domingo, 9 de julho de 2017

Cozinhando com muito amor para meu irmãozinho! Walter Sieczko

Amor, muito amor envolvendo essa arte maravilhosa de cozinhar pra quem se ama! Eu ficava já imaginando as coisinhas que eu ia preparar pra você, Waltinho! Tudo com muito carinho e cuidado pra que não te fizesse mal. Pesquisava receitas, lia sobre o CA, buscava maneiras de conseguir sabor e nutrientes que fizessem você ficar mais forte. Se eu pudesse mais, mais eu o faria! Morar a 2.300 Km de distância tem certos impedimentos... Mas mesmo assim, eu consegui fazer o meu melhor.
Essa receita de molho de tomate, peguei com Tia Armida, que deve ter recebido a receita das mãos da Dona Rosa Guzzo, mãe do tio Guzzo. Eu sei que crescemos vendo tia Armida preparar esse molho de tomate, a casa ficava cheirando o dia todo, cozinhando no fogo baixinho, lembra??? Toda quinta-feira e domingo tinha a macarronada da tia Armida. E você a-do-ra-va!!!! Alíás, adorávamos!!!!! Uma boa lembrança gastronômica... às vezes a gente cortava o biquinho da bisnaga, tirava o miolo com os dedos, e enchia o bico do pão com molho de tomate da tia Armida, hummmmmmmm! Como era bom, né, Waltinho?
Muitas das minhas memórias, são ligadas à culinária. Boas lembranças e também as lembranças não tão legais assim. Lembro de quando eu tinha 9 anos, você tinha 6 pra 7 anos, e eu precisava cuidar de você para nossa mãe ir trabalhar e estudar. Lembro da nossa mãe com lágrimas nos olhos, me ensinando a escolher o feijão, deixar de molho bastante tempo na água, porque eu era pequena demais para mexer em panela de pressão. Lembro da mesa de fórmica branca, com aquela marca de queimadura de ferro de passar roupa, que tinha na casa de Vigário Geral, ali, 1/2 do saco de feijão esparramado... Nossa mãe deve ter sofrido bastante naquela época com 2 filhos pequenos e sem nenhuma estrutura. Trabalhava de dia e estudava no OBERG à noite. Eram tempos difíceis, mas eu daria tudo para revivê-los novamente, meu irmão. Eu precisava cozinhar para que ela levasse a marmita dela... o arroz saía duro e salgado... eu lembro disso com carinho até hoje. Essa fase não me traz tristeza. Acho que quem mais sofreu foi nossa mãe... Nós não tínhamos consciência da vida dura que levávamos. Tudo era brincadeira... Nessa época que criamos a nossa brincadeira preferida: "Brincar de Bicho". Essas lembranças merecem uma outra postagem especial... e por se tratar de uma brincadeira na hora do número 2, não vou misturar aqui agora... A elaboração de uma comida é o início da "obra"! Brincar de Bicho faz parte do "final da obra".
Eu sei que eu cozinhei muito pra você... para nós. Aprendi com nossa mãe e também com tia Armida. O resto eu aprendi buscando, porque sempre gostei de comer e cozinhar. Essa arte vem de dentro. Cozinhar pra mim é um ato de amor. Adoro quando as pessoas comem a minha "mimida" e não sobra nada nas panelas. Não tenho preguiça de cozinhar... nunca tive! Podem chegar a hora que for à minha casa, que eu vou com gosto para a cozinha. Depois que o câncer surgiu em nossas vidas, algo mudou na minha relação com a cozinha. Tem 1 ano que não uso mais óleo de cozinha, nem temperos prontos, nem sal comum, me desfiz dos enlatados da dispensa, extrato de tomate e molho de tomate prontos, nunca mais... arroz branco, muito de vez em quando, pois os grãos integrais hoje desfilam frente aos meus olhos. Não foram mudanças muito significativas, mas foram concretas, coisas que simplesmente não pulam mais no carrinho do supermercado. Eu sei que o mais importante nisso tudo, são as lembranças que eu guardo, fazendo minha arte para sua alimentação e o prazer de comer, que a doença te tirou. Tenho um áudio seu, dizendo que não via a hora de eu chegar pra cozinhar pra você. Meu irmão, tenho isso como uma grande prova de amor! E me faz muito bem saber que eu fiz uma comidinha gostosa pra você, com muito amor e carinho. Um cuidado super especial. Isso me acolhe, me faz bem. Lembrança boa. Eu gostaria de cozinhar pra sempre pra você, como quando éramos crianças. Ahhh, como eu agradeço a Deus por todas essas oportunidades que eu tive de cozinhar pra você.
Hoje, o alimento que te ofereço, é na hora da Santa Eucaristia. Sempre compartilho contigo o corpo e o sangue de Cristo. Nessa hora, eu sei que o Jeffrey te leva o pão e o vinho que Jesus deu aos seus discípulos, para a salvação de todos nós. Eu te amo, meu irmão. Para todo o sempre eu vou te amar. Não há 1 só dia, que eu passe sem me lembrar de você.
Você adorou essa saladinha de bacalhau com grão de bico... ficou muito gostosa mesmo, porque o ingrediente principal que eu utilizei foi meu amor e meu carinho!
Walter Sieczko dos Santos, meu irmão querido!

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