segunda-feira, 20 de março de 2017

O direito de sentir a dor

Meu irmão...
São 54 dias já sem você... sem ouvir sua voz, sem escutar suas histórias e ainda assim eu acho que qualquer dia desses você vai me ligar. Sinto você muito vivo no meu coração. Está mais perto do que nunca! Converso contigo toda hora, o dia todo... sinto você, mas não consigo mais ouvir a sua voz. Vejo fotos, vejo vídeos, e ainda assim não consigo acreditar que você não está mais nesse plano. O pior de tudo, é escutar as pessoas falando que preciso seguir em frente, que a vida não pára, que preciso esquecer toda essa dor que ainda sangra no meu peito... Não sei se as pessoas falam da boca pra fora, ou se estão doidas,  ou se querem abrandar minha perda ou ainda se não se importam com essa passagem... 
juro que não sei...

O que eu sei, é que dói pra caramba...

Não me importa o tipo de sentimento que as pessoas tem quando perdem alguém a quem ama muito. Eu estou vivendo a minha perda, a minha dor, e só quem ama demais um irmão que viu nascer e que conviveu com ele toda a infância e juventude, poderá mensurar o aperto que estou sentindo... o nó na garganta constante, e como é engolir diariamente um choro muito sentido...
 é muito difícil.


Waltinho, lembra de quando tiramos essa foto?
Foi no Jornal Tribuna da Imprensa... eu tinha no máximo uns 12 anos, você uns 9 anos... acho que precisávamos de uma foto 3x4 para a matrícula no Celestino da Silva, mas aí o fotógrafo que era amigo da nossa família quis tirar mais uma... de nós 2 juntos. Papel fino, brilhante, quanto tempo!!!
 Olha como você era pequenininho do meu lado. Eu lembro dessa camisa, era cinza rajada de branco e a gola era azul escuro, tinha o desenho do Charlie Brown sentado na casinha do Snoopy. Nesse dia eu briguei com você, pra tomar banho e pentear o cabelo: "troque a cueca, Waltinho". Você era meu irmãozinho, meu bonequinho malcriado que não gostava de tomar banho. Eu já era mocinha, mas você ainda era criança...

Então, meu irmão, eu acho que serão necessários ainda muito mais que apenas 54 dias para eu voltar a respirar sem doer. Cada um sabe o tamanho da sua dor... Eu nem sei dizer como vai ser minha vida daqui pra frente, eu vou viver até o dia que Deus me chamar, pode ser muito tempo ou pouco tempo... Como eu vou passar esse tempo, é que eu quero ver... Eu vou continuar com Deus e com você no coração. Cuidar de quem ficou. 
Mas... como eu sinto saudades suas, irmão. Os olhos transbordam algumas vezes ao dia, e eu tento transformar em saudade a realidade que eu sinto a cada dia. 

Lembranças... muitas lembranças
Cada uma melhor que a outra... e como me faz bem relembrar cada uma delas. Isso, meu irmão, ninguém pode tirar de mim. 

Eu tenho o direito de sentir essa dor.

Te amo meu irmão!
para sempre.
Walter Sieczko dos Santos


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