Assim éramos nós, irmãos que sempre foram amigos, mesmo quando brigavam na infância por causa dos canais de televisão... Waltinho queria ver desenho ou Spectreman e eu queria ver filmes na Sessão da Tarde ou novela. Nós brigávamos como todos os irmãos que conheço, mas não dava nem 10 minutos, e já havíamos esquecido a briga e já estávamos um amontoado em cima do outro vendo TV e comendo biscoito. Waltinho foi meu caçula durante 12 anos, depois nasceu nosso irmão Victor. Sou 14 anos mais velha que o Victor, e quase 3 anos mais velha que o Waltinho, que a partir daí, ficou sendo o irmão do meio, mas nunca deixei de vê-lo como meu caçula, porque fomos criados juntos e Victor foi criado com a mãe, que não é a mesma mãe que a minha e do Waltinho e a diferença de idade também não possibilitou dividirmos as mesmas aventuras de criança. Mas isso em hipótese nenhuma desmerece o amor que eu sinto pelo Victor. Eu amo meus irmãos infinitamente e para mim são o maior tesouro que eu tenho na minha vida. Mesmo com a morte do Waltinho, eu continuo amando ele da mesma forma e com a mesma intensidade. Parece até que ele está mais vivo ainda dentro do meu coração. Minha mãe, ama o Victor, e o Victor, ama minha mãe. É uma coisa que não tem explicação, eles se amam e estamos sempre juntos.
A infância é a base da vida de qualquer pessoa. Antes de se tornar um adulto, toda pessoa foi bebê, foi criança, foi adolescente, foi jovem... e essa fase é de total importância para que os laços familiares se tornem fortes e se enraízem como base da vida adulta, vida madura e terceira idade. Eu e Waltinho sempre fomos amigos, eu sempre a irmã mais velha, aquela que batia nos "inimigos" na escolinha do Waltinho... amiguinhos que não queriam devolver o playmobil ou o boneco Falcon, eu ia lá e pegava na "marra" o brinquedo do meu irmãozinho. Sempre foi assim, e pra sempre será dessa maneira, até o dia da minha morte eu vou lutar pelos meus irmãos... e se bobear, até depois da morte, continuaremos ligados pelos laços de afinidade e amor. Eu sempre serei a irmã mais velha, a irmã que protegia e que também baixava a porrada quando Waltinho não queria tomar banho ou escovar os dentes. Eu cuidava de mim e do meu irmão Waltinho depois que nossos pais se separaram e minha mãe teve que ir à luta pra colocar arroz e feijão na nossa mesa. Eu tinha 9 anos e Waltinho 6 anos. Meu pai nunca pagou pensão alimentícia para nenhum dos filhos, mas sempre sustentou filhos dos outros (e deixou bens para outras pessoas, que não somos nós). Minha mãe correu atrás da justiça e meu pai foi preso por falta de pagamento de pensão alimentícia, acho que foram 2 vezes... Fez ela muito bem! Depois, quando fiz 15 / 16 anos, assinamos um papel dizendo que nosso pai não precisava mais pagar os 75% de um salário mínimo para os 2 filhos (eu e Waltinho). Tivemos que começar a trabalhar e assim o fizemos. Waltinho começou a trabalhar numa papelaria, e eu comecei como telefonista. Foi bom, porque começamos cedo a nossa batalha, e nossa mãe nos ensinou a ser fortes, até porque, nenhum de nós 3 (eu, mãe e Waltinho), tínhamos respaldo na vida. Somos sobreviventes de uma época difícil, mas agradeço à vida, pois a vida me fortaleceu e fez de mim quem sou hoje. Apesar dessa fase difícil, conseguimos ter lembranças boas da infância. Parece que quando somos jovens, temos uma visão diferenciada das agruras da vida; tudo é visto de maneira positiva, e meu irmão e eu fomos felizes, sim, na medida do possível e até superando as barreiras de uma vida simples, mas com uma base boa que nossa mãe nos deu. Waltinho nunca gostou de estudar, mas Dona Nina se esforçou e pagou os estudos para quem quisesse aproveitar. Infelizmente, meu irmão nunca foi chegado aos estudos, mas sempre foi um menino tranquilo e trabalhador. O único vício do Waltinho era a TV!!! Nossa, ele amava ver televisão.... podia estar o maior sol ou a maior chuva, que não tinha problemas, ele amava passar o fim de semana assistindo televisão. Nessa foto, eu deveria ter 19 ou 20 anos no máximo, morava já sozinha no Rio Comprido, e tinha sempre a companhia do meu irmão. Nós ficávamos vendo TV e comendo pipoca, bebendo refrigerante e biscoito maisena com goiabada. Foi também uma juventude feliz, tínhamos os mesmos amigos da escola, que são nossos amigos até hoje. Tínhamos os amigos do Grupo Escoteiro... Era uma época boa, Legião Urbana no topo das paradas de sucesso, meu irmão sempre comigo. Íamos à praia, Floresta da Tijuca e para a casa dos amigos jogar vídeo game. Nessa época eu tinha o Trovão Azul, um Alfa Romeo ano 74 velhão... não tinha nem fechadura, e lá íamos nós, vivendo nossa juventude com a companhia dos nossos amigos. Ter irmãos é a melhor coisa desse mundo!!!! Não troco meus irmãos por nada, porque eles pra mim, são os melhores, os perfeitos, os mais bonitos e a melhor parte de mim mesma!!!!
Tudo com muito amor. Tem gente que escreve com técnica e poucos escrevem com o coração. Você é emoção pura, pelo menos neste quesito. Quando você escreve Waltinho e irmão vem uma carga emocional muito grande. Isso demonstra a verdade em tudo o que você está dizendo. Isso demonstra essa leoa que vai lutar sempre contra a injustiça feita ao seu irmão. Seja nesta ou em outra vida. Siga Andreazinha. Tudo um dia vai fazer sentido e como você sabe tão bem, ilo importante é a jornada! Aceite um forte e carinhoso abraço.
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