Seus olhos denunciavam aquilo que ele teimava omitir: ele não estava bem... os dias eram torturantes perto dela... e mesmo assim não entendia porque ela o mantinha vivo. Mate-me, mate-me... não aguento mais viver assim... suplicava o pobre rato a sua algoz. Não... preciso de você vivo, para alimentar-me. O grande bicho à sua frente era uma tamanduá bandeira... já em meia idade e pra lá de desdentada... sem aquele rato, iria morrer de fome, de tão preguiçosa que era para caçar sua própria comida... A cada dia, de manhã, ela se aproximava da armadilha do rato, e com suas garras de 3 dedos, arranhava-lhe o couro... o rato sangrava, sofria, mas não morria... em pouco tempo, as formigas e demais insetos pequenos e rastejantes se aproximavam para sugar o sangue e os minúsculos pedaços de carne que soltavam das costas do rato. Então a tamanduá se chegava de mansinho, lançava sua língua, comprida e lisguenta, em direção às formigas, cupins e demais insetos que vinham se alimentar do rato, e assim, matava sua fome. Era fácil demais ter um banquete assim, dessa maneira... e o rato, coitado, ele não estava bem... chegou uma hora, que ele teve de tomar uma decisão, a fim de encurtar-lhe o sofrimento causado por aquela tamanduá preguiçosa... e assim, o rato comeu-se... comeu-se a si próprio... e roeu seu peito, até engolir seu próprio coração.
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