Hoje faz 7 anos que nosso pai partiu. Nunca imaginei que quando essa data chegasse, o meu irmão amado não tivesse aqui nesse plano. A vida é tão inusitada... Toda existência, tão singular. A morte prematura do nosso pai, aos 59 anos, perdeu de forma insólita a importância que tinha, depois que eu perdi você, meu irmão, aos 42 anos. Não há comparação a dor de perder meu irmão tão amado, com nosso pai. Sei lá... será que o tempo já amenizou as feridas deixadas pelo nosso pai? Seriam as ausências e tantas provas de desamor por parte dele? Será que perder um pai é mais esperado que perder um irmão mais jovem? A vida é rara, eu sei... já basta um primeiro respiro de vida, pra nossa existência já estar com os dias contados... eu, você, ou qualquer pessoa no mundo, pode morrer agora, hoje, a qualquer momento. Aliás, a única certeza que temos nessa vida, é que todos nós não sairemos dela vivos! Esse fato por si só, já deveria estar certo em nossa maneira de viver e encarar a vida. Mas não é isso que acontece! A gente sabe que nossa hora vai chegar, sabemos que todos nós vamos um dia, morrer, e mesmo assim é tão estranho, tão difícil aceitar, acreditar que realmente isso aconteça - um dia! Sempre imaginamos que a morte nunca nos encontrará, pensamos que nunca vamos morrer, e aí um dia a gente morre. Então, pra quem vai embora, eu creio que comece uma nova vida, em outro plano, em outro lugar... o mistério da vida então é descortinado... Mas e pra quem fica? Quem vai embora, tem a mesma saudade de quem fica? Como é conviver com essa falta? E como quem vai, convive com a ausência de quem aqui ficou? Muitas perguntas, muitas indagações, muitos por quês... Eu não tenho essas respostas... nem mesmo anos e anos de estudo e terapia seriam capazes de refutar essas indagações. Poderia escrever mil linhas a cada dia, que ainda assim, me seria impossível replicar tamanha informação. Acho que para um ateu, essa questão deva ser mais simples de conviver no dia-a-dia, embora eu adoraria ver a cara de surpresa de um ateu quando finalmente chegasse ao outro lado!:) Eu creio em Deus, eu creio em vida após essa vida e aceito que cada pessoa tem o direito de acreditar no que lhe faz bem. Mas meu irmão, me diz uma coisa? Se você está do outro lado da vida, você já teve a oportunidade de encontrar nosso pai? Você e ele poderiam me dar uma diquinha do porque tivemos um genitor aquém do que filhos mereciam ter como pai? Nós amamos nosso pai... filhos amam o pai. Mesmo um pai ausente, mesmo um pai que nunca pagou pensão alimentícia. Nós temos o sangue e o espírito, nós temos a vida, a morte e o mais importante de tudo, nós temos o amor. Se crescemos juntos, unidos, foi porque nossa mãe não
nos abandonou. Sim, nossa mãe trabalhou, e nos alimentou. Contra fatos,
não há argumentos... Nós começamos a trabalhar muito cedo, porque
precisávamos sobreviver... correr atrás das nossas vidas, Graças a Deus.
Somos sobreviventes, meu irmão... e ainda agora estou duramente
aprendendo a sobreviver sem tua presença, Waltinho, sem tua fala, sem você em
minha vida. Jamais imaginaria perder você... No meu raso entendimento,
não consigo conceber o seu fenecer, não seria possível imaginar que meu
bebê, meu irmão forte e PQD, meu irmãozinho caçula fosse embora antes de mim, antes de nossa
mãe. Quando nosso pai morreu, eu te liguei pra informar o falecimento
dele. Fui te pegar no aeroporto, fizemos os protocolos fúnebres que toda
família tem de direito (o direito que eu não tive em relação à você,
meu irmão) estivemos juntos, unidos, 3 irmãos: você, eu e Victor. Rezamos juntos. Passamos
por momentos difíceis logo após o funeral do nosso pai. Lamentei e
lamento até hoje o descaso que ele sentiu por nós. A mágoa que você
sentiu, dói ainda em mim. Porque se machucou você, se machuca o Victor,
machuca a mim também. Tanta malandragem pra nada, né Cancão? Sempre
ouvi a máxima que o mal do malandro é achar que todo mundo é otário...
pois é, o malandro se ferrou... Que pena. Nós todos nascemos com todas
as oportunidades para sermos um exemplar autêntico... e agora, a
oportunidade está cada dia mais se findando. Ainda assim, mesmo com todo
meu pesar, eu rezo, peço a Deus que nos oriente e nos ajude a todos.
Cada um segundo suas obras... porque eu sei que só Deus, conhece o
coração de cada um de nós. Eu vou continuar fazendo a minha parte,
Cancão. Não quero errar tanto quanto você errou. Vou cuidar do Victor
aqui... ainda preciso dar muito do meu amor para quem ainda está neste
plano. Peço todos os dias as bençãos de Deus. Peço que Deus, Nosso
Senhor, me dê a cada manhã, um pedacinho de resiliência que preciso pra
tentar ser um pouco melhor do que fui ontem. Que o Espírito Santo me
acalme e me dê sabedoria pra continuar seguindo em frente, que eu
aprenda todos os dias sobre o Amor de Maria. Que eu consiga cada vez
mais, me conectar com quem eu amo e está aí do outro lado, sem esquecer
que ainda tenho alguma missão aqui pra cumprir, que eu possa ajudar a
quem precisa. Que eu não deixe que a tristeza seja maior que a minha fé,
porque é a minha fé que vai me manter no caminho. Eu não sei o que fizemos em
outras vidas... Isso eu não posso explicar, nem entender, mas eu posso mudar hoje o que serei amanhã. Eu sei que hoje eu posso fazer algo que amanhã seja proveitoso a mim mesma e a quem estiver ao meu lado. A vida segue...
...mas faltam pedaços de mim.
...mas faltam pedaços de mim.
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