terça-feira, 6 de junho de 2017

Meu irmão, meu amigo - Há 2 anos atrás - Waltinho Sieczko

Há exatamente 2 anos atrás, eu e Luiz estávamos em visita ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida, agradecendo, rezando e pedindo a intercessão de nossa Mãezinha do Céu. Eu sabia que tinha muito que agradecer, porque Deus realmente fez mudanças muito significativas em minha vida, e ali, também estava agradecendo por você, Waltinho. Por nossa irmandade, nossos laços de sangue, por nossas vidas, pelo amor que sempre nos uniu e que é infindável. Participei das missas, andei naquele solo sagrado e orei muito a Deus.
Depois  visitamos a Sagrada Face, e ainda tinha ido visitar em Guaratinguetá o Santuário de Frei Galvão. Aquele dia, foi um dia muito bom. Ganhei as pílulas de Frei Galvão, fizemos todas as visitas... e no final do dia, Luiz e eu voltamos à pousada, para descansar e no dia seguinte ainda passar na Canção Nova antes de retornar ao Rio. Pois bem, meu irmão... nesse dia 06 de junho de 2015, você teve sua segunda crise de pancreatite (a primeira havia sido em agosto de 2014). Ao saber da notícia pelo celular, voltei imediatamente para o Rio - pegamos o carro e saímos tarde da noite... eu estava agoniada para chegar em casa e comprar uma passagem para Recife. E assim o fiz, meu irmão. Saí do aeroporto e fui para o hospital, onde você ficou internado, em jejum de água e alimento por dias. Depois, quando chegou um caldinho ralo de abóbora, puxa, parecia uma festa! Você estava com fome, meu irmão. Tomou aquela sopinha como se tivesse comendo uma feijoada! Ah, meu irmão... que tristeza eu sinto quando relembro de toda tua trajetória, essa luta foi árdua, Waltinho. Só quem já passou por uma dor dessas, sabe quantificar o estrago que essa doença faz com o enfermo... é um sentimento de impotência que definha a todos os envolvidos. Mas eu tinha tanta esperança que aconteceria um milagre em sua vida, irmãozinho. As coisas foram acontecendo, às vezes eu me sentia tão segura, as "coincidências" que iam ocorrendo, me fazia acreditar que você iria superar o câncer, e que seria uma história de sucesso para ser dividida com todas as pessoas do mundo. Mesmo diante do quadro de metástase, eu jamais imaginei que fosse perder o meu irmãozinho, meu primeiro amigo, meu bebê, meu manequinho, o meu tesouro mais precioso, a melhor herança que uma irmã pode receber e a melhor parte de mim, que é e sempre será você e o nosso caçula Victor. A perda da sua presença física foi o pior acontecimento da minha vida, Waltinho. Embora eu acredite em vida pós morte, ainda que eu saiba que você continua vivo em espírito e vivinho da silva em meu coração, a falta de conversar com você me dói a cada dia. Não ter tido a consideração de um adeus formal, dói muito mais ainda. Mas eu sei que isso jamais foi de sua vontade, meu irmão, e com certeza, existe um Deus poderoso que há de julgar a todos nós. A justiça dos homens, é falha, mas Deus, tem um olho que tudo vê, que se conecta dentro do coração de cada um de seus filhos, e cabe a Ele, somente a Ele, julgar nossos atos. Minha confiança em Deus é tremenda, meu irmão! Buscai a Deus, e todas as demais coisas vos serão dadas por acréscimo... essa é uma das promessas feitas por Jesus. Eu creio em Deus, e sei que você está bem cuidado, livre da crueldade do câncer que você teve em sua vida. Você está nos braços de Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todos nós. Você está entre nossa família espiritual, recuperando seu corpo e seu espírito... Mas eu não consigo esquecer uma de nossas conversas, que eu já escrevi aqui no Blog:

- "Andréia, em agosto de 2014, eu tive a primeira pancreatite, em junho de 2015 eu tive a segunda pancreatite, agora em maio de 2016 eu descubro o câncer... aonde eu estarei em maio de 2017?"

Fico meditando sobre essa conversa, Walter Sieczko dos Santos, eu sei que você está bem, mas mesmo assim eu gostaria de ter a certeza que Jesus deu a Tomé, sabe? Quando mostrou as chagas para provar que havia ressuscitado... sei que é muuuuita pretensão minha, mas eu queria ter a certeza absoluta que você está numa boa, comendo uma comidinha gostosa e temperada, sabe? Porque a doença que você teve maltratou muito o prazer da alimentação. Comer é bom, e nós sempre gostamos, né? Banana, chocolate, bolo de limão, joelho de queijo e presunto, mineirinho... todas as coisinhas gostosas que toda criança e adolescente adoooora comer! Graças a Deus, meu irmão, eu tive o prazer e a honra de cozinhar para você. Fiz o meu melhor para dar pra você sabor nos alimentos que eu te preparava. Ficava buscando na internet receitas sem gordura e sem açucar, e cozinhava rezando e colocando todo meu carinho na comida que você podia comer sem que te fizesse mal. Graças a Deus, eu pude fazer isso e continuaria fazendo sempre, com o mesmo amor e cuidado. Diz, pra mim, Waltinho, onde você está, tem praia? Imagino você numa praia de areia bem branquinha, pegando sol e seu cabelo com reflexos dourados, brincando com cachorros e crianças. Correndo de um lado para o outro. Ou então eu te imagino igual aquele dia que eu, você, Victor e nosso sobrinho Gabriel fomos às Paineiras, no Corcovado e você e Victor tomaram banho de cachoeira... a água estava fria, eu fiz um vídeo de vocês que está no youtube. Eu tenho muitas lembranças e agradeço muito por isso. Sempre fomos colados um no outro, mesmo longe, você me ligava quase todos os dias. Isso não tem preço, meu irmão... e é o que me machuca, não poder mais conversar com você. Às vezes, nem tinha papo ainda pra falar, porque não existiam novidades que não soubéssemos... Era mais ou menos assim: "e aí beleza? - beleza. Tá foda aí? - Tá, tá foda aqui também" "então tá bom, tchau quenga" - "tchau viado". Isso sim era de praxe... mas era todo dia, ou quase todo o dia, um oi, tou aqui. Eu estou aqui, meu irmão, eu sempre estive aqui pra você e sempre estarei. EU sei que VOCÊ SABE que eu sempre estarei aqui, ó! Sempre estarei disposta a fazer tudo que eu puder fazer pra te ajudar, pra te amparar, porque eu sou tua irmã. E continuo sendo, você estando aqui ou estando aí... não importa! Eu continuo sendo tua irmã, tua irmã mais velha, que sempre esteve ao seu lado, que sempre cuidou de você até quando você não queria escovar os dentes e tomar banho, e eu te puxava pelos cabelos quando você era pequeno e tinha um chulé que impesteava a casa. Você é e sempre será o meu irmãozinho, meu herói, que sempre adorou ver televisão. Que nunca se meteu em coisa errada, que era um menino caseiro, nunca foi safado, nunca foi de rua, nem de bebedeiras. Você para mim, não tem defeito, irmão. O seu único defeito, foi ter ido embora desse mundo tão precocemente... Mas acho que Jesus te levou porque queria ter um irmão maneiro assim como você. Eu estou aqui. Mas se precisar de mim, é só chamar!

                         Walter Sieczko dos Santos  &  Andreia Sieczko dos Santos

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