Esta foto é uma lembrança de mim, Andreia, segurando o Bebê Henrique, meu priminho e afilhado. Quando eu vejo essa foto, reflito na imensidão da mensagem que ela pode me passar. Eu mudei nos últimos anos, e principalmente nesses 2 últimos anos. A madurez chegou, tanta coisa em minha vida mudou... como meus pensamentos mudaram a respeito de tudo que eu "achava" saber. Waltinho descobriu o câncer, semanas depois do Henrique nascer. Meu amor em amar meu irmão multiplicou de forma colossal, agigantou-se também meu amor pela minha família, o amor que sinto hoje é imensurável, apesar de triste. Resolvi deixar meus cabelos na cor natural, porque eram a mesma cor dos cabelos do meu irmão, e eu posso senti-lo em meus cabelos. Meus sinais, marcas, pintas pelo corpo, que antes me incomodavam e estavam com data marcada para serem aniquiladas pela dermatologista, hoje são meus prêmios, meus tesouros quando eu percebi que o meu irmãozinho Waltinho também tinha todas as pintas, marcas e sinais em seu próprio corpo, nos mesmos lugares que eu. Tudo igualzinho! Hoje, quando sinto muuuuuita saudade, daquelas de me afogar, eu me abraço num "auto abraço", fico observando a cor natural dos meus cabelos que eram da mesma cor dos seus; passo a mão em minhas marcas, minhas pintas, que nossa mãe e nosso pai deixou tatuado em nós... somos filhos da mesma fôrma de bolo. Passo a mão em minhas costas, na altura do pescoço e lembro que no hospital eu te acarinhava, meu irmão. E percebi que você tinha todas as pintinhas, todos os sinais, todas as marcas que eu também trago comigo. Graças a Deus eu tive muitos momentos de carinho e reflexão, entendimento, afeto. Jamais vou retirar as marcas que me assemelham à você. Seria novamente te perder... Minhas marcas, suas marcas. Meu sangue, seu sangue, minha família, sua família, nós, irmãos... Então eu me lembro que te perdi, que você não está mais aqui e a dor volta. Aí eu reflito nesta foto minha com Henrique no colo. Nosso mais novo membro da família Sieczko. A continuidade do avô Wlozmiers, da avó Maria... neto da Lamia, filho da Priscila, sobrinho do Felipe, sobrinho neto de tantos tios carinhosos, e meu afilhadinho. Veja quanto amor há nesta foto tão singela. Veja a simplicidade do carinho, tão grande e verdadeiro... Meus olhos fechados, agradecendo a Deus por esta vida e sentindo o cheirinho de bebê que é tão especial e maravilhoso. Sinta o aconchego desse colo, dessa proteção que vem de dentro da alma. Sempre e para sempre eu vou cuidar e proteger essa pessoinha. E perceba, a calma e a confiança deste pequenino ser que acabara de chegar a este mundo... Ele ressona tranquilamente, porque sabe que não vou deixá-lo cair... Henrique recebe o amor que vem de dentro, sabe que de alguma forma, eu hei de protegê-lo. Ele deita sua cabecinha em meu peito e eu o aconchego com todo meu amor e todo o meu cuidado. Então, meu irmão, talvez você esteja se perguntando porque estou contando essa história... Talvez porque eu creio que em algum lugar de um outro mundo, você chegou assim, pequenininho... e eu realizo que você está acarinhado por alguém daí... da mesma forma e com o mesmo amor que o Henrique foi recebido aqui... Eu penso que você foi para um outro lado da vida que não conhecemos, e que nossa família espiritual te recebeu com o mesmo amor que recebemos a vinda do Bebê Henrique. É assim que eu tento amenizar essa dor latente, que insiste em nunca mais parar de doer. Às vezes, também penso que nossa família espiritual teve que se despedir do Bebê Henrique quando ele nasceu. Talvez, desse lado daí, as pessoas sejam mais conscientes, talvez essa transição seja sentida de uma forma mais natural, menos brutal... sei lá... às vezes me perco em tanto pensar... aí começo a pensar tudo outra vez, mas outra vez me perco em saudade. E nessas horas, eu chego ao limiar do desespero, prelúdio de uma loucura que tento controlar, mas que se amplifica e a dor me consome num torpor que não consigo explicar... Dói... só sei que dói e dói muito. Fere, transpassa a alma, não há mais como ser a pessoa que sempre fui, não dá mais como ser nada, porque é difícil entender toda essa logística chamada vida, chamada destino. Você adoeceu, expiou e sabe-se lá o que fizeram à você, meu irmão. Lidar com a perda já é difícil, mas lidar da forma como tudo foi orquestrado, é demais pra mim e pra nossa família. Eu espero que Deus nos dê força para encontrar a justiça que você tem direito, meu Guerreiro. Sua mãe é incansável... Nunca vi tanta força na caminhada dela. Eu só quero me aninhar nesta foto, e imaginar que você está seguro, livre das maldades humanas, que esteja amparado, acarinhado, amado, cuidado e que tenha sido recebido com todo o amor que você merece. Que não se sinta humilhado, mas que se sinta livre e amado por nossa família espiritual, e que também receba todo o amor da sua irmã e sua mãe, suas tias e tios, seus amigos. Esteja bem, por favor! Nós não vamos desistir de você, Waltinho!
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