domingo, 26 de fevereiro de 2017

Amor de Irmãos, amor de Deus! Walter Sieczko dos Santos, meu irmãozinho...

Eu tinha 2 anos... mas a vida por algum motivo me proporcionou a dádiva de manter intactas as memórias da minha primeira infância... é claro que na visão de uma criança, algumas imagens são distorcidas pela pequena estatura de um "ser humaninho" tão pequenininho ainda... mas com os olhos muito abertos e curiosos porque tudo que se mostra à frente seja novidade. Primeiro, era uma barriga que crescia a cada dia - e que barrigão - compras de presentes que de fato não eram para a "Dudedéia"... tinha alguém chegando, alguém que estava ainda num forninho que somente Deus sabe como acender o fogo. Algumas modificações no apartamento duplex, como grades nas janelas (eu ainda não entendia o por quê), muita gente falando... e o tempo ia passando, e a barriga ia crescendo, quando então eu começava a entender que a mamãe " ia pô pital tilá nenêm " estas são as palavras sobre a barriga que estava crescendo e sobre o irmãozinho que estava chegando (e que estão escritas no nosso álbum do bebê).


Então, depois de um tempo, por alguns dias fui "tabalá" com o papai... tenho lembranças do balanço que meu pai improvisou dentro da Kombi que fazia entregas... Que perigo era aquele balanço, balançando esta menininha que agora sofre na madurez dos anos e com as perdas já vividas... (-) Enfim... 3 dias depois, mamãe chega com um embrulhinho que não pesava nem 3kg nos braços, tão jovem e bonita, com cabelos louros quase na altura da cintura... chegou e disse pra mim: "Mamãe trouxe um presente pra você!" e então começou a subir os degraus da escada que leva até os quartos no apartamento duplex na Rua do Lavradio... a partir daí, eu sabia que realmente a minha vida tinha mudado pra sempre... Preciso agradecer a Deus por ter mantido essas lembranças em minha memória. Obrigada, Senhor!!!! É um imensurável presente - que ninguém pode tirar de mim - ter memórias tão vívidas! Lembro então de mim, com 2 anos e 6 meses, subindo as escadas de madeira encerada, ansiosa pra descobrir o que havia dentro daquele pacotinho que minha mãe levava nos braços. Era um dia de sol... Entrei no quarto, lembro das cortinas vermelhas fechadas, dando um tom meio escurecido no ambiente, combinando com a colcha do mesmo tecido, na cama de casal... Me ajoelhei no chão, e me debrucei sobre a colcha vermelha, cotovelos apoiados na cama, olhos arregalados, aguardando pra ver o meu presente. E era você, Waltinho! Tão pequenininho e cor de rosa... um bebê com 3 dias de vida, olhinhos fechados... e meu! Quem tem minha idade, deve se lembrar de um boneco chamado  Manequinho, da Estrela e eu tinha um bonequinho desses... eu adorava. 

Então enquanto minha mãe me dava você de "presente" ela ia falando: "olha aqui o presente da Dedéia, é o seu irmãozinho... é um menino, e tem "piruzinho".  E eu intrigada perguntei: "tem piruzinho, mãe? igual ao Manekinho?"  Minha mãe respondeu que sim, mas que você fazia xixi sozinho. Eu fiquei apaixonada pelo meu presentinho, meu irmãozinho. Então, em continuidade, nossa mãe foi desembrulhando você... tirou a manta que o cobria, tirou sapatinho, a roupinha, e eu ia acompanhando toda aquela movimentação em um estado de excitação e alegria, que agora ao relembrar me faz chorar de emoção e saudade. Ô meu Deus, muito obrigada por ter mantido toda essa lembrança em minhas memórias... como eu agradeço a Ti, Senhor! 


Então, a partir daquele momento, eu tinha um presente, eu tinha um irmão, eu tinha um bebê em casa, que nunca foi ameaça para uma "filha única" até aquela data. Eu o recebi com amor e alegria. Então é por essa razão que eu digo, meu irmão, Walter Sieczko dos Santos, nascido em 25/09/1974, você é o meu melhor presente, meu primeiro amigo, minha maior herança, e a melhor parte de mim. Sim, você é a melhor parte de mim. Pra sempre, até o infinito. Você foi um bebê muito lindo, gorducho e tão preguiçoso, que demorou a andar e a falar... tinha covinha nas bochechas e o olho azul tão bonito quanto a cor verde que depois fixou em seus olhos.


Tantas e tantas histórias, meu irmão... Tantas aventuras, tantas brigas de crianças, tantas descobertas, tantos bons e maus momentos. Tudo o que vivemos, eu relembro com saudade e carinho. As minhas bonecas que você destruía, o meu LP dos Menudos que você mordeu... os seus brinquedos, playmobil, Falcon, forte apache... sua Caloi Cross vermelha, nossos acampamentos em família, nossa época no Grupo Escoteiro, nossa juventude, tudo, tudo, absolutamente tudo está gravado em minha memória e fará parte da nossa caminhada nesta vida. 


Foi um imenso prazer ter dividido minha infância com você, Waltinho.
Você foi um Guibor de Deus
Você foi um homem de fé.

