quarta-feira, 8 de março de 2017

Um beijo e um abraço apertado da sua irmã mais velha, que te ama muito!


Meu irmão.
Com você, sempre no meu pensamento e no meu coração. 
Amanhã eu farei 45 anos, mas será um dia muito triste, porque eu sei que você não está neste plano. Você não está aqui... E estou me sentindo tão só; uma coisa estranha que não sei explicar... Mesmo você morando tão longe, eu sabia que eu tinha você a 1 segundo de uma linha de telefone. E agora, eu não vou mais conseguir falar com você a hora que eu desejar. Não vou mais ouvir a sua voz. Não vamos mais conversar sobre os filmes e séries da TV, nem sobre o seu carrinho velhinho que você curtia tanto reformar. Nem vou mais ouvir as suas histórias de PQD, nem conversar sobre as comidinhas que eu poderia fazer pra você... nem perguntar quanto está sua insulina... Você não vai mais me ligar escondido na padaria, dizendo que está num "azimute de fuga", comendo um pedaço de bolo com café. Nem vamos mais trocar fotos do vaso do banheiro, fazendo competição de quem faz a "obra" mais bonita, nem tenho mais a quem pedir pra "brincar de bicho" comigo. Nem brincar de competir com o arroto mais alto e looongo... e quando eu espirrar bem alto, não vou mais ouvir você perguntando: "alguém aí espirrou?" Nem faremos mais torneio de cuspe à distância, nem vamos mais falar com a voz fininha: meeeeennntiiiiiiira, quando estivermos de zoação. Brincar de pique esconde no escuro e batalha naval. Meu irmão, são tantas coisinhas que temos e são tão nossas. Memórias de brincadeiras e brigas de infância... mas que em 5 minutos estávamos juntos brincando e brigando de novo. Você mordendo o dedo do Frederico... meu bonequinho que tenho até hoje. E destruindo minhas outras bonecas... e mais tarde eu lavando sua farda na época do quartel... morria de medo de você atravessando a Presidente Vargas pra pegar o trem de madrugada na Central e ir para Marechal Hermes, na Brigada Paraquedista... Lembro que nessa época eu morava em Pontevedra, mas fazia um DDI que era caro na época, só pra pedir pra você não ser bisonho e olhar para os lados da rua, antes de atravessar. Lembro da gente assistindo Sessão da Tarde, e lambendo o creme do biscoito piraquê recheado de limão. E também, vendo quem  conseguia comer e esticar mais o queijo quente do pão de forma, sem arrebentar o queijo que tinha sido feito naquela chapa única que esquentava na chama do fogão. Rosquinha Mabel, fanta uva... As caixas de bombons que nossa mãe comprava, e você comia todos os seus bombons e depois comia os meus... e eu tinha que contar os bombons, seu guloso. Até hoje eu escondo algumas guloseimas de mim mesma... mas digo que estou "escondendo do Waltinho". E quando você implicava comigo eu gritava: "Mãe, olha o Waltiiiiinhooooo" e ficávamos de castigo, um de frente pro outro, um olhando pro outro, kkkkkkkk até a briga acabar. Sua Caloi Cross vermelha, seu quarto na rua do Lavradio, com poster de mulher pelada e o Forte Apache montado no chão ao lado da sua cama. Atari - Berzec, Pacmam e Enduro, nossos cartuchos preferidos. Os passeios noturnos com os amigos do Celestino, pelas ruas do Centro. Nós usávamos umas capas compridas com a gola levantada... era um charme! As tardes e acampamentos no Grupo Escoteiro, com Chefe Luiz, dona Adelaide, Auxiliadora.Tudo tão lúdico, meu irmão. Eu só consigo lembrar de coisas boas. As ruins não devem e não podem ocupar espaço na minha mente. Não devemos cultivar amarguras. Para cada coisa ruim que me lembro, existem muito mais de lembranças boas. Você, meu irmão, foi figura principal na minha infância, na minha vida. Entre tantas pessoas que fizeram parte da minha história, indubitavelmente, você foi a mais importante de todas. É por isso que vou afirmar até o fim, que você é meu primeiro e melhor amigo, minha maior herança, meu mais valioso tesouro e a melhor parte de mim. Walter Sieczko dos Santos, meu irmão tão querido e pra sempre amado, até depois desta vida, por toda a eternidade. Amanhã vou acordar mais um dia sem você aqui... Isso ainda me parece um pesadelo, e por mais que eu tenha consciência que exista vida após essa vida, saber que você não vai mais me ligar, que não vou mais conversar com você me aumenta o vazio que dói em meu peito. É tão difícil, Waltinho... muito difícil seguir adiante. Vou ficar aqui, quietinha, rezando e enviando meu amor e carinho pra você.

Um beijo e um abraço apertado da sua irmã mais velha, que te ama muito!

Andréia Sieczko

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