quarta-feira, 5 de abril de 2017

Com você, sempre vivo no meu coração! Para Waltinho Sieczko.

Esta noite foi difícil dormir, meu irmão... Pensei que fosse ficar a madrugada toda pensando na batalha que você travou contra o câncer. Muitas vezes, me falta o ar... penso que vou parar de respirar e que vou deixar esta finitude complexa e indecifrável. Mas com certeza, mesmo sem entender, acredito que tudo nesta vida tenha um porquê. A vida para todos nós, é difícil... vamos por caminhos tão desconhecidos; pelo menos enquanto estamos acordados no "Palco Vida". Talvez ao dormir, esvanece-se o véu do esquecimento e aí então, tenhamos um pouco mais de discernimento... a visão vai clareando... Parece um teorema... trabalho difícil a ser decifrado. A vida às vezes me parece um tabuleiro de jogos, mas sem que saibamos as regras do jogo... ficamos à mercê de dogmas, interrogações sem sentido, diversas denominações religiosas, tentamos decodificar a fé... E misturamos tudo, tentando em vão chegar a uma conclusão, que nunca vem. Pode ser que o mistério seja tão simples, que nos passe despercebido! Como dizia o grande filósofo "ipse se nihil scire id unum sciat"  ou seja: "Só sei que nada sei". A única coisa concreta mesmo que sinto, é a falta que você me faz. É a falta de conversar com você, ouvir sua voz e rir das suas piadas... Waltinho, que saudade de ouvir pela enésima vez as suas histórias de PQD. Ou então você zoando "Judite" ou então o nosso irmão Victor. Suas gargalhadas ecoam nas minhas memórias... e essas lembranças me são tão acolhedoras. Como um menino de risada fácil, foi embora assim? Eu sempre achei seu olhar triste. Não triste, triste, mas um pouco triste... mas um triste bonito, tipo o olhar triste do galã Nicolas Cage, ou o olhar triste que faz o Gato de Botas quando faz alguma traquinagem e resolve se redimir, sabe? Será que seus olhos já sabiam de toda a prova que iam passar? Teve um momento no hospital que eu estava te olhando, meu irmão... e acho que você naquele momento estava se segurando para não chorar... vi que você estava com os olhos próximos a transbordar... olhava vagamente as imagens da TV sem som, mas você não estava ali... estava ausente... em algum outro lugar qualquer. Semblante triste, solitário, pensativo... um leve tremor nos lábios, como se fizesse forças para engolir o choro. Ali eu senti solidão. Naquele momento eu senti que você estava num lugar tão longe... me deu medo, senti aquela vontade de vomitar. Me deu desespero ao assistir aquele momento. Em nenhuma circunstância da vida, eu poderia imaginar aquela cena. E quando relembro, fica impossível não revivê-la. Está tão viva, tão latente, que sinto quase a mesma dor que senti naquele momento. Eu queria trocar de lugar com você, meu irmão. Trocaria na hora, sem pestanejar. Daria minha vida pela sua, como uma mãe dá a vida por um filho. Doeu em mim, como dói hoje, assim como vai doer eternamente. Eu fui até sua cama, perguntei se você queria conversar, falar alguma coisa, desabafar. Você apenas me olhou... e eu apenas beijei você na testa, puxei a cadeira e fiquei segurando sua mão. Também engoli o choro. Se PQD não chora, irmã de PQD também não pode chorar... não na frente do guerreiro, não na frente do audaz... Mas hoje, eu verto lágrimas diárias... não importa a hora, não importa o lugar. Quando eu lembro desse momento, não aguento. Fico pensando, Walter Sieczko dos Santos... o que passava em sua cabecinha naqueles instantes? Fostes um homem de fé. E eu vi o quanto a minha própria fé é vacilante. Eu, Andreia, pensei que fosse forte, eu pensei que fosse indestrutível, eu pensei que eu fosse capaz de passar por qualquer crise, prova, conflito, contenda, tensão... eu só pensei... porque eu esperava qualquer coisa da vida, mas nunca imaginei ver um irmão num cenário desse. Caí no chão... caí no choro, caí na agonia de ver tanto sofrimento... e você, em silêncio. Calado. Você, meu irmão, combateu o bom combate e não perdeu a sua fé. Você suportou toda essa expiação. Purgou durante todo o tempo, sereno. Raríssimos momentos de contida explosão. Alguma vez reivindicou respostas... mas sempre esteve atento na fé para para conhecer o porquê desta realidade. Meu irmão tão amado, retomei minha fé, porque é algo que busco tão dentro de mim, e de alguma forma, enxergo você. Eu acredito que Deus tem um propósito na vida de cada um de nós. É claro que essa força, essa luz existe... é claro que a vida não se extingue... nossa energia é infinita, somos todos partículas de uma força maior do que podemos entender. Só não sei porque dói tanto se eu creio em tudo isso. Sou uma roda gigante... Muitas vezes, beiro à loucura... É tanto sentimento... Ai, meu irmão... como está doendo. Preciso ter paciência para aceitar as coisas que eu não consigo entender, porque ainda não cheguei aonde você está agora. Eu só sei que dói... dói muito e nem gritando eu coloco pra fora essa dor que aperta meu peito. Eu rezo e converso com você! Peço a Deus, peço ao meu Anjo da Guarda que leve meu amor até você, para que você se sinta nutrido de carinho, amor e apenas boas energias! Meu irmãozinho... esteja bem, por favor! Paz e Luz. Eu te amo mesmo não sabendo onde você está... porque eu creio que laços de amor, elos familiares são mais fortes que o próprio limiar que nos separa. Com você, sempre vivo no meu coração, e sempre sorrindo em minha mente!

Sua irmã, Andréia Sieczko.






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