E com essa mesma fé que você manteve em seus últimos meses de vida, eu me agarro para seguir daqui pra frente sem você.  Se é verdade que quando partimos vemos à nossa frente um filme da nossa vida, você então já assistiu todo esse meu relato, e então, nesse momento, em algum lugar, você tem a certeza do meu amor, do meu carinho, do meu agradecimento... Você reviveu em 3º pessoa, tudo o que ainda tenho gravado na mente. Eu te amo demais, meu irmão.  E em nossa despedida, eu te falei o quanto eu te amava. Mais do que tudo e todos que eu conheço nesta vida. Você é a pessoa mais importante de toda a minha vida. Acho que se eu tivesse filhos, você ficaria em segundo plano... Mas eu te digo com toda a certeza do mundo, que o primeiro lugar em meu coração, é seu! Você pra sempre será meu bebê, meu bonequinho, meu irmãozinho, meu presente, minha maior herança. Te amo demais, e a finitude desta existência não tem o poder de modificar esse amor. Eu realmente daria minha vida por você. A ninguém mais eu abdicaria da minha existência. Eu vou agradecer sempre, ao Jeffrey, meu Anjo da Guarda, a Deus, aos nossos amigos espirituais pela oportunidade de poder ter ficado ao seu lado a última semana que passamos juntos. Foram momentos de profunda reflexão... muito silêncio, muita oração. Muitos amigos que estavam sintonizados, rezando por você, pela sua libertação, meu irmão.



Eu creio que Deus tem um propósito na vida de todos nós. Não nascemos por acaso, não temos a família que temos por acaso, não passamos pelas vicissitudes por acaso. Existe algo muito maior do que podemos imaginar. Tudo é aprendizado, tudo tem um porquê... Nada é por acaso. Então, meu irmão, eu volto a dizer o quanto eu sou agradecida. Não sei o que fizemos em outra existência, nem sei quem fomos, mas eu acredito que aqui, cumprimos a nossa missão.  Eu te amei e continuo te amando, vou rezar por você até o último dia de minha vida. Nem nada, nem ninguém pode tirar de mim o que Deus me deu. Aprendi que devemos buscar primeiro o Reino de Deus, e tudo o mais, nos será dado por acréscimo. Eu desejo que você esteja em um bom lugar. Tão aquecido como em meu coração. Ainda vai demorar um pouquinho para eu entender e aceitar como foi seu desenlace, talvez o restante da minha vida em terapia... Eu prometi estar com você, e estou com você sempre em pensamento. Você combateu o bom combate, permaneceu na fé. 




Hoje então, faz 1 mês que você se foi. 26/02/2017.  Parece que estou vivendo um pesadelo constante... durmo, acordo, mas o pesadelo não termina. Ainda não acredito, porque eu não te vi indo embora. Nossas conversas estão gravadas em minha mente. Eu vou tentar fazer tudo o que você me pediu. Vou fazer tudo o que tiver ao meu alcance para que você prossiga em paz. Descanse, meu irmão... Foi uma luta muito árdua... Foram meses de sofrimento... Mas você não perdeu o controle, seguiu firme na fé. Você com certeza foi acolhido com muito amor. Nossos amigos estão cuidando de você. E daqui, eu, nossa família e outros amigos estão enviando amor e boas energias para você. Te cuidei com muito carinho. Fizemos muitas orações, muitas orações... conversamos, te abraçava a cada vez que você se levantava, segurei muito sua mão, beijei muito sua cabeça, pedi muito a Deus por você. Mas quando lembro da sua voz dizendo que estava muito cansado, e que não aguentava mais lutar contra a doença, eu me sentia tão impotente perante a vida.  Tinha vontade de vomitar de nervoso. E então eu rezava e pedia que Deus lhe desse forças. Eu peço Misericórdia, Senhor. E a esperança do meu irmão estar me aguardando com um grande sorriso na hora de me reencontrar. Essa é a promessa que Jesus fez a todos nós.

Como eu disse, Waltinho, ainda não caiu a ficha. Tá difícil conviver com essa estranha realidade. Impossível viver normalmente sabendo que vou te ligar, e você não vai me atender ao telefone. Fico ouvindo seus áudios, vendo nos vídeos as histórias da Brigada Paraquedista que você não cansava de contar... e eu não cansava de ouvir. Fico me perguntando aonde estará você, meu irmãozinho? Chego ao limite da loucura... saio da realidade, imaginando que você está em um lugar bem bonito. E rezo... rezo muito, para que você esteja realmente bem, sem dor, sem todo o sofrimento que você passou. Nosso laço de família não vai se romper, o amor que sinto por você, não vai acabar, não importam as circunstâncias. Obrigada, meu irmão. No dia que me despedi de você, eu fiz força pra não chorar, até porque eu iria voltar em alguns dias para estar novamente com você. Mas você segurou a minha mão e me disse: "Obrigado, tá, Andréia". Não, meu irmão, não tem que agradecer, eu que agradeço pela oportunidade que tive de ser sua irmã mais velha e estar com você todos os momentos que eu pude. Obrigada, Senhor, por ter sido a irmã do Waltinho. Eu nunca vou deixar de agradecer por essa oportunidade, por esse presente que é tão valioso pra mim. Recebe meu amor infinito, recebe meu carinho, recebe meu abraço e meu beijo, meu irmão. 




Amo muito você!

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