quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aonde eu estarei em maio de 2017 ?

Waltinho, meu irmão... Tem dias que sua ausência se faz tão presente! Como dói... Essa dor nunca vai passar. Quando toca o alarme de manhã, e eu desperto, não sinto vontade de levantar, não sinto vontade de começar o dia. Minha vontade é dormir, dormir e dormir, de preferência dormir a noite toda sem acordar de madrugada e viver momentos de angústia pensando na maior perda da minha vida. Eu rezo! Como eu rezo, meu irmão. E como eu penso na sua dor, no seu sofrimento e como você se manteve firme e se manteve na fé, até o seu derradeiro dia.  Penso muito em você, tem dias que eu durmo enrolada no Terço de Nossa Senhora, acabo dormindo de cansaço, de não aguentar mais pensar e pensar e pensar em tudo que aconteceu de 1 ano pra cá.

Em abril de 2016 eu fiz uma cirurgia para retirada de um mioma, na mesma época, nasceu o bebê Henrique, nosso priminho mais novo, filho da Pia, um mês depois, eu estava viajando para Belém, Luiz foi visitar e rever amigos e família. Era Corpus Christi, entramos na Basílica de Nazaré, e participamos de uma missa inteira, linda, toda a celebração do Santíssimo, e também do Terço da Misericórdia. Chorei muito naquele dia... E só pensava em você, meu irmão. Será que era um aviso, uma premonição do que viria logo a seguir? 2016 foi o ano da Misericórdia, passei pela porta da misericórdia, pensando em ti, meu irmãozinho. 

Logo depois, ainda em maio/16 você voltando pra casa, se sentiu mal no elevador... pensou que pudesse ser uma crise renal, dor baixa, nas costas... foi para o hospital, onde já havia se tratado das 2 pancreatites anteriores. Então, nos exames apareceram 2 imagens, no pâncreas e no fígado. Você não me contou nada naquele dia e eu fiquei nervosa com você, porque eu perguntava o que era, mas você queria ter a certeza antes de me dizer a pior notícia da minha vida: você estava com câncer, meu irmão. Uma mancha escura no pâncreas, que já tinha sido expandida para o fígado. Eu não consigo dizer essa palavra: Câncer. Não sai direito da minha boca, durante todo o ano de 2016 eu evitei falar essa palavra, porque eu achava que se eu não pronunciasse ela, ela não existiria e iria embora. Ainda é difícil, meu irmão... me custa falar, sai errado, eu falo pra dentro, sei lá... 

Nunca na nossa família, nem por parte de pai, nem por parte de mãe... nunca, nunca nem jamais tivemos um caso de câncer assim. Sempre pensei que fôssemos imunes a essa doença cruel. Ledo engano! Foi um choque, que ainda se prolonga nos meus dias. Todo santo dia, desde a hora de acordar até na hora de dormir, eu penso, rezo, choro e rezo de novo para que você esteja bem, esteja livre dessa doença que te levou tão jovem ainda. Eu não vou mais ver você, meu irmão... não envelheceremos brincando com as coisinhas que já maduros, ainda pedia pra você brincar comigo, não faremos mais torneio de cuspe à distância, nem tentaremos nos superar nos super arrotos provocados de propósito, e você não vai mais comer a minha comida que eu fazia com tanto carinho pra você. Tudo isso dói e vai doer pra sempre, até o dia que eu puder te abraçar novamente.

Meu querido irmãozinho, Walter Sieczko dos Santos, faz 1 ano que descobrimos a doença que o levou de nós. Ano passado, quando você iniciou a primeira quimioterapia, estávamos conversando e você me disse assim:

- "Andréia, em agosto de 2014, eu tive a primeira pancreatite, em junho de 2015 eu tive a segunda pancreatite, agora em maio de 2016 eu descubro o câncer... aonde eu estarei em maio de 2017?"

Naquele momento, no ano passado, um arrepio percorreu minhas costas, não soube o que te dizer, naquele exato momento, mas disse que tudo estaria nas mãos de Deus e que tudo daria certo. O que eu poderia dizer? O que eu poderia fazer? Juro que se eu pudesse, eu trocava de lugar com você, sem pestanejar, sem pensar duas vezes, trocava sim. Você é meu irmãozinho, meu bebê, meu manequinho... meu primeiro amigo, minha maior herança e a melhor parte de mim. Vou morrer dizendo isso, Waltinho! O amor que nos mantém ligados, em coração e em espírito, permanece, mesmo com a distância física. Meu irmão, você não está aqui fisicamente, mas você vive em cada batida que acontece dentro do meu peito, em cada pensamento, em cada lançamento de filme de guerra que você gostaria de assistir, em cada carrinho velho e bem cuidado que eu vejo na rua, em cada joelho de queijo e presunto que fica à mostra em uma vitrine de padaria... são tantas coisas. Mas te digo, você está aqui, ó... vivinho da silva no meu coração e acredito que esteja bem cuidado onde está agora. Se tratando espiritualmente e sendo acarinhado por nossa família espiritual. Recebendo também o meu amor e meu carinho, assim como todas as minhas orações e pensamentos positivos, porque eu mando energia boa pra você, Waltinho, só cultivo as melhores lembranças e me recordo de tudo que vivemos juntos com muito carinho e agradecimento pela oportunidade de ser sua irmã mais velha.

Meu irmão amado,
Meu irmão querido!

Walter Sieczko dos Santos
Andreia Sieczko 





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