quarta-feira, 19 de abril de 2017

Ensaio sobre a Despedida - Gasômetro CEG, by Andréia Sieczko



Ensaio sobre a Despedida, by Andréia Sieczko

Gasômetro da CEG



Lembranças... o que é a vida, senão uma coleção de lembranças???


Pelo sentimento que nos remete, quando a realidade se faz verdade, cenário de tantos sonhos, cenário de vida real... pano de fundo de tantas histórias. Símbolo colossal do início de uma grande era, a modernidade... fábrica do gás. Desde o início do século passado, rasgando o céu altivo, e por muitos anos, considerado o maior gasômetro do mundo, mas que cabe dentro do coração de cada um de nós, o eternizamos ao escrever a história, não só de nossas vidas, mas também, fez-se personagem principal da vida política do nosso país,  sobrevivendo a planos secretos; foi  ícone de uma ideologia que durante anos, gerou clima de tensão. 

Absoluto, transcendeu em sua magnitude, sendo um norte para quem chegava à região. Durante décadas, foi a testemunha silenciosa de tantas narrativas, crônicas da vida real. Início de vidas profissionais, pessoais, vitórias, alegrias, tristezas, fim... Cada um tem uma história sua pra contar... e ele, preconiza em si, todas essas histórias, concentradas em infinitos metros cúbicos...  subindo e descendo... e refazendo-se dia a dia, e levando ao infinito todas as conquistas de nossas vidas. Gasômetro, personificação de tantas emoções. Quem o viveu, conhece exatamente a singular estrutura de sentidos e significados, com seu status majestoso, fica difícil não entender, o desafio de querer tê-lo, imortal. 

Dói no peito... mas é impossível prevenir e reverter a temporalidade. Um vazio, desmontando nossas histórias diante de nós. Certa indiferença de alguns rumo ao progresso, atravessam minhas memórias, como se fossem violadas. 

Essa ruptura, na ordem que visa o novo, contradiz a incompletude, como se pudesse ser adiada indefinidamente. E o que já foi novidade, agora, jaz obsoleto diante de tantas novas possibilidades. 

O que já foi profícuo, hoje para muitos é apenas um espaço, a dar espaço à abertura de novos caminhos. Mas para outros na insuperável iminência da ausência, o gigante não estará mais presente. 

Mas como é dito, o que é a vida, senão uma coleção de lembranças? Seu desfecho, descomunal, um quê de orgulho e tristeza, nossa despedida a cada dia ao ver despedaçar-se  uma tradição histórica, a fenecer um pedaço de nós. 

E como cena final de um grande espetáculo, à ele cabe nossos aplausos.





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