terça-feira, 25 de abril de 2017

Noventa e dois dias sem você, irmãozinho! Walter Sieczko dos Santos

Waltinho, eu queria saber se existe alguma coisa que pudesse amenizar a dor dessa saudade. Amanhã, 3 meses sem você aqui, e 92 (noventa e dois) dias desde a última vez que eu te vi, meu irmão. Quanto aperto no meu coração. Dói demais. Às vezes me faltam palavras, não quero ser repetitiva, mas me falta vocabulário para expressar essa dor, essa falta que eu sinto dentro de mim. Falta-me um grande pedaço, falta-me chão. Que desespero, irmão, querer saber de ti, e não te encontrar em nenhum lugar deste mundo. Não consigo colocar pra fora essa dor, e escrever, embora esteja sendo mais fácil que falar, também não é o bastante. Já gritei até perder a voz, já chorei, já chorei e muito... rezo, converso com Deus, mas esse sentimento continua oprimindo meu coração e a minha mente. Nunca foi tão doloroso esse sentimento de perda, do que está sendo perder você. Poderia perder tudo que já perdi,  dez mil vezes mais... mas perder você nesta vida, foi o pior que eu poderia ter perdido. Onde você está, Waltinho? como você está? Não ouço sua voz, tenho a impressão que de vez em quando você está por perto, outras vezes, não.  Vou ter que aprender a conviver com essa ausência tão presente. Você tá aqui, ó, tá vendo? Aqui, aqui dentro da minha cabeça, aqui dentro do meu coração. Tá me vendo? Fala comigo meu irmão. Me conta suas histórias de PQD, me conta uma piada. Me fala que está bem. Eu não vou brigar com você porque você foi embora, eu não estou revoltada, entenda, só estou com muita, muita, muuuuuita saudade de você. E saber que você está bem (você me falando isso), vai abrir uma oportunidade para outras conversas, me entende? Eu sei que você me escuta, eu sei que o Jeffrey leva até você todas as minhas orações. Eu sei que você sempre morou longe de mim, sei que não somos mais crianças, já estamos velhos, eu sei que você é uma pessoa e eu sou outra, eu sei que existe vida após esta vida; só não entendo porque não podemos mandar um whatsapp, uma mensagem de voz, um vídeo, um telefonema... Muitas vezes eu te imagino na sua vidinha, seu cotidiano, imagino que você está vivendo tudo que sempre viveu, manhã-tarde-noite... e imagino que talvez esteja ocupado demais para uma ligação, ou o celular se perdeu, está sem cobertura, sem bateria... sei lá... qualquer coisa. Eu só queria saber que você tem saúde, que você tem as suas escolhas, que você tem a vida que você escolheu para viver. Eu te queria vivo e feliz. Esbanjando saúde e a beleza que você sempre teve. Você sempre foi um bom menino. Para mim, nunca teve defeitos. Seu único defeito foi ter ido embora deste mundo antes de mim. Aliás, você me deu uma rasteira e tanto indo antes de mim. Eu sempre pensei que fôssemos ficar velhinhos, brincando de "cuspir mais longe", a ponto de perdermos as dentaduras, ahhh, seria muito legal essa fase. Uma segunda infância... Que bom seria! Você me pedindo pra ir morar perto de você, e eu claro, ou indo ficar perto de ti, ou te trazendo de volta pra casa. Os velhos precisam ficar perto dos amigos. Por falar em amigos, todos nossos amigos sempre vem falar comigo sobre você. A cada abraço recebido, eu sinto que você recebe um pouco dessa energia. Todos nós estamos com saudades... Eu só sei que a vida também me deu essa rasteira. Nada é da maneira que pensamos ser, não adianta elucubrar, fazer  planos... Não temos esse poder, meu irmão. A vida ensina! Não somos senhores de nada... Cabe somente ao Pai do Universo, decidir se vamos embora hoje, amanhã ou depois de amanhã. Só Deus é quem sabe do nosso destino. Nosso livre arbítrio vai só até o segundo parágrafo do capítulo dois. É simples assim. Eu estou resignada, embora pareça que estou ficando mais doida que nunca, eu não estou. Tenho a paz do que me foi confiado. Cumpri a minha missão, com muito amor, carinho e zelo. E ainda estou por ti, ainda tenho amor fraterno pra te dar, e sei que meu amor consegue chegar até onde eu não posso ir. Como eu disse, só sinto muita saudade. Eu sei das coisas... sei como são o que devem ser. Mas ninguém nunca me preparou para sentir essa saudade. Nunca li sobre o assunto, de como conviver com essa falta que dói tanto. Dói. Jamais imaginei o tamanho desse sofrimento. Afinal, eu sempre pensei que você, irmão, fosse estar ao meu lado na hora que eu fechasse meus olhos para abri-los do outro lado. Eu pensei que tivesse esse poder de escolher ir na frente, ou aguardar que o curso original da vida, a lei natural, levasse primeiro os mais velhos, ficando aos mais jovens, a responsabilidade de enterrá-los. Pois é, Waltinho, nem uma coisa, nem outra.  Fiquei à deriva!  Sem saber ainda o que a vida quer de mim. Quanta provação! Quanta privação! Prefiro aguardar as cenas dos próximos capítulos.  Confio em Deus, e Nele acato a Justiça que virá para cada um de nós. A paciência é uma virtude que o tempo me ensinou... as porradas da vida também me ensinaram. A retidão é antônima da desforra. Aprendi isso no decorrer desses 45 anos. Escarmento não é justiça. O amor de Deus, é.  O amor de Deus vive em mim, e esse é o amor que eu envio pra você, seja lá onde você estiver. Não interessa mais que você não me responda, apenas receba todo esse amor que Deus me deu, porque o amor de Deus é infinito e é o grande mistério da vida. Mais forte que a vida, mais forte que a morte. Não encontra barreiras para chegar, chega sim e chega com força, com doçura, com luz. Eu vou continuar reclamando não ter sua presença física, vou continuar gritando de vez quando, porque sou humana e Deus sabe que faz parte... Mas você, meu irmão, está mais vivo do que nunca aqui, ó, tá vendo? Dentro da minha cabeça, dentro do meu coração e até mesmo após essa vida terrena. Amor de verdade, transcende o mundo material, amor de irmãos, amor de família, amor de sangue e amor de almas! Noventa de dois dias sem você, irmãozinho!



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