segunda-feira, 9 de maio de 2011

19'55"



19'55"

Assim acabou aquela história. Foi demais para ele ver como a vida dela era intensa... A cabeça daquele homem atrofiou demais vivendo no interior de seus pensamentos. Enquanto ele voltava todas as tardes para casa, pelo mesmo caminho, ela lançava-se num mundo cosmopolita, sem fronteiras, sem dogmas, sem pré-conceitos. Ela enfiou suas tristezas num saco e tratou de olhar o horizonte. Ela era assim! Não se contentava em guardar suas lágrimas num balde; mas utilizava-as para sua própria sobrevivência... matava sua própria sede com as lágrimas que caíam de seus olhos... e assim ela foi levando, transpondo barreiras, voando alto apesar das quedas frequentes. A cada caída, resolvia ir mais alto e mais além. Depois de um tempo, sua vida não tinha mais fronteiras e o impossível passara a ser um limite já ultrapassado. Ela era livre! Tão livre que sua história nunca tinha fim... a cada dia, um novo começo, um novo capítulo. E ele não conseguia acompanhar a maneira dela viver. Era demais para um homem que se tornara tão convencional. Ele acomodou-se. Mas ele não era assim. Ele já fora audaz, já havia sido um homem à frente de seus dias. Eles se completavam em suas lacunas. E ela o amava mais que tudo em sua vida. E então o destino tratou de separá-los. Ninguém sabe porquê, mas eles não seguiram por muito tempo os mesmos passos. Hoje, finalmente deram-se adeus. Cada um com seu pensamento. Nenhum dos dois estão certos, nenhum dos dois estão errados. Apenas, cada um criou um mundo para si.

Um dia, quem sabe, talvez eles se encontrem... Um dia, quem sabe, eles se entendam e consigam encaixar-se novamente em seus espaços em branco? Algum dia, quem sabe?

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