terça-feira, 4 de julho de 2017

Sempre juntos! Irmãos que assistem e amam TV - Waltinho e Andreia

Uma das coisas preferidas na vida do Waltinho, era assistir TV. Desde pequenininho, ele ficava vidrado na telinha, fosse uma TV em preto e branco, colorida, de válvula, transistorizada... com controle ou sem controle, tela pequena ou grande. Ele amava ver TV. Sempre foi assim. Ter uma TV em casa era diversão garantida para meu irmãozinho. Quando crianças, assistíamos todos os dias a Sessão da Tarde, Sítio do Pica Pau Amarelo, Waltinho adorava desenhar com o Daniel Azulay, ver Spectreman, Ultraman, desenhos do Batman, TV Globinho, Barbapapa, Os Batutinhas, Perdidos do Espaço, Chips, Você Decide, Terra Perdida, Balão Mágico, Caso Verdade, Viagem ao fundo do mar, Terra de Gigantes... Lembro que Waltinho e eu ficávamos deitados no jardim, procurando homenzinhos diminutos...  nós tínhamos a esperança de encontrar mini seres vivendo no jardim da nossa casa. Fazíamos buracos na terra, cavando com as mãozinhas, querendo chegar no núcleo da terra. Criança tem cada idéia... é tão bom ser criança e sonhar com essas fantasias. Nosso quintal anexo à casa e 2 bicicletas, a minha Monark e a dele, Caloi. Participamos de grandes aventuras em nosso gigantesco mundo de 2 terrenos. Tinha montanhas de areia e pedra de alguma obra em casa, mas que eram grandes obstáculos a serem conquistados. Sempre eu e ele. Waltinho e eu durante muitos anos dividimos o mesmo quarto. Nossa mãe pintou na parede da cama dele a Sininho e também tinha o  desenho do príncipe da Cinderela. Minha mãe sempre teve a arte do desenho a seu favor. Quanta saudade, como é bom ter essas lembranças todas para reviver. Agradeço, Senhor, por todas as memórias de aventuras. As tardes de TV comendo bolinho de chuva, rosquinha Mabel... Puxa, como foi bom ter dividido todos esses momentos com o meu primeiro amigo, meu irmãozinho. Meu bebê, meu Waltinho. Ele sempre foi magrinho, joelhudo, cheio de osso, e de vez em quando ficava encostado em mim, com o ossinho do cotovelo na minha perna ou nas minhas costas. A gente dividia o sofá, ria e gargalhava com os desenhos e filmes na Televisão Telefunken. Quando estava calor, o sofá derretia e cada um ficava numa ponta do sofá. Ou às vezes cada um ficava numa ponta porque com certeza, ele ficava me estressando, ou eu a ele. Tinha dia que ele tirava pra me irritar e ficava me imitando o dia todo, repetindo tudo o que eu falava... eu claro, irmã mais velha, sentava o cascudo nele... mas ele me irritava ainda mais, porque dava de ombros e dizia: nem doeu.... kkkkkkkkkkkkkkk menino chato! Era sempre assim um perturbando o outro... 
Outras vezes, eu que estava a fim de sacaneá-lo um pouquinho e ficava andando na frente da televisão, pra atrapalhar a visão dele. Aí era porrada de almofadas... kkkkkkkk era um pulando por cima do outro, e nessas horas por alguns momentos, a TV ficava em segundo plano. Enfim, assistir televisão com meu irmão sempre foi um programa que dividíamos com muita alegria e parceria. Na hora dos comerciais, era o momento de encher o copo de suco, buscar mais biscoito, ou então, implicar mais um pouquinho um com o outro, porque só quem tem irmão, sabe como é gostosa essa implicância lúdica. Faz parte das melhores lembranças da infância. Assim que recomeçava o filme ou desenho, a gente ficava quietinho de novo, torcendo e vibrando com a programação. Depois da infância, quando já estávamos na pré adolescência, continuamos a ver os mesmos programas e a gostar dos mesmos filmes. Nosso gênero preferido eram os filmes de guerra, filmes de ação. Nós ficávamos pulando no chão e no sofá, igual 2 doidos. Quando o filme era um drama, com alguma coisa triste ou que nos emocionasse, a gente chorava, mas fingia que não estava chorando... senão, um ia começar a sacanear o  outro, outra vez. E assim foram os anos, os melhores anos de todo ser humano. Não tem fase melhor na vida de um ser vivente, que os primeiros anos da vida. Ainda que a vida não tenha sido um conto de fadas (porque ninguém vive em contos de fadas, ninguém, nobody, no one...), os primeiros anos, as descobertas, a infância, a parceria que se inicia no seio familiar, é a melhor coisa do mundo... Todas as outras fases são boas, mas a primeira fase da vida tem o sabor das descobertas, sobre o que é viver a vida. Nascer, crescer, viver. Ali está o início de tudo. E é isso tudo que hoje me mantém tão próxima de você, meu irmãozinho. Nossas histórias, nossas brincadeiras, nossa parceria ímpar. Meu irmão é a melhor herança que eu poderia ter recebido. Um tesouro precioso, que não aceito troca. É meu, porque Deus assim determinou. Meu irmão, meu sangue, meu amigo, meu fechamento. Nada do que foi vivido, será esquecido, Walter Sieczko dos Santos. Você é  a melhor parte de mim, e continua sendo. Que saudades de você, quando revejo um filme que vimos juntos, ou que você me indicou - como sempre fazíamos - ou então um filme novo que agora eu assisto e que não posso mais ligar pra você e dizer: caraca, o filme é show, assista e depois me diga... Ou você me mandando a tela do netflix pelo celular, porque eu simplesmente não acho o filme que você indicou. Meu Deus, essa saudade vai existir para sempre, porque eu sempre tive você, Waltinho, e agora você não está aqui. Eu não sei como serão as minhas histórias sem você. Eu vou tentar, meu irmão... mas será impossível não colocar sua presença em tudo que eu continuar fazendo. Eu sinto muita falta sua. Sinto saudades, muitas saudades. Mas não quero que você se transforme em um filme que já assisti há muitos anos atrás. Você é personagem principal na minha história. E ainda que nossa vida tenha se tornado uma nojenta novela mexicana, esse capítulo não fomos nós que escrevemos... nem eu, muito menos você, irmão. Eu sei que esses últimos capítulos não tiveram seu aval. Você jamais teria feito isso comigo. Esse final foi totalmente fora do nosso script. Mas o nosso amor, nosso laço, nossa fraternidade está acima de qualquer roteirista ignóbil.

Andreia Sieczko




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