quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mamãe achou um pinguim na praia!

Hoje minha mãe ligou logo cedo, dizendo que achou um pinguim na areia da praia de Itaipuaçu, onde mora e é lider comunitária, ambientalista e conselheira da cidade... Vem pra cá!!!! E eu fui, saí de casa eufórica com a ansiedade de uma criança, querendo ver o pinguim. Só que eu não gostaria de conhecer um pinguim da maneira que foi. Através de pesquisas na internet, descobri que os pinguins são aves marinhas e são características do hemisfério sul. Em sua maioria, tem na Antárctida seu habitat natural, como também a parte baixa da Patagônia, Ilhas Malvinas, e arredores da Terra do Fogo. São aves migratórias, que fogem do frio rigoroso na ponta do hemisfério, buscando águas mais quentinhas e comida, já que o gelo intenso diminui a chance de encontrar alimento. Os pinguins, são excelentes nadadores, chegando a nadar 45km por hora, e podem ingerir sem problemas a água do mar, pois tem glândulas supraorbitais que filtram o excesso de sal da corrente sanguínea e espirram jatos de sal pelas narinas. Essas aves tem uma capacidade imensa de respiração, os pulmões enchem-se de ar (e dobram de tamanho), e eles nadam como se fossem peixes, submersos no mar. Isso eu descobri, claro, vendo um pouco de Discovery... mas também procurei informações no google porque quando efetivamente você tem um pinguim nas mãos, a realidade é bem diferente. Assim que cheguei na casa da minha mãe, fui direto ver o bichinho. Pinguim na língua russa, é "pinguvim", então, claro que o bichinho foi batizado pela dona Nina de "Pinguvin Pingulin". Coisas de dona Nina, senhorinha apaixonada por bichinhos da natureza. Ela já tinha feito uma papa de sardinha, batida no liquidificador, e com o cheiro nada agradável, aliás, toda vez que eu ver uma troca de fraldas de bebês, com o uso do hipoglós (na vida), caracas, vou me lembrar de pinguins, hehehe! O cheiro é muito forte. Ok, o pinguim estava dentro de uma bacia, e eu, querendo colocar água gelada no bicho, tadinho. Minha mãe, por outro lado, queria cobrir com cobertor, hihihi, foi aí que eu parei e fiquei tentando conexão (horrível) no 3G, procurando na internet mais sobre os cuidados com o bichinho. Com a ajuda de amigos, o pessoal ia me ligando, passando informações, telefones de órgãos responsáveis pelo meio ambiente, e aí começou a via crucis... Ninguém, eu disse NINGUÉM quer saber dos pinguins que se perdem e param nas praias do nosso litoral. Gente, os pinguins, em sua migração, nadam algo em torno de 5.000 km para chegar às águas mais quentes, em busca de comida. Muitas espécies, se acasalam para toda vida, e se revezam no cuidado do ovo e do filhote, e um dos pais, saem sem destino, em busca de alimento, para sí e sua família de pinguins. Ou seja, se um pinguim se perde na praia de Itaipuaçu, não é apenas 1 pinguim que está em risco... é a família que corre o risco de morrer de fome (e cansaço). Gastei muito tempo em telefonemas, na tentativa de resolver o resgate do Pinguvim, liguei para o zoológico do Rio, zoológico de Niterói, corpo de bombeiros, 1746 da prefeitura,  que saco, ninguém quer se comprometer com a questão. É uma vergonha o funcionalismo público no Brasil, por isso eu sou um pouco contra concursos públicos... não quero generalizar, não quero levantar bandeira contra, porque conheço (pouca) gente que trabalha e faz jus aos seus salários, mas nessa hora, dá uma raiva danada, é um passando a batata quente pras mãos dos outros, e assim foi, liguei para o IBAMA, Ouvidoria do IBAMA, para a Superintendência do IBAMA, para o ICMBIL, para a Polícia Militar Ambiental, para o INEA e até para a PQP todos esses órgãos e funcionários, que foram todos, inescrupulosos, insensíveis e sem comprometimento com o trabalho que foram investidos, que recebem  e que pagam o pão que comem... É imensamente irritante e triste viver num país tão bonito e rico, mas que tem gentinha safada, que só querem viver na aba, se aproveitando e mamando nas tetas do Estado. Na hora de ganhar prêmio, aparecer na TV, todo mundo quer... mas se mostrar atencioso com o trabalho de ao menos orientar a população,@#$#%$#^%$^%^$^$%&%^^*^^&*&$#@# toma-se no C$%#%$#^%&^&*&, bonito! Não quero saber de gente assim, se há justiça divina, um dia ela chega pra cada um de nós. Well, contei com a ajuda de amigas e amigos, através de redes sociais, e contatando um e outro, e optamos por tratar do Pinguvim em casa, pois o que mais ouvimos, minha mãe e eu, era pra devolver o pinguim na praia... pra quê? pro bichinho não ter a mínima chance e morrer no mar??? Saímos, fomos à Maricá, comprar mais sardinhas, e na volta, também demos soro caseiro pro nosso hóspede. O bichinho está tão debilitado, que nem levanta a cabeça... o pescocinho tá mole, sabe? e dá um dó danado não poder fazer mais do que estamos fazendo. Que Deus existe, eu não tenho dúvida, mas porque papai do céu não toca o coração das pessoas que têm a obrigação legal de cuidar dos irmãozinhos da natureza? que recebem salários pra cuidar e trabalhar com isso? Afinal, o bichinho tá perdido, num lugar que não é seu habitat natural, um território estranho, num quintal de uma modesta casinha, rodeado de 2 mulheres, 2 cachorrinhos e um gato ressabiado com a paisagem... Pelo menos, para nosso hóspede Pinguvim Pingulim, ele encontrou gente que se importa com ele, não importa se sabemos cuidar da forma correta... minha mãe fala que quando abraçamos uma causa, não podemos abandonar a luta. O bichinho vai ficar conosco até que se recupere, até que ganhe peso, pois está tão magrinho, que nem consegue comer, dona Nina coloca a comida dentro do bico dele, e ele não bica a mão dela. Para o Pinguvim, Deus está personificado lá no quintal de Itaipuaçu, na figura de uma "mãe natureza" que vai fazer de tudo para salvá-lo, e essa personagem, nesse capítulo da vida, é a minha mãe.

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