quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Colherás o teu plantio


Não... não é apenas lidar com a morte, não é apenas conviver com a perda, com um buraco enorme e sem fundo, no meio do peito. Um buraco transfixado que sangra, que vai sangrar sem cessar, transbordando dor, luta, desespero, impotência... sem que nunca se encontre um paliativo para essa chaga. Não é apenas saber conviver com a ausência, é ter que sobreviver com uma parte grande que foi arrancada de ti, de maneira sórdida e cruel, por alguém que te sorri mansamente enquanto te apunhala as costas e te rasga ao meio. 

Me diz, então, como prosseguir caminhada? Como seguir adiante, viver a vida, quando abalroada por uma notícia de morte, que não teve o direito de saber, descer ao inferno tentando dar um impulso para enxergar a realidade. Deu merda! Não era pra ser assim, a ninguém foi dado o direito de decidir de quem é o merecimento, quem pode ou quem não pode ter o conhecimento de uma partida tão triste, um adeus ausente. 

Não... eu sinto muito, mas não consigo esquecer e seguir em frente. Foi uma vida toda, uma história inteira, com início e meio, mas pra sempre sem fim. Um caos instaurado em nome do egoísmo, orgulho e sentimento de posse. Somente pelo ato em si, passível de condenação ao tártaro tormentoso onde deve pagar a empáfia magistral que até agora demonstrou nesta vida... tão soberba, tão arrogante... Agora, creio que comece o seu fim, observando adjacente, o perecimento decadente, de quem sempre se percebeu inatingível  a colheita dos frutos que plantastes.



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