terça-feira, 27 de julho de 2010

Redenção


Esta noite ela acordou de um sonho... um sonho que mesclava devaneios e realidades. Nele, ela foi à casa de um desafeto, sentiu o cheiro, o astral da casa e observou por um tempo, incógnita, de como aquele contexto funcionava. Até que veio a descoberta e com ela, caiu-lhe o véu que até então a protegia. Ela olhou nos olhos de quem havia feito sofrer e a chuva começou a cair. E caindo, lavou-lhe a alma... e finalmente, ela se perdoou. Sim, ela precisava perdoar a si mesma, mas que qualquer outro perdão; porque, de que adiantaria que outros a perdoassem, se ela mesma não se dava o perdão? E como glória e tortura, a chuva tirou dela, toda a culpa que sentia no peito. Ao mesmo tempo que a água tirava as dores que lhe consumia, as gotas da chuva pareciam minúsculas pedras a tocar seu corpo. Era a redenção. E escorria forte, ao mesmo tempo morna e fria, e o barulho da chuva na terra, ensurdeciam os ouvidos e ela podia sentir a pressão dos pingos sobre sua cabeça. Ela não te olhou. Ela não quis olhar, mas sabia que estava sendo observada por todos. Então ela abraçou a quem fez sofrer, e perdoou todo o mal que a ela havia sido lançado. Só cabia a ela, também perdoar. Não era oportuno que ela desejasse o mal que lhe fora desejado. Quem lançou esse mal, também o trouxe consigo, em dobro, um inferno esperado... o direito de colheita é para quem o semeou... E ela virou-se de costas, finalmente acabaram as páginas... ela então, fechou o livro. Saiu da casa caminhando tempestade afora; lágrimas se misturando em sólidas gotas de chuva, que não pairavam no rosto, mas desciam corpo abaixo, limpando, varrendo o choro. Ela estava pronta para seguir seu velho caminho, com roupagem alva, nova; sem a bagagem pesando em suas costas. Ela entendeu. Agradeceu o presente, a oportunidade de deixar pra trás as máculas que andavam consigo. A chuva foi parando, paulatinamente, lenta e macia aos seus ouvidos, até que ela encontrou um refúgio, um abrigo onde pudesse descansar. Logo, logo começará um novo dia; e com ele, brilhantes raios de sol a lhe abençoar.
Imagem retirada da internet (google imagens)

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