quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Sonho ou Visita ? Luciana Freire - Obrigada, Senhor

É muito difícil ainda pra mim, separar as coisas, porque pra mim, o sofrimento e tristeza acaba sendo a mesma coisa. Perder alguém que amamos, sentir o luto, o sentimento de perda, ainda é muito latente, embora eu tenha o apoio espiritual,  a terapia, remedinho... a consciência de que esta terra é apenas uma passagem, mesmo sabendo e crendo nisso tudo, ainda assim eu sofro por essa separação, por esse ritual feio de morte, de desvínculo com  a parte física e sem ainda tem o contato imediato com o espiritual - porque eu sei que existem etapas, merecimentos, não apenas pelos estudos, mas a maturidade espiritual que precisamos ter antes de conseguir a permissão de contato com a vida após essa vida.

Eu sei de tudo isso, e ainda assim, tenho dúvidas, sinto tristezas, faltas que nesse momento - Terra, ainda me consomem, pois sou fraca, sou humana e como todas as pessoas, não gosto de perder a quem amo.

Não sei se tenho toda a maturidade e o conhecimento esperado por Deus, mas eu sei que ELE me ama, e cuida de mim. Meu Anjo Jeffrey King deve ter realmente muito trabalho comigo, e além de tudo ele é um fofoqueiro íntimo de Deus, pois deve contar todas as minúcias de minhas tristezas, meus questionamentos, as lágrimas que tento engolir do mundo. Por isso Deus, separou para cada um de nós, um Anjo protetor que nos auxilia, desde antes do nosso nascimento, até depois de nossa morte. Eu agradeço muito ao Jeffrey, pois sinto a presença dele em todos os momentos, e sempre que se faz necessário, ele fala comigo. Às vezes, penso que estou ficando louca, mas logo peço perdão ao Pai, pois lembro o quanto sou filha amada. Até as tribulações, são escolhidas a dedo para mim, para meu desenvolvimento e fé. 

Enfim, ainda estou muito triste com a partida da Luciana. Não sabia que ainda existia força dentro de mim para lidar com o câncer. Não sabia que ainda existia dentro de mim, amor para amar sem restrições, sem questionamentos, sem esperar nada em troca. Apenas doação do meu tempo, do amor que ainda existe, da disponibilidade do meu coração, para o sofrimento ao ver quem a gente ama, indo embora. 

Ainda estava chorosa, com o coração apertadinho, com tantas perguntas que sempre ficam sem resposta - até o segundo parágrafo, claro, porque Deus é perfeito, e em sua imensa bondade, me deu de presente, um sonho, um encontro espiritual com minha amiga, para que minha fé se fortalecesse e para que eu não deixasse de acreditar que tudo na vida tem um porquê, e tudo está programado no universo. Realmente... não cai uma só folha sem o consentimento de Deus.  Eu sou realmente uma filha muito amada de Deus, porque haja paciência com os meus questionamentos.  Se eu creio, porque resvalo na fé? Por que questiono? Por que não confio?  Não sei... peço tanto perdão a Deus por isso... mas ao invés DELE brigar comigo,  me regala presentes que fico até com vergonha em receber. Obrigada, DEUS. Por isso o Senhor é o Senhor! Por isso eres Meu PAI.

Esta noite, tive um sonho tão real com a Luciana. Meu Deus!!! Com certeza foi real... não neste mundo, não neste plano, nesta Terra, mas eu tive a oportunidade de visitar o outro lado dessa vida. Agradeço por esse merecimento, vou relatar aqui o que vivi com a Lu nesta madrugada - a qual acordei eram 03:45h.

