quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Em cada momento, são tantas memórias...

Aí então, eu paro numa cafeteria no fim da tarde, peço um café e fico olhando para as tortas diet na vitrine. Sabe o que acontece? Eu lembro mais uma vez de você, meu irmão. 

Todos os dias, toda hora, eu tenho uma lembrança sua. 

Ainda dói... mas doeria mais ainda se eu não as tivesse.

Fiquei absorta, ali olhando aquele pedaço de bolo seco, sem açúcar e lembrei do bolo que nossa mãe fazia pra você e me ensinou a fazer, para que eu fizesse novamente pra você toda vez que ia te visitar  e você comia o bolo sem açúcar, sem gordura, sem excessos, mas comia com gosto, acho que era porque tinha tanto amor naquele bolo, eu fazia com tanto carinho e tanto cuidado, eu mexia a massa rezando e pedindo que Nossa Senhora abençoasse as minhas mãos, e que meu bolo não fizesse mal à sua saúde, e que você sentisse prazer em comer um bolo fresquinho, feito com muito, muito, muuuuuito amor. Como eu sinto sua falta, Waltinho! Como dói o meu peito... dói tanto que às vezes eu nem consigo respirar. Tem dias que fico estranha, quieta, não quero saber de conversa com ninguém. É uma tristeza, meu irmão, que eu não consigo controlar. 

Quando você esteve em visita à nossa família, em novembro do ano passado, eu e sua mãe tivemos a grata oportunidade de encher você de mimo, fizemos comidinha caseira, orgânica, até galinha de quintal veio da chácara de um amigo do trabalho, fresquinha, pra te agradar... e como você comeu, Waltinho. Graças a Deus, eu tenho essas memórias para relembrar. O beijo de boa noite que eu te dava nesses dias antes de dormir, nossas preces juntos, pedindo a Deus, misericórdia. Era bom tê-lo em minha casa. Era bom eu, você, nossa mãe e Victor conversando na sala, ou à mesa, jantando, nossos amigos vindo te visitar, os vídeos gravados, as piadas, as histórias... Eu tento esquecer os momentos ruins, mas também não consigo. Mas mesmo assim, eu não jogo nada fora. Todas as lembranças são válidas e as tenho como um tesouro. Tenho dó quando me lembro que tive pena de aplicar Clexane em você, e acabei te furando 2 vezes. Me perdoa por isso. Eu titubeei e não enfiei a agulha corretamente, não tive coragem. Depois ainda tinha que aplicar insulina... ô meu irmão, que dó desse sofrimento. E você lá, quietinho, dizendo: "não tem problema, minha irmã,  eu tô acostumado,  é  isso todo dia... " Ninguém pode se acostumar com isso, Waltinho. Eu sinto muito por você ter passado por tudo que passou. Foi um martírio. Fecho meus olhos e revejo a cena. Impossível não chorar. Como eu queria te abraçar... Eu te abracei muito, mas eu ainda queria abraçar muito mais. Quantas agulhadas... quanta medicação... porque tudo isso? Eu pensei que eu fosse uma pessoa forte, mas descobri que nunca fui. Hoje, eu só peço a Deus, nosso Pai e Senhor do Universo, que você esteja livre de todo esse sofrimento, que esteja sem dor, que não viva esse sentimento de doença. Muitas vezes eu te imagino, em um jardim, dia bonito, num piquenique com nossa família espiritual, nossos amigos espirituais, comendo coisas gostosas, bolos, biscoitos, chocolates, refresco de groselha, sorvete com frutas, e depois brincando com os cachorros que tivemos na infância: Baldique, Nick, Luana, Kelly, Pepita, Vulcão e Clodine. Isso acalma meu coração. Penso em você com semblante sereno, sempre lindo e sorrindo pra mim.

Em cada momento, são tantas memórias... e eu agradeço a Deus por cada lembrança sua que tenho.

Eu te amo, meu irmão.

 Minha família, meus tesouros!!!


3 comentários:

  1. LENDO, CHORANDO E OUVINDO CARTOLA AS ROSAS NÃO FALAM. LINDAS LEMBRANÇAS ANDREIA

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  2. Só chorando! A morte em si já é o maior martírio, mas a dor que fica na alma é o maior prejuízo que um ser vivo tem, com a falta de um filho querido!

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