quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ele a deixou partir...


Quando ele a deixou naquela estação de trem, seu peito sofria, apertava, doía... não, ele não tinha certeza se queria deixar que ela partisse. Ele sabia que uma vez que ela fosse embora, ela não iria voltar... novos caminhos se abririam para aquela moça com sorriso de menina, jeito de moleque, mas com coragem suficiente de encarar o desconhecido. Ela queria ficar, ai Deus... como ela queria ficar e pediu pra ficar, mas ele achou melhor que ela partisse. A vida já estava confusa demais para ele e talvez fosse melhor retroceder, voltar a trás, deixar que a monotonia cuidasse novamente de seus dias. Ela inventou um paraíso, ofereceu-lhe sua vida, seu amor, seus sonhos... Por ela, ela ficaria com ele até que seus olhos não mais se abrissem para ver uma nova manhã surgindo. Ela prometeu cuidar das rosas de seu jardim, ela velou, ajoelhou-se e rezou noites inteiras sem dormir, passando a mão nos cabelos dele, pelas costas, enquanto ele dormia um sono cortado pelas dúvidas e incertezas que brotavam de si mesmo. O quarto cheirava a óleo de jasmim... vez ou outra aromas de lavanda bailavam nas paredes silenciosas, que ansiavam para escutá-los cantar... Aquela vida era um sonho. E por mais que ela pensasse, não entendia porque a alma dele era tão nostálgica e simplesmente foi deixando de cantar... cada dia menos, cada noite um pouco menos... ele era bombardeado por um cansaço sem tamanho, não havia mais prosa, mais poesia, mais música em suas vidas... ela procurava entender, ajudar, se doar o máximo que fosse e se preciso fosse, ela doaria sua alma, ela entregaria seu amor, para não vê-lo definhar... eles não falavam o mesmo idioma e nem com os olhos podiam mais se encontrar. E nesse dia, ele a deixou na estação... e enquanto o trem não vinha, ela aflita pedia, para ele não a deixar. Mas os ponteiros do relógio, em pleno meio-dia lhe tirou seu lar. A menina seguiu, em seus olhos as lágrimas da beleza, caíam no chão com frieza, e os cabelos soltos no ar. Titubeante, ele seguiu o trem, queria que ela voltasse, mas o trem partiu. Ele voltou ao seu castelo, tão escuro quanto a noite sem luar, trancou-se em seu recanto e pôs-se a chorar...

2 comentários:

  1. Chegar, após um dia exaustivo, correr para o computador. Já não aguento mais ... mas a força de dar uma espiada em seu blog, traz energia em suas palavras , contos, prosa ... que fibram no coração , faz a imaginação correr por lugares, lagrimas que saem sem querer, lê uma vez, releio ... Muita emoção. Após o entardecer, essa lua cheia de fases tem muito a escrever ... Te admiro ! Continue e escreva sempre que puder.
    Um forte abraço.

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