinho do sabonete Phebo que você usava. Era muito real pra ser imaginação. Então eu te olhei, e você também me olhou, sorriu sem mostrar os dentes e mexeu a cabeça assim, de lado, pra fazer cara de cachorrinho que fez xixi no tapete da sala, sabe?

Aí eu me levantei de onde estava, segui em sua direção e a sua presença mais se agigantava... nossa família, os sons da casa, das nossas pessoas falando... e eu então falei:

- Tia Lamia, olha só o Waltinho, ele está aqui!

Mas nessa hora o som emudeceu, e como num filme nossa família congelou igual aos seriados de TV. Por uma fração de segundos, meus tímpanos se fecharam, era como se eu tivesse dado um mergulho profundo em uma piscina gigantesca... o som se torna uma luz oca, fosca, depois um brilho e então, volta o som das nossas palavras e você me responde:

- Claro que eu estou aqui, não está me vendo?

A minha alegria é tamanha, olho ao redor e todos continuam congelados no tempo, não vejo a senhorinha que te acompanhou até a sala... mas eu estava tão contente, que eu queria saber se você era mesmo "de verdade".

Então te perguntei - é você mesmo, meu irmão? É você... ? tem certeza??? E você fez novamente aquela cara de traquina e sem paciência, e respondeu: "porra, não tá vendo que eu tô aqui?" Sou eu, eu sempre estou por aqui.

- Eu posso te abraçar?
- Claro que pode.
- Posso te beijar? Aí você deu de ombros e sorriu.

Então, meu irmão depois disso, eu senti uma felicidade tão grande que eu não queria que aqueles momentos acabassem. Se eu pudesse, teria congelado, eu você e nossa família ali pra sempre naquele sonho. Naquele instante a dor cessou, a paz, e um alívio entorpecente tomou conta daquele abraço. E eu te abracei, Waltinho. Te abracei tanto, tanto, tanto, te apertei tanto, que até no meu sonho eu te irritei de tanto amor! Eu não sabia se eu ria ou se eu chorava, mas você estava ali, e isso bastava, bastava, meu irmão.

Ficamos bastante tempo ali, conversamos muito, mas não consigo lembrar sobre o que falamos. só lembro do seu abraço quentinho, e que eu apertava você com todas as minhas forças, como se isso fosse capaz de eternizar ou concretizar aquele sonho, não sei... Por que os sonhos são sempre tão confusos? Aiiii... ali eu pude respirar sem que meu peito doesse, como eu agradeço, como eu agradeço!

Ao fim de um tempo, a senhorinha voltou não sei de onde e olhou pra você, mas nada disse... mas eu sabia que era a hora de você voltar, e de eu acordar com a esperança de menos dor, com a certeza que você estava bem, e que eu teria que aprender a conviver com essa saudade, sem deixar que ela me mate antes da minha hora.

Acordei chorando, claaaaaro, mas era uma coisa boa e estranha ao mesmo tempo, tem coisas que minhas palavras não conseguem explicar. Eu só sei que agradecia, rezava, chorava e ria ao mesmo tempo, ainda com o calor da sua presença. Ah, meu irmão, quantas saudades eu tenho.

Abri meus olhos, rezei e agradeci novamente a Deus, a essa senhorinha que apesar de não ter falado comigo, tinha um olhar de bondade e paz. 

Lembrei então que hoje é dia 08 de dezembro de 2017. Há exatamente um ano atrás, por volta dessa hora (21:00h), você voltava da cirurgia ineficaz que ao invés de lhe dar sobrevida, foi o início de uma batalha que tirou você da nossa família.

Mas hoje também é dia de Nossa Senhora da Conceição, e foi Nossa Senhora que te recebeu junto a nossa família espiritual. Antes da sua cirurgia, falamos sobre esse dia no ano de 2015, que você estava no morro da Conceição para celebrar o dia da Mãe Santíssima de Jesus.

Tenho um vídeo nosso, antes de você entrar para a sala de cirurgia, que o guardo como um tesouro, porque pra mim é um tesouro de valor incalculável. Sempre que sinto aquela saudade que não me deixa respirar, eu vejo esse vídeo. Ali, eu, sua irmãzinha, te dizia o quanto eu te amava. E eu te amo, Waltinho!

Obrigada por me permitir esse encontro, esse sonho tão real, onde me foi possível sentir seu abraço. 

Obrigada, Senhor! Obrigada, Nossa Senhora, eu só tenho a agradecer por essa honra. Obrigada, Jeffrey King!

Eu sei que eu não estou só.



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