"Estava sentada em um sofá, numa pequena sala, onde depois, vi que tratava-se de uma quarto de um hospital. Mexia em minha bolsa, cabeça baixa, quando então, entrou um médico que parecia ser indiano. A pele bem escura, com grandes olhos negros e os cabelos bem lisos. o médica, empurrava uma maca, sem nenhuma dificuldade, e em cima desta maca, estava Luciana... sentada distraidamente com as pernas cruzadas, mas com os ombros relaxados... quando eu olhei, e a vi, fiquei surpresa... nem sabia que estava sonhando ou visitando o outro lado... Falei com ela: Lu, que bom te ver, desce dessa maca, senta aqui comigo. Ela desceu da maca e me abraçou. Começamos a conversar... e tudo que ela conversava, era sempre na terceira pessoa: Vocês me acolheram, vocês me fizeram companhia, me fizeram rir. Muito obrigada por tudo que vocês fizeram. Vocês me ajudaram muito. Mas a melhor hora do dia, era quando eu recebia massagens - aí, ela jogou uma perna pra cima do meu colo e falou: aproveita, e faz uma massagem? Então, vi suas unhas feitas, estavam pintadas com uma cor escura, marrom ou capuccino, talvez - olhei para o rosto e percebi, que estava maquiada, com rímel, lápis no olho e batom. Tinha ainda o cabelo curtinho, mas estava com uma cara ótima, estava bonita. Vestia um camisolão de hospital, aqueles que dão laço atrás e a bunda fica meio de fora... comentei isso com ela, mas ela riu, e não deu a menor importância. Peguei em suas penas (que estavam no meu colo), estávamos sentadas no sofá, uma de frente pra outra e quando senti que ela estava quentinha, falei: Lu, você está quentinha, minha amiga você está bem, você está viva... e ela assentiu com um largo sorriso. Ela queria saber como estávamos... creio que se referia as amigas, todas nós, porque ela sempre falava em nós, no plural... e eu disse que ainda estávamos muito tristes com a partida dela, que sentíamos uma espécie de síndrome do ninho vazio, a rotina de ir para o hospital já tinha entrado em nosso dia-a-dia... e que estávamos ainda perdidas. Ainda consigo ouvir a voz dela falando: Déééia, eu estou bem, você não está vendo? Eu estou ótima (ela sempre falava isso), ainda estou no hospital (ali eu me toquei que era uma hospital, um quarto de hospital), mas tô bem, eles estão cuidando de mim. Não quero que vocês fiquem tristes. Não é pra ter tristeza, tudo tá escrito, tudo tem um porque. Não tem que ficar triste. Eu quero é agradecer a vocês por tudo que 
fizeram por mim, muito obrigada a vocês. Eu só quero fazer uma pergunta: Como tá o Marcos? Eu respondi que o Marcos estava triste com sua partida, que a ficha estava demorando a cair... mas que ele tinha espargido suas cinzas na praia, no mesmo lugar que sua mãe, sua tia e o seu cachorro. Ela fez uma cara de preocupação e amor, e disse que "tem muita gente aqui que vai cuidar dele". Ele vai ficar bem. Ali então eu notei, que tratava-se de um hospital espiritual. Conversamos algumas coisas mais, das quais não consigo lembrar, o tempo é tão relativo... mas depois de alguma conversa, o médico indiano entrou no quarto, e disse que era hora de ir. Ela me abraçou, disse mais uma vez que estava bem, e que era para "nós" ficarmos bem. Ela se levantou do sofá, botou as mãos atrás das costas, e com um pulinho (igual quando a gente sai pela borda da piscina), deu um impulso e sentou novamente na maca. Tinha uma perna esticada, e a outra era abraçada na altura do joelho. Ali, não falou mais nada. O médico começou a empurrar a maca, e saiu para o lado esquerdo da porta. Então, me deu um estalo e me levantei para ver para onde ela estava indo. Saí na porta, olhei para o lado esquerdo... e vi o médico, jaleco branco, estetoscópio jogado no ombro, andando com as mãos livres, junto ao corpo. Pensei, cadê  a Lu? Nisso numa fração de segundos, olhei para o lado direito e vi a maca, e a Lu em cima, na mesma posição (abraçando um joelho, outra perna esticada), passando à frente dos meus olhos. Olhei rapidamente, novamente para o médico, na direção oposta e quando voltei os olhos para a Lu, a maca havia desparecido. Neste instante eu acordei.

Era um misto de choro, de sorriso, de saudade e felicidade. Levantei, peguei o celular, eram 03:45h, um segundo depois, 03:46h. Agradeci tanto, fiquei tão feliz por esse encontro, porque definitivamente não poderia ter sido um sonho. Foi real. Foi um encontro, eu visitei a Lu e automaticamente, rezei e agradeci a Deus por esse presente, por esse merecimento que eu tive, nem sei porque, mas agradeci do fundo do meu coração. Minha vontade era ligar para nossas amigas, pra contar o que tinha acabado de acontecer. Mas me contive pela hora... deitei e chorei um choro de agradecimento. Eu estava feliz naquele momento. Fiquei deitada, olhando a lua cheia no céu. Deus me deu um alento, me proporcionou um encontro, em tão pouco tempo depois da partida dela. Eu sei que esse privilégio é para poucos... e ainda assim questionei o meu Senhor. O ser humano é muito complicado! Deixei de questionar, que filha sou eu que contesta um presente do PAI?  Agradeci, agradeci, senti uma enorme gratidão em meu peito. Comecei a rezar, e rezando, acabei adormecendo... com um tímido sorriso nos lábios. Obrigada Jeffrey, obrigada Nossa Senhora, mãe de todos nós, obrigada Jesus, obrigada Espírito Santo, obrigada Deus, por cuidar de mim, da Lu, e de todos nós, seus filhos. Na manhã seguinte, acordei com uma leveza de alma. Saudades, ainda sinto, vou sentir sempre, assim como sinto falta do Waltinho. Mas todos os vazios do meu coração são preenchidos pelo amor do nosso Senhor. Ai de mim, se não fosse a Misericórdia do Pai. 
Minha amiga está bem!!! Eu creio!!!!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui sua mensagem