Adoro chuva.
Dias de chuva.
Loucas tempestades.
Mas eu gosto mais ainda da pré chuva... aqueles minutos que antecedem o temporal ou a garoa fina. Antes mesmo de olhar pro céu ou sentir as primeiras gotas de chuva tocando minha pele, ou já em desespero, descendo pelo rosto, como que me dizendo que não adianta engolir meu pranto, que já transborda minha alma, mesmo eu estando às gargalhadas extrínsecamente. Amo o cheirinho peculiar da terra pré molhada, cheiro de terra molhada... ou ainda o cheiro que sinto do asfalto quente, sendo surpreendido pelas gotas pesadas de chuva, subindo pelas minhas narinas, ardendo pulmões, com o contato da água virando vapor, com o piche sucumbindo à força da natureza, nesse momento, eu sou a natureza... É maravilhoso tomar banho de chuva, é um lava-jato no espírito, e viro minha face aos céus, como quem busca um ar que já esqueceu... e deixo sua magnitude derreter em meus olhos a máscara que embelezava minha tristeza; escorrendo negra, nos cantos do rosto... aí então, eu sorrio. A chuva é a resposta às minhas preces, é a energia faltante que eu ansiava... água necessária à minha sobrevivência, para que eu possa me auto fertilizar... de amor, de esperança, força, recomeços. A chuva fina é um carinho, foi o carinho que deixou lembranças nas andanças por uma cidade linda. Andar na chuva de mãos dadas com um amor verdadeiro... Essa diminuta chuva levou consigo todo o amor presente naqueles momentos, mas que volta a cada dia de chuva, dando o ar da sua graça, molhando os jardins e floreando meu coração de lembranças e doces recordações... Já a tempestade... a tempestade é a fúria que me mantém em luta... é o arrastão que eu preciso; não só para sacudir as poeiras dos meus tombos, mas também para lavar a minha alma das tristezas que insisto em guardar dentro do peito. E em ondas, grossas gotas de chuva vão me impelindo, me impulsionando, com tamanha força, que não me é possível a renúncia... Cada chuva tem seu cheiro, cada gota pousada em mim, tem o seu valor de ser; o seu significado. Chuvas podem ser lágrimas que correm em meu rosto, ou que escorrem do céu... assim como as bençãos que molham meu corpo como num banho de piscina. Eu me abraço nos dias de chuva, e silenciosamente, escuto às àguas hidratando meu coração, rachado, feito o solo do sertão.